sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sobre o post anterior

O que pareceu foi que sou uma anti-natal, revoltada, que odeia o natal e presentes.
Bem, se foi isso, retifico totalmente o que disse.

Não odeio o natal. Nem a ceia. Nem os presentes. Nem a decoração.

Para falar a verdade, gosto muito, desde pequena.

O que não gosto é dessa hipocrisia enlatada, embalada, vendida em varejo com desconto para o atacado.

Acho legal esse entrosamento entre a família, entre os queridos. Até a troca de presentes. Mas viver dezembro em função disso, ficar frustrado com valores de presentes, cumprimentar e depois falar mal da roupa, ficar endividado para agradar... isso eu não apoio.

Eu acho que natal é mais que isso, não tão somente isso.

A gente não precisa da metade das coisas que acha que precisa. Mas quer muito. É esse o ponto.

O quanto é necessário para um sorriso verdadeiro no natal?

Há pessoas que moram em cômodos de pouco mais de 5 metros quadrados, que decoram garrafas plásticas (de Dolly guaraná, porque é verde ^^) chamando de árvore de natal, que conseguem meio quilo de lingüiça para a ceia e ainda assim, estão sorrindo.

Sem querer dar uma de chata ou qualquer lição de moral. Mas apontando que os valores errados são mais pagos nessa época do ano. Em cheques pré-datados.


Feliz Natal atrasado (ou BEM adiantado).

Feliz ano novo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Dois dias para depois de amanhã.

Faltam dois dias para a gente fingir que tudo é bonito, que nos amamos, encher a pança e a cara.

Faltam dois para os próximos 6 meses em dívidas valerem a pena, só pela satisfação de um sorriso material e plástico.

Faltam dois dias para tudo apagar e acender, como os pisca-piscas decorando as casas. Pisca a fé, pisca a harmonia, pisca a amizade, pisca o amor. E depois apaga. E fica tudo embaraçado até o ano que vem, quando tiramos do armário, junto com o pó e trabalhamos feito loucos para reativá-los. Pelo menos por 20 dias, até tudo ser emaranhado de novo e a rotina se repetir anualmente.

Faltam dois dias para o tender, o peru, o chester, o pernil. Para a cidra, o vinho, a carne.

Faltam dois dias para o evento que motiva minha revolta e alegria (contraditório não?) e por ventura, motiva meus posts, se concretizar.

Faltam dois dias para a gente fingir tudo isso. Esse teatro cristão que qualquer pagão comemora.
E ateus brindam, e judeus clamam, chamando de Chanukak.

Faltam dois dias para a gente lembrar que é hipócrita o ano inteiro, mas acobertar-se da própria hipocresia para perceber isso.

Faltam dois dias para depois de amanhã.

E o que isso quer dizer?

Aperte-se em shoppings. Exprema-se em lojas. Compre. Compre mais. E mais um pouco. Decore sua casa e sua cara. É natal.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Capítulo VIII

Leia antes:

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII

Do alto do seu apartamento no 13º andar, naquela tarde chuvosa e fria, cinza e triste, ela viu um chapéu na rua. Não era um chapéu somente, alguém o usava, logicamente. Mas suas abas eram tão grandes que cobriam todo o resto de seu dono. Ou dona. Era vermelho, de feltro, com uma enorme faixa de cetim preto logo acima da aba, simulando um Panamá.

Intrigada, ignorando agora todos os ruminantes, cookies, canecas ou qualquer outra coisa, só observou o chapéu movimentar-se com seu respectivo dono. Ou dona.
Seguiu-o com os olhos. Foi primeiro a banca de flores, saindo de lá com um buquê de gerberas. Depois à revistaria, onde comprou um guia turístico de Paris e outro de Amsterdã (não há causa exata para tal comportamento, pois estavam em Londres, mas certas coisas não precisam de explicação), junto com o Daily Mirror do dia e uma revista em quadrinhos do Wolverine. Por último, entrou no café/livraria do tio da moça de olhos cinzas.

A curiosidade não lhe permitiu trancar-se enquanto tão exótica figura podia entreter-lhe as vistas. Desceu o mais rápido que pôde, apanhou seu avental rubro e desceu rapidamente as escadas. Sim, 13 andares de escada, por ter legítimo pânico de elevadores ou qualquer local fechado.

Nota:
Quando criança, brincando de esconde-esconde com seus primos mais velhos, permaneceu 8 horas trancada em um armário embutido na casa da sua avó. Não por opção, pois a tranca ficava do lado de fora. Fora encontrada aos soluços quase inaudíveis depois de tanto chorar. Não dormiu por 3 semanas sem a presença da mãe e nunca mais deixou-se no escuro, nem por um instante sequer. Nem que fosse pela luminária em forma de lâmpada mágica do Aladdin que seu já citado tio lhe dera em uma das viagens à Disney com os gêmeos.

Uma gota de suor desceu delicadamente no meio de suas costas quando terminou de descer as escadas.

Nota²: esse apartamento é o citado nos primeiros capítulos, não a inicial moradia da moça misteriosa de olhos cinzentos, que ficava no mesmo prédio do café/livraria.

Correu e atravessou a rua. Antes de adentrar a porta com a sineta prata, retomou seu fôlego e parou quieta um instante, na esperança de não ter sido vista correndo tão desesperadamente por uma situação visivelmente patética.

Abriu a porta. A sineta tocou. Olhou todas as mesas azuis-cobalto, procurando o chapéu de feltro vermelho. Encontrou-o. Só que não estava mais na cabeça de seu dono. Ou dona. Estava no mancebo recém-adquirido pelo tio em mais um dos antiquários que adorava visitar.

Os olhos cinzas murcharam como duas rosas perto de nitrogênio líquido. Sentou-se no balcão de carvalho com tampo de mármore amarelo, pronta para amarrar seu avental, quando ouviu uma voz fina, aguda, não irritante, mas dócil e amigável, como aquelas das canções de ninar, que observou:

- A cor do seu avental é bem... peculiar.

A moça virou seu longo cabelo liso e preto para vislumbrar quem teria dito. Era uma mulher. Sardas leves nas bochechas e nariz arrebitado davam um ar juvenil ao rosto de lábios finos e enormes olhos cor de avelã. Tinha o cabelo cor de avelã também e usava um casaco listrado.

De repente, a moça teve um lampejo e formulou a resposta em questão de segundos:

- A do seu chapéu também.

Rindo de lado e abaixando um pouco a cabeça, com aquele típico ar de malandra, a mulher de listras olhou alguns instantes para os sapatos da moça e questionou:

- Como sabia que era meu?

E com uma voz fria e segura, respondeu:

- Que pessoa repararia em uma cor tão "peculiar", se ela própria também não a usasse?

Intrigada, a dona do chapéu insistiu (com veemência) para que a moça da boca rouge sentasse e tomasse um café expresso com ela. Relutante, não concordou, até seu tio passar por ela e dizer:

- Oh, mas que coisa, parece que já conheceu nossa melhor cliente. Eu não ousaria recusar-lhe um café expresso... pode ser encarado como ofensa e ela nunca mais voltar aqui...

Riu-se e saiu, deixando ligeiramente corada sua sobrinha, antes tão segura, agora desmontada sobre uma banqueta de madeira num balcão de mármore amarelo e carvalho, deixando-se ouvir pela moça do chapéu vermelho, que agora empurrava-lhe o "The Mirror", enquanto passava os olhos pela revistinha do Wolverine.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O que (já!) aprendi com 20 anos

Faz pouco mais de 24 horas que há 20 anos atrás nasci. Gorda, rosada e com duas bolas de gude (como as pessoas gostam de frizar) azuis e cara de joelho.

Parece estranho, mas uma mística envolve essa aura de 20 anos. Na saudosa piada interna: sou parte do Código da 20.

E essa mística já me fez aprender coisas, em menos de 24 horas (juro pelas propriedades benéficas da cafeína e por toda composição de uma paçoca).

Veja: eu tenho SÓ/JÁ 20 anos. Não posso ser infantil, mimada, fujona e manhosa, mas isso não quer dizer que eu tenha que ser madura, adulta, segura e infálivel.
Posso errar, ter medo, vergonha e vontade de chorar. Só preciso fazer tudo isso e depois dar a volta por cima, mostrar que estou de pé e pronta para outra rodada.

Nem tudo vai ser do jeito que quero, na hora que quero, com as pessoas que quero. E preciso aprender a entender e tolerar isso.
E a tolerar o fato de que todo mundo erra, uns mais, outros menos, uns de forma mais leve, outros nem tanto. O importante é medir o quanto os erros da pessoa me afetam. E analisar se isso deve ou não ser considerado quando medir o quanto esse pessoa gosta de mim.

Apesar de ter vivido um pouco, eu tenho muito pela frente. Eliminar, bloquear e excluir as pessoas da minha vida, sem uma causa devidamente grave, não é o meio. E depender diretamente delas, assim como da cafeína, também não.

Eu não preciso mudar o mundo. Basta não piorá-lo. Eu não preciso curar a AIDs, basta prevenir-me. Eu não preciso ser genial. Mas eu quero. E como! Quero curar a AIDs, quero mudar o mundo. É, ainda não aprendi como parar de querer isso.

Não preciso saber quem é o amor da minha vida. Basta saber que quem está ao meu lado é o meu amor. E amá-lo como se fosse o amor da minha vida, independendo todo o resto.

Eu não preciso de muitos amigos. Mas eu preciso de um pouco deles. De cada um.

A resolução das mágoas, às vezes, é mais simples do que parece. E aquilo que arrastamos por anos, com ódio, desprezo e rancor, com um e-mail se resolve. Foi preciso 6 anos para eu entender que minha limitação em relação a alguém era infundada. Ainda bem.

E na minha ânsia de querer agradar todo mundo, acabei desagradando muita gente. E na fobia de fazer tudo perfeito, errei muito.
Aquela vontade de ter todo mundo perto sumiu no metrô. Em uma megalópole, a solidão parecia inevitável e isso foi um paradoxo durante semanas até vir o clarão: eles são como você.

Aprendi que tenho amigos verdadeiros perto de Chuí e perto de Oiapoque. E que alguns, do meu lado, me esquecem.

Aprendi que por mais limitações e defeitos que tenham, família é família.

Aprendi que textos falando sobre seus conflitos rendem bastantes comentários em blogs...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Crise Pré-20

Semelhante à crise Pré-19, venho constatar detalhes da minha crise Pré-20. Coloco, antes de qualquer coisa, que a Crise-Pré 20 é muito mais acentuada do que as anteriores.
Aos 20 você não é criança. Nem adolescente. Você é "jovem". Vê-se isso nos noticiariários.

"... Dois jovens de 20 e 21 anos foram encontrados plantando bananeira em uma base militar em Santa Cruz do Xingu, no Mato Grosso. Segundo testemunhas, os jovens pegavam as mudas sem uma luva de proteção, o que é ilegal no município. Os militares, ultrajados, levaram dois pares de luvas ao jovens, que ignorando-os, continuaram na ilegalidade. Ninguém saiu ferido, mas um dos cabos disse sentir-se pessoalmente ofendido com tamanho ultraje e chorou".

Voltando ao tema: 20 anos é aquele passo de 10 anos para os 30, que sempre é motivo de surtos e paranóias. Aos 20 anos você precisa pensar e agir como adulto, se resignar com o fato de que ainda não é, pois é só "jovem". Geralmente mora com seus pais, portanto, deve-lhes no mínimo, respeito. Isso inclui não dançar só de roupas de baixo na sala e nem promover festas "nas quais alguém pode sair ferido".
E como foi frisado certa vez, 20 anos é a idade de procurar um semelhante de espécie com intuitos de futura procriação. Porque é natural estar solteiro aos 20, mas aos 30, a coisa começa a pesar.

20 anos te tira da década de 10, na qual você fazia coisas de criança sem nenhuma repressão.
É uma revolução na sua carreira, pois quase ninguém, exceto os super prodígios e pessoas que fizeram algum curso de 2 anos estão formados. Se você como eu, começou aos 18 anos sua faculdade, aos 20 está na metade dela (exceto se o curso tiver mais que 4 anos, ou se assim como eu, você trancou sua faculdade, ou ainda os exemplos anteriores). E se não estiver satisfeito, pode até pensar em largar.

Aos 20 anos é provável que você já tenha pelo menos um(a) ex- namorado (a).
Aos 20 anos seus amigos vão se afastando um pouco, parte por causa do trabalho, parte por causa do estudo. E parte por causa da chance de ter encontrado o/a semelhante de mesma espécie com fins de procriação.

Com 20 anos seu rosto é diferente dele mesmo quando você tinha 18, que era quase igual ao de 16.

Porque ninguém liga para as idades quebradas. Ao tentar supor a idade de alguém, é quase nula a hipótese: "Ela tem 19" ou "Ele tem 17". O normal é chutar 18 ou 16. Aos 20, isso é menos constante. Embora uma pessoa no ônibus tenha achado que eu tivesse 13, mas isso não vem ao caso.

O caso é: amanhã faço 20 anos, imaginando como serão os próximos 10 e com saudade dos últimos 10. Fiz tanta coisa. Descobri tantos lugares, pessoas, cheiros, cores e experiências que é até meio frustrante imaginar que a próxima década será dedicada ao estudo, trabalho, sono e, quem sabe bem no final dela, a procriação.

Enfim, essa é a realidade da autora que vos escreve, indignada por saber que a maior parte do ano passado regeu seus 18 anos e que amanhã, fará 20.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

...







"Separei-me de minha esposa porque ela era terrivelmente infantil. Uma vez, eu estava a tomar banho na banheira, e ela afundou todos os meus barquinhos sem nenhum motivo aparente".

Woody Allen

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Platonismo

Faz 2 anos que o amo. Fiz besteiras por ele. Me endividei. Chorei. Perdi o sono. Perdi a fome.
Beirei o desespero.

Escrevi milhares de laudas para ele. Rimos juntos. Me senti acolhida. E depois de 8 meses, quando começávamos a fundamentar nossa relação, quando a paixão se mantinha, mas o amor se constituía, ele foi embora. Ou melhor, eu tive que deixá-lo.

Faz 1 ano que corro atrás dele. Ligo desesperada. E ao ser ignorada, apenas soluço silenciosamente o choro que virá. "Desista, parta para outra". "Você tem tempo demais, é jovem". Conselhos dados. Conselhos ignorados.

Não vou largá-lo. Não quero deixá-lo. Ignorar é tirar uma parte de mim. Mais do que do coração, da alma e da mente. É arrancar meus dedos sem tirá-los de minhas mãos.
É calar quando quero berrar. Ignorar, abandonar, esquecer, superar. Nada disso é suficiente. E nem plausível.

Eu o quero domado. Laçado e deitado. Na superfície branca, nítida. Quero preto no branco.
Letras garrafais. Fotos. Viagens. Textos. O quero de volta. Para sempre. Deitado, domado, nu e cru sobre as minhas exigências. Quero seu cheiro impregnado nas minhas mãos, e sua cor presente em cada pedaço da pele delas.

Quero suas curvas definitidas pela rigidez de muito esforço. Quero toda sua matéria. Quero todas as suas matérias. Quero vê-las, escrevê-las, sentí-las, vivê-las...

Ah jornalismo... como te quero de volta! Mas não parece recíproco...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Capítulo VII

Leia antes:

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI

Pingava do lado de fora. Pelo vidro, via tudo o que não podia tocar. O céu cinzento. A grama recém enxarcada pela chuva de primavera. Mas não era primavera. Estava frio. E úmido. E cinza. Mais do que nunca estava cinza.

Pingava do lado de dentro também. Daquela que calava no beirau da janela, só observando. Chovia. E ela sentada, de calças largas e descalça. Com uma caneca na mão. Aquela caneca que não era só caneca. Era consolo. E abraço. E saudade. Tudo isso num pedaço cilíndrico com uma alça e o desenho pueril de um ruminante. Quanto lhe era cara e querida aquela caneca.

Os pés descalços acalentavam o piso de tacão cor de tabaco. Estava quente, apesar do frio lá fora. Do frio e chuva atípicos. Deixou de lado a janela. Sentou-se na chase long de veludo azul cobalto, recoberta pela manta de cashemira branca que ganhara do mesmo provocador de saudade da caneca. Tudo naquele lugar lembrava-o. Tudo estava conectado, interligado a ela.

Naquela que pingava por dentro e que também estava cinza, ficava um pouquinho da manta e da caneca. Encostado em algum lugar sem luz, meio empoeirado e talvez com bolor. Mas ficava. É como aquele livro velho de infância, caindo aos pedaços, mas que está sempre lá, no lugar de sempre.

Pousou a caneca no compensado rubro. Esse abrigava mais ruminantes. E os ruminantes abrigavam cookies. De chocolate. E muffins. E brownies. Todos moravam dentro do limite quadriculado que morava no tampo rubro. Que morava com a caneca, com a manta, com a chase long. E com a moça.

Não suportava mais aquele livro velho guardado dentro dela. Traças o comiam. O bolor o revistava indecentemente. O pó encrustava-se em sua capa. Tudo aquilo dentro dela.

E ela, dentro do apartamento. E do lado de fora, a chuva cinza...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Lições de vida- Capítulo II- A educação

A educação, acadêmica ou não, é o que define em grande parte o caráter do ser.
E sem a hipocresia de que "Estudo não é tudo". Hoje em dia, é um fator determinante. Uma pessoa com boa formação, boa educação, boa aparência abre muitas portas. E mais, as mantém abertas.

Desde nossa infância, com músicas de palhaços assustadores pregando as palavras mágicas (Por favor, desculpe e obrigado), somos instruídos a sermos educados. E a educação também precisa ser hereditária. Eu passo para o meu filho, que passa para o filho dele, que passa para o filho dele...

O caso/causo é: nem sempre isso ocorre. Uma família que sofreu alguma corrupção abrupta em sua educação é tendenciosa a repetir o erro.

Ex: Seu pai cospe no chão. Sua mãe não demonstra qualquer repreensão. Você tem fortes tendências a cuspir no chão. E assim por diante, com toda a linhagem.

Ok, o exemplo de cuspir no chão foi fraco, mas era só para dar uma dimensão superficial do que é a educação hereditária.
Logo, se o meio contamina o ser, é um meio contaminado e não importa o quanto os palhaços assustadores cantem e te induzam a falar as palavras mágicas, a influência familiar é mais forte.

Tudo isso para dizer que há pessoas muito mal-educadas no metrô, que simplesmente, vendo a situação das pessoas expremidas, como laranjas dentro de uma máquina de suco, insiste em sacar seu desodorante em spray e borrifá-lo lá dentro mesmo, ignorando se há pessoas alérgicas que vão ficar mais 4 estações com coceira na garganta e nariz irritado por essa razão. O "nobre" homem que fez isso estava na minha frente, eliminando qualquer tentativa de escapatória.

Ao inconveniente: "Espero que os deuses do desodorante te mandem uma mensagem dizendo que se fizer isso de novo, suará fedidamente em bicas, sem solução para o problema".
Meu recado: "Vai passar desodorante em casa!".

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Lições de vida: Capítulo I- A gentileza

Um dos maiores problemas do mundo é a falta de educação.
Mas acho que pior do que a falta de educação, é a falta de altruísmo.

Sabe aquela compaixão humana, o senso de justiça que creio eu, venha embutido em nós desde o ventre? Está faltando isso.

O bem-querer alheio. A preocupação. O respeito.
Sem hipocrisia, todo mundo odeia alguém. Odeia mesmo. E não tem como querer o bem-querer dessa pessoa. O máximo que podemos fazer é não desejar-lhe o mal. E isso já é louvável.


Mas e aquele desconhecido, que nunca te fez nada de bom, mas também nunca te fez nada de mal? Como você pode ser injusto, grosso, rude com ele?
Como deixa quesitos como educação (no caso, a falta dela), compaixão e altruísmo de lado diante dela?

É muito fácil ser gentil com quem a gente gosta. É complicado ser gentil com quem a gente conhece. É raro ser gentil com um estranho. E é impossível (ou quase) ser gentil com quem odiamos.

Então o ponto é: ser gentil com todos. Pelo menos tentar, eu diria.

Toda essa minha revolta, toda essa ira, todos esses verbetes para dizer uma coisa banal: as inspiradoras desse post são 3 "nobres mulheres" que têm o "nobre hábito" de parar no ponto de ônibus estratégicamente na frente de onde a porta abre. Não importa se você está há 20 minutos no ponto. Dane-se que o ônibus passe por 3 cidades diferentes, vindo por essa razão, com lugares contados. Não importa o fato de que tenha se programado chegar antes e poder seguir os 40 minutos da viagem sentado. Elas ignoram qualquer um, homem, mulher, criança, idoso, deficiente. Se colocam à frente, sentam nos últimos 3 lugares.
Tá, isso é nada perto das grandes injustiças do mundo. Mas faz diferença.

Então, contrariando todo o meu discurso de gentileza, altruísmo, revanchismo e o escambau a quatro para com estranhos, veio por meio deste blog, berro:

"Suas grandes filhas da puta, eu espero sinceramente que um dia isso se volte contra vocês, suas vadias. Que um dia vocês queiram sentar e falte cadeiras, que um dia vocês precisem apoiar suas coisas e falte qualquer tipo de superfície. E vão tomar no meio do rabo, antes que eu me esqueça"

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Bleh, esse blog tá muito mulherzinha... cheio de poeminhas para cá e para lá...

Cadê a guria ácida que criticava todo mundo?

Ensola"rada"...

É... por causa de um calor infernal e descuido, a moça octarina está de repouso devido a uma ensolação...

Por isso eu digo: "Comam sempre suas cenouras e passem protetor".

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Cantigas de não ninar

Vai começar...
A brincadeira...
Da imprensa...
Brasileira...

Do João Hélio...
Da Isabela...
E também...
Da Eloá...

Bandido levou
O pai matou
Ex-namorado seqüestrou
E mídia
Só fomentou...

Quem é que...
Será o próximo?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O poeta e a tola

Ah, Vini
Há quem diga que você era malandro
Mas se o era, para mim, era com as palavras


Ah, Vini...
Se brincava com alguma coisa, era com os seus versos
Fazia a dor virar coisa bela
Em bela forma
Para as suas belas...


Ah, Vini
Seus gracejos eram sempre poesia
E sua poesia era sempre um gracejo
Ah, Vini



Momo, que saudade
Da Morena Flor
Da Luz dos olhos teus
Onde anda você

Que saudade!
Da tua graça
Do teu soneto
Que quando o vê triste, acha graça
Dá risada...

Ah Momo
Ah Vini
Que falta
Da rosa
Mas não de Hiroshima

Ah Vini
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

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Poema homenageando o grande poeta e compositor, Vinícius de Moraes, que se vivo (não só em nossas mentes e livros), completaria 95 anos ontem. DN: 19/10/1913.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Irrelevante

Pior que pessoas que rastejam
São os rastros das palavras
Das pessoas
Que rastejam

Não contentes por seus rastros
Exibem com audácia a petulância de tal percurso
Seja ele longo ou curto


O rastro de vergonha, de escárnia e vulgaridade
Que difama, que inflama, que fere a dignidade
Dos que se desatentam a percebê-lo
E ponderá-lo


Pessoas rastejantes são dignas de quê?
Pena as enobrecem
Nojo as evidenciam
Exaltação as envaidecem
Indiferença talvez...

Talvez não
Talvez não sejam dignas de nada
Pois não são nada
Nem maduras
Nem sensatas
Nem humanas

São rastejantes
Que deixam duras palavras em duros caminhos
E que tudo que merecem
É o seu rastro
Sozinhos

Só rastejem em sua insignificância
Em sua desimportância
Não dou sequer alguma relevância...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A visão da cegueira.

Fernando Meireles novamente merece aplausos. Dessa vez, por Ensaio sobre a Cegueira ( ele também é o diretor de Cidade de Deus e O jardineiro fiel).


Não só o filme, mas recomendo o livro de José Saramago também, único escritor da língua portuguesa a conquistar um Nobel de literatura.

Tudo começa com um motorista (Mitchell Nye). Ele está dirigindo quando o semáforo fecha. A partir de então, enxerga apenas um mar leitoso. Parado no meio do trânsito, provoca a impaciência nos outros motoristas. Um homem decide ajudá-lo e compromete-se a levá-lo até sua casa. Ao chegar, deixa o homem em seu apartamento, mas leva seu carro.
A esposa (Yoshino Kimura), ao chegar em casa e se deparar com o marido cego, procura um oftamologista (Mark Ruffallo) para tratá-lo. Começa ai a contaminação.

Ficam cegas as pessoas que estavam no consultório, o próprio médico e todos que tiveram contato com o primeiro contaminado, inclusive o ladrão.
A única pessoa que não é supostamente contaminada é a mulher do médico (Julianne Moore).

Com as contaminações aumentando, a cegueira leitosa torna-se uma epidemia. Os contaminados são isolados em um antigo manicômio.São criadas diversas alas para acomodação dos cegos. A esposa do médico passa a cuidar de todos e se responsabilizar pela comida, higiene, limpeza e manutenção de todos de sua ala.

Visando manter alguma organização, o médico explica aos cegos da ala 3 como é a distribuição de comida e como funciona a ala 1. Um dos cegos (Gael Garcia Bernal) questiona o porquê de obedecê-lo se não pertecem a mesma ala. Sem acordo, começa uma guerra interna.

Sem nenhum auxílio externo, sem nenhum hierarquia interna, o manicômio torna-se um caos de cegos, mortos e feridos.

Meireles brilha em mais uma obra digna de reconhecimento. Julianne Moore é a grande atriz-chave do filme e mesmo com a idade, não deixa a beleza fugir às feições.
Um filme ótimo que novamente coloca a prova nossas noções de civilidade, de ética, de moral.
Os fãs de Batman que me perdoem, mas Ensaio sobre a cegueira não precisou de ninguém vestido de morcego para mostrar o quanto nosso sistema é falho.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Artistas “desapadrinhados” promovem manifesto em SCS

Sob o nome de “Manifesto Reticências”, usam o período eleitoral como reforço de divulgação

Aproveitando a proximidade das eleições, um grupo de artistas resolveu mobilizar manifestos durante a semana de 27/09 a 05/10 (domingo de eleição). Revoltados com a falta de infra-estrutura e descaso com a arte alternativa da menor cidade do Grande ABC, resolveram protestar.
“Há verba pública a ser investida na Cultura, gente interessada, demanda e até interesse econômico, mas na mentalidade dos governantes, ‘Cultura’ é construir escola e quadra poliesportiva. Nem sequer há um cinema”, contam.

O evento não tem apoio de instituições artísticas conceituadas da cidade que, segundo os organizadores, são atreladas a governantes.
Sem patrocínio, participarão voluntários do ramo artístico, estudantes e pessoas que defendem a causa,além de instituições artísticas alternativas . Quando questionados ao número médio de participantes, respondem: “Não se pode estipular a média de participantes, tanto porque esperamos que mais se agreguem ao se depararem com as primeiras manifestações”.


Origem

A idéia inicial era a mobilização para a criação de um centro cultural público. “Diante a realidade política da cidade, notamos que esperar cooperação diplomática com a corja era dar murro em ponta de faca. Então, vendo o quão comum era essa frustração pra todo artista não-apadrinhado, decidimos ignorar a caneta e segurar a espada”.

A idealizadora, Tatá Vassoler, 21, passou a idéia ao amigo, Diego Urbaneja, 25, publicitário. Resolveu levá-la adiante, convidando também, José Autran, 24, designer de multimídia. Nascia ai o “Manifesto Reticências...”

Começaram com uma divulgação ínfima, sem grandes especificações, até publicarem a idéia original no blog projetosentelha.blogspot.com.. Anseiam por apoio voluntário dos meios de comunicação para auxiliar na divulgação, além da panfletagem e eventos.

Com uma programação que envolve desde filmes até “eventos surpresas”, os manifestantes buscam mostrar em forma de entretenimento como a cultura alternativa é fundamental, tanto para o cidadão, quanto para a cidade.
Mais informações estão contidas no blog. O e-mail para contato é projetosentelha@gmail.com .

terça-feira, 23 de setembro de 2008

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

The show must go on...

Há dias em que acordo e penso:

- Nossa! Que dia perfeito!

É um dos maiores clichês de filmes, mas eu vivo esse clichê. Acordo, faço tudo cantando. Vou ouvindo meu mp4 no ônibus com uma vontade de sorrir enorme. Faço piadas mentalmente e acabo rindo sozinha delas.

Como citado no outro blog que escrevo, dias de "ovos de ouro/de dinossauros". Dias onde tudo, até a mais estressante preocupação, evaporam. Good hair day, good skin day, good every part of your body day. Dias perfeitos...

E no meio nessa euforia por causa do sol, da chuva, do dia... surge a felicidade melancólica. Porque aquele(s) momento (s) é (são) tão bom (ns) que talvez nunca mais volte(m). Talvez esse seja o ápice da felicidade e seja único. Nada pode ser tão bom quanto aquilo.
É uma paranóia antecipada, mas é real. E constante.
O maior desejo é outro clichê: que aquilo seja eterno, que dure para sempre, que seja pausado ali e nunca mais mude.

Pena que a vida não é um filme. Pena que não dá para colocar um final alternativo. Pena que não dá para ver o making off da nossa vida, ou as cenas extras. E mais do que isso, o elenco. Se pudéssemos prever quem vai aparecer e/ou quem vai embora das nossas vidas, tudo seria diferente. Tudo seria um filme. E arrisco-me a dizer, um filme clichê...

A vida não é um filme, é uma peça de teatro sem ensaio e com apresentação única. Se esquecer a fala, improvise. Se levar um tombo, levante e finja que nada aconteceu. Continue.
Por isso eu gosto mais de cinema... e de dias perfeitos/clichês.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Chocolate em pó/Miojo e só

Foi instantâneo
Como chocolate em pó no leite quente
Como miojo depois de 3 minutos (logo não foi tão instantâneo assim)

O olhar se cruzou
O mundo se calou
A luz se apagou
Só havia uma

Não digo qual é
É piegas
Tola
E completamente proibida

É censurada
É inesperada
E não correspondida

Borboletas no estômago
Estrelas no olhar
Seja qual for o nome

Foi instantâneo

É aquela euforia idiota
De rir sozinho
Da sua mais doce tolice
Sabendo que é idiotice

É instantâneo
A taquicardia ao ver seu nome
A perda de sono, ausência de fome
Toda vez que você vem à mente

É instantâneo
Eu miojo, você água quente
Tão distante e tão diferente
Mas pronto em 3 minutos

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Failure

Como a desesperada por resultados imediatos que sou, acabo de sabotar a semana de poesias.

Por quê?

Só tive uma colaboração...

Mas meu caro colaborador Evandro, olha que honra, você será o único publicado aqui no meu submarino (não que isso seja grande coisa).

Segue o poema do blogueiro Evandro, que além de escrever, desenha muito bem...

O Blog: Só dói quando eu rio

O autor: Evandro

O poema:

Mal do Mundo


Tudo começa ali naquela sala trancada.
Lá dentro o sofrimento. A respiração ofegante. Gritos de dor. Sangue, sangue.
O metal rasga a carne. Suja de vermelho as mãos dos sádicos homens mascarados, eles dizem que esse ritual precede um momento mágico.
Eis então que – da luz – surge à criatura: calada e ensangüentada.
Um dos homens mascarados agride a criatura – que começa a berrar –, olha para um outro homem de máscara que está espantado com tudo que viu, sorri e diz:
"Parabéns papai, é um lindo menino!".

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Fugindo ao lirismo um bocado...

Certa Diandra colocou certa vez que "Liberdade é passar a mão na bunda do guarda". Coloco então:"Pudor é aquilo que limita a liberdade de passar a mão na bunda do guarda".

Afinal, o nosso livre-arbítrio é divino e regido pela constituição. Interferir nele é inconstitucional. Somos livres para praticarmos quaisquer ações. Mas... para toda ação há uma reação...
Causa/efeito. E em alguns casos, custo/benefício. Nos meus termos (e de muitos outros), a famosa LISTA DE PRÓS E CONTRAS.

O pudor nos impede de fazer muitas merdas. E raras vezes algumas coisas boas. Pudor nos impede de sair de roupão da rua.

De falar ou não falar coisas que não devem ou devem ser ditas. De fazer ou não fazer coisas que devem ser feitas.

Pudor é aquela coleira que prende nossas vontades.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Temporariamente sem nome- ou quase isso

Vem descabelada
Jogada e chacoalhante
Dentro do ônibus...
Seu olhar passeia

Olha atentamente
Toda placa
Toda gente
Que passa
E que fica


Passa desapercebida
Ou pelo menos
Nisso acredita
Quem olhará
Para a jovem de all star
Descabelada e distraída?

Tantas belas outras
Ruivas, negras, loiras
tantas tão bonitas
quem olhará?

Nem se importa tanto
Ou pelo menos não quer se importar
Acorda sempre em cima
Da hora de se aprontar

Guarda dentro de si
A certeza
De que há algo muito mais importante
Do que a beleza

Mas a certeza cai
Quando ela sai
Apagada
Ofuscada

É confusa e insegura
É infantil, mas é madura
É um jogo de antíteses
Que ninguém sabe jogar...

Pobre bela menina
Tão esperta
Tão tolinha
Dependente química da aprovação
Alheia...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sobre a semana de produção de poesia...

Caros, mal posso expressar minha imensa gratidão pelo empenho em me auxiliar em tão produtiva semana!

Muito obrigada a todos.


Vai funcionar assim:

Postarei (ou ao menos tentarei) pelo menos uma vez por dia uma poesia. Vocês podem mandar as de vocês via comentário. No final da semana, escolherei as 7 melhores e postarei aqui com seus respectivos nomes e endereços de blogs, numa campanha de publicidade quentíssima [/sarcasmo].

Conto com vocês...

Eis a primeira:

*Nota sobre esse poema: leia-o inteiro e depois só leia as partes em negrito. A intenção é a de ser uma mensagem com máscara.

Sobre os falsos... cognatos



Odeio os falsos
Cognatos
Desprezo-os
São tão maldosos
Os falsos
cognatos

Somos iludidos
E enganados
Acreditamos cegamente
Nos falsos
cognatos

Zombam do nosso juízo
Desprezam nossa inocência
São tão cruéis
Esses falsos
Cognatos

Mas com a experiência
Vem junto a sabedoria
E quem antes não sabia
Sabe agora
Os falsos
Cognatos
Já vem com seu esquema
Semi-pronto

E na dúvida
Se é ou não um falso
cognato
Há sempre o dicionário
A consultar
O professor, para perguntar
Ou até mesmo o nosso julgamento

Porque quem cai nas garras de um falso
Cognato
Tem medo de tudo que é parecido

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

II Semana oficial de produção de poesias para qualquer coisa

Está aberta a semana de poesias.

Porque a minha cabeça está doendo de tantos versos empilhados, amontoados e jogados dentro dela.

Aqui, é o depósito, o arquivo.

Me ajudem a me organizar.

Começa agora:

II Semana oficial de produção de poesias para qualquer coisa

Organização:
Elsa Villon

Patriocínios:
Vocês que estão lendo.
Nike
Mc Donald´s (afinal de contas eles patrocinam tudo)
Paçoquita
Polenguinho
Café Três Corações
Coca-Cola

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Caneca....

Recebi da caneca mais adorável o mundo o e-mail com o seguinte texto de Martha Medeiros. Em itálico, a minha versão.

Quem sou eu?

Quem sou eu?? Quando não temos nada de prático nos atazanando a vida, a preocupação passa a ser existencial. Pouco importa de onde viemos e para onde vamos, mas quem somos é crucial descobrir.

A gente é o que a gente gosta. A gente é nossa comida preferida, os filmes que a gente curte, os amigos que escolhemos, as roupas que a gente veste, a estação do ano preferida, nosso esporte, as cidades que nos encantam. Você não está fazendo nada agora? Eu idem. Vamos listar quem a gente é: você daí e eu daqui.

Eu sou outono, disparado. E ligeiramente primavera. Estações transitórias.

Sou inverno. Denso, frio, nostálgico. Daquele que aprisiona a alegria numa caneca de chocolate quente.

Sou Woody Allen. Sou Lenny Kravitz. Sou Marilia Gabriela. Sou Nelson Motta. Sou Nick Hornby. Sou Ivan Lessa. Sou Saramago.

Eu também sou Woody Allen. E Beatles, mais Ringo do que todos. Sou Eric Clapton, mas também Pattie Boyd. Sou Sílvio Santos e Elza Soares, sou Garrincha e Vinícius de Morais. Sou Djavan e sou Racionais. Sou Mario de Andrade e também Cora Coralina.

Sou pães, queijos e vinhos, os três alimentos que eu levaria para uma ilha deserta, mas não sou ilha deserta: sou metrópole.

Sou batata frita com ketchup picante. E um copo enorme de Coca-Gelada. Não sou ilha, mas sou deserta. Sou megalópole recém-descoberta.

Sou bala azedinha. Sou coca-cola. Sou salada caprese. Sou camarão à baiana. Sou filé com fritas. Sou morango com sorvete de creme. Sou linguado com molho de limão. Sou cachorro-quente só com mostarda e queijo ralado. Do churrasco, sou o pão com alho.

Sou pimenta do reino no feijão. Sou o miolo e a casca do pão. Sou yakissoba sem camarão. Sou hot dog de frango, empada de palmito, Tortilhas argentinas e salada russa. Sou o sal, o limão e a tequila. Do churrasco, sou a vinagrete.


Sou livros. Discos. Dicionários. Sou guias de viagem. Revistas. Sou mapas. Sou Internet. Já fui muito tevê, hoje só um pouco GNT. Rádio. Rock. Lounge. Cinema. Cinema. Cinema. Teatro.

Sou livros. Muitos. Enormes. Velhos com traças. Novos cheirando a papel recém-feito. Sou fotos. Em pb. Sou internet sem fio, porque assim não há limitação. Não sou tv, é só imitação. Rádio, cd, mp3, vinil ou caixa de fósforo: sou música. Sou cinema e a pipoca com manteiga. Do teatro, sou a coxia.

Sou azul. Sou colorada. Sou cabelo liso. Sou jeans. Sou balaio de saldos. Sou ventilador de teto. Sou avião. Sou jeep. Sou bicicleta. Sou à pé.

Sou verde-oliva, mas também sou azul e prata. Sou cabelo levemente ondulado, com franja completando o penteado. Sou jeans e all star. Velho e sujo. Sou cabo USB. Sou pára-quedas. E asa-delta. Sou monociclo. Sou patins.

Você está fazendo sua lista? Tô esperando.

Sou tapetes e panos. Sou abajur. Sou banho tinindo. Hidratantes. Não sou musculação, mas finjo que sou três vezes por semana. Sou mar. Não sou areia. Sou Londres. Rio. Porto Alegre.

Sou fronha e pantufa. Sou banho do despertar. Hidratantes com propriedades amolientes e esfoliantes. Não sou musculação, nem yoga. Sou tai chi. Sou lagoa. Não sou rio/Rio. Sou Londres, sempre. Sou Machu Pichu, até depois de sempre. Sou P. Alegre. Para sempre.

Sou mais cama que mesa, mais dia que noite, mais flor que fruta, mais salgado que doce, mais música que silêncio, mais pizza que banquete, mais champanhe que caipirinha. Sou esmalte fraquinho. Sou cara lavada. Sou Gisele. Sou delírio. Sou eu mesma.

Sou mais poltrona do que mesa, mais madrugada do que anoitecer, mais fruta que flor, mais apimentado do que salgado ou doce, mais música do que qualquer outra coisa, mais sushi que lasanha, mais cerveja que vodka. Sou rímel ultra alongador. Mas só quando saio. Sou Angelina. Mas ainda sim, sou ainda eu mesma, e mais do que isso, sempre serei.


quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A roupa de Juliandra

Uma mã"e"ozinha para quem não entendeu o que é "behaviorismo":


Behaviorismo (Behaviorism em inglês, de behaviour (RU) ou behavior (EUA): comportamento, conduta), Comportamentalismo, Análise do Comportamento ou Psicologia Objetiva[1] é o conjunto das teorias psicológicas que postulam o comportamento como único, ou ao menos mais desejável, objeto de estudo da Psicologia, propondo a observação de modo mais objetivo do comportamento, tanto humano quanto animal, dando atenção à comportamentos observáveis através de estímulos e respostas, não fazendo uso do método de introspecção. Os behavioristas afirmam que os processos mentais internos não são mensuráveis ou analisáveis, sendo, portanto, de pouca utilidade para a Psicologia empírica.

Fonte: Wikipedia


Entenderam? Não?

Behaviorismo é um estudo psciológico feito através da observação do comportamento humano decorrente de estímulos externos e/ou internos.

Esse é o ponto de partida para minha pesquisa.


Em uma semana de analítica observação, notei que a mesma mulher, usando roupas diferentes, é tratada de forma diferente.

COMO ASSIM?

Assim óh: Supondo que Juliandra* estivesse com uma roupa social, cabelo bem arrumado, maqueada e carregando mais de uma bolsa, alguém se ofereceria para carregar uma das sacolas, ou então cederia o lugar.

A mesma Juliandra entra de calça jeans, camiseta amarela do Nirvanna e all star velho, com uma mochila de lona e uma sacola: as pessoas olham com certo receio e não oferecem nada.

Citando uma situação mais específica:

Juliandra está caminhando até o trabalho, quando precisa atravessar um cruzamento sem semáforo.

Hipóteses:

*Se estiver vestida socialmente, a probabilidade do carro dar preferência à pedestre é altíssima, independendo o sexo do motorista.

*Se estiver vestida de forma casual, como no caso jeans e all star, a probabilidade de ter de esperar para atravessar a rua é altíssima, independendo o sexo do motorista.

*Se estiver vestida de forma provocante, com decotes, fendas ou roupas justas: a probabilidade de um motorista do sexo masculino ceder a passagem é altíssima.


Conclusão:

As roupas de terceiros influenciam sim o comportamento das outras pessoas. Por elas é possível determinar vários aspectos, desde o seu trabalho até aspectos corporais, como pessoas que sofrem com calafrios ou com calor em demasia.


Próxima semana continuo com as análises e constatações birutas.

*O nome Juliandra obviamente é um caso fictício.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Outro submarino

Meses maquinando a idéia, a vontade, o projeto.

Noites pensando em como, quando, onde e por quê.

Finalmente, uma zine.

Ou quase.

Mundo Indie-gente
.

Não está lá essas coisas.

Mas vai ficar. Ou não.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

"Com que roupa eu vou?"

Ainda em fase inicial de testes, estou desenvolvendo um estudo behaviorista que consiste em avaliar a reação das pessoas diante de como as outras vestem-se.

Mas muito mais do que julgar pela aparência, qual é a reação dessas pessoas?

É possível definir um padrão de comportamento em massa devido a uma peça de roupa?

Só os desafortunados se vestem de forma menos adequada?

Um gordo* de terno é menos repulsivo que um de bermuda e camiseta?

Responderei a isso e muito mais, nesse mesmo beatleblog, semanalmente.

Aguardem.

Os estudos podem impressionar.

Notas:
* Não sugerindo que gordos sejam repulsivos, apenas constatando convivências empírias em meios de transporte convencionais e a reação das pessoas diante do exemplo citado.

** Todo conteúdo não tem nenhum embasamento científico, não podendo ser considerado padrão ou informação confiável para fins de pesquisas.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Capítulo VI

Leia antes...

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V

Entrou na loja.
Tinha um cheiro muito agradável. Difícil descrever. Era de infância, algo que a remetia aos seus tempos pueris. Só sabia que era bom e provocava uma enorme nostalgia. O piso era de carvalho envernizado, brilhante e espelhado, realçando o felpudo carpete vermelho tomate da entrada. Quem ousaria sujar tão belo piso com suas galochas enxarcadas pelas constantes chuvas londrinas?

As vitrines eram enormes, enfeitadas com inscrições em branco numa letra cursiva revelando o nome do café-livraria. Cortinas de xadrez amarelo ouro com tiras vermelhas e azuis as vestiam como damas da realeza colonial.

O balcão também era em carvalho escuro, mas o tampo era de mármore amarelo. Uma estufa exibia os maravilhosos quitutes apetitosamente posicionados próximos à caixa registradora. Aliás, uma relíquia da década de 30 que seu tio achara em um antiquário no ato de estréia do estabelicimento, mas que jamais substituíra ou trocara. Era dourada e brilhante e fazia aquele famoso barulho de dinheiro dos desenhos animados ao abrir.

As mesas eram de metal, com tampo em fórmica azul cobalto, mas em suas bordas haviam feitas pinturas que simulavam uma renda branca, formando uma espécie de moldura. Mais um trabalho artesanal da falecida tia que dava ao lugar aquele toque único.

A porta de entrada era de vidro e acomodava uma persiana vermelho tomate, combinando com o tapete. A já citada sineta prata adornava o topo, simetricamente calculada à 63,5 cm da maçaneta também prata.

As paredes eram de um creme aveludado. Em algumas, haviam luminárias alaranjadas antigas que realçavam as fotos penduradas. Algumas eram de Londres, outras dos Beatles, a belíssima Audrey Hepburn ou cômico Chaplin. O lugar todo era meio retrô, o que o tornava mais aconchegante. Painéis de carvalho envernizado ocupavam a metade inferior de todas as paredes.

O cardápio era todo feito a mão, em papiro. A caligrafia impecável e inconfundível do tio da nossa protagonsita era dominante em todos eles. Embora agora menos clássicos devido ao contact, mantinham seu charme habitual.

A escada que levava os clientes até a livraria era em caracol, com degraus escuros recobertos por um carpete felpudo similar ao da entrada. O corrimão era todo talhado, formando vários ramos floridos até o piso. Essa ficava ao lado da caixa registradora, que por sua vez ficava na parede paralela a da entrada.

Os banheiros, adjacentes à entrada e à escada, guardavam cortinas azuis e uma cartola e a palavra "gentlemen's" pirografadas em uma placa, e cortinas vermelhas e uma placa também pirografada, mas essa com uma carteira de festa e os dizeres "ladies".

O porta-guarda-chuvas era em bronze, um modelo dos anos 30, cuja lateral era adornada por dois grifos.

Morando na parede atrás da caixa registradora antiga, um cuco, quebrado, mas que mostrava as horas com precisão cirúrgica.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Why so serious?

Nunca se viu um homem de batom fazer tanto estrago. Em suma, o Coringa é a peça-chave do filme mais comentado do momento.
E começo a sentir a perda do Heath Ledger só agora. Sou meio retardatária para sentimentos.

O filme é tudo isso que dizem sim, e até mais um pouco. Você odeia amar o "joker". Continua achando o Batman um bundão. E ainda tem o "Harvey- o promotor- pausa para sátira: O Adult Swim/Cartoon Netwoork tem Harvey-o advogado, caso alguém tenha perdido a piada- fecha
pausa para sátira".

Exceto pela Rachel, que não é mais a sonolentamente-graciosa Katie Holmes, mas sim uma atriz muito feia, o filme é muito detalhista com o elenco. Se não bastasse Morgan Freeman, Gary Oldman, ainda temos o brilhante Michael Caine, novamente na pele do mordomo Alfred.

O filme é uma enorme crítica as noções de ética que temos. O quanto vale nossa vida comparada a dos outros. A própria sociedade cria o vilão e o herói que precisa. E numa situação de caos, todo mundo acaba se matando.

O bem é posto à prova, o mal é questionado e você realmente não consegue não rir do sadismo hilário do palhaço de terno roxo.

No filme, a corrupção- tanto dos criminosos, quanto dos policiais- é outro tema que colova a prova os princípios humanos em relação à sociedade e à ética que ela prega.

E claro, a película escura do filme foge aos filminhos de heróis que a gente leva os filhos para ver. Aliás, não deixe seu filho pequeno assistir, é bem violento.

Os efeitos especiais são o de menos comparados com a atuação excelente e com os diálogos entre "mocinho e bandido".

Vale a pena, lamento pelo clichê, mas não lamento pelo filme. Muito pelo contrário.

Ledger para Oscar Póstumo.

Nolan para melhor diretor.

Pelo menos, até agora.

"Lets put a smile on that face".

quarta-feira, 30 de julho de 2008

segunda-feira, 28 de julho de 2008

You know what I mean

You makes me feel ...
I can't explain
Just Feel

It's funny and
intriguing
But I know it's true
I don't want to Miss
Any Minute Without You

My brain Smiles
Yes, that's possible
I know now
Shivering in my soul
And that's good

You are like the Christma's morning
So Cold
So Beautiful
So irresistible

I can´t resist
Write
Or descrive

Just Feel

quinta-feira, 24 de julho de 2008

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Joker went through here.



Nota: essa imagem não tem o intuito de ser ofensiva a Gandhi. É somente uma referência a excelente atuação de Heath Ledger como Joker.

MEME Fab Four

Achei um MEME num blog amigo e, por ser um MEME musical, nada mais justo do que completá-lo com "The Fab Four".

As outras postagens se relacionam muito bem com essa. Para que esse bom-relacionamento prevaleça, não comente tão somente nessa postagem. As outras ficam enciumadas...


1- Escolher banda/artista: The Beatles (claro!)
2- Responder somente com os títulos das canções:

1* descreva-se: I´m so tired
2* o que as pessoas acham de você: Something
3* descreva seu último relacionamento: Can´t buy me love
4* descreva a atual relação: Getting Better
5* onde queria estar agora: Pepperland
6* o que você pensa sobre o amor: All you need is love
7* como é sua vida: A hard´s day night
8* se tivesse direito a apenas um desejo: Yesterday
9* uma frase sábia: There's nothing you can do that can't be done- All you need is love
10* uma frase para os próximos...: And All the broken hearted people
Living in the world agree
There will be an answer, let it be... (bem, foram 3 versos e não bem uma frase... mas tudo oká)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Nota para possíveis esclarecimentos futuros:

Ninguém é bom demais para desculpar-se. Nem tão feliz consigo mesmo que não seja pelo menos um pouco inseguro. Muito menos tão perfeito a ponto de achar que o que diz é a realidade absoluta, que é a pessoa mais linda, sábia e querida do mundo e quem não concordar com seu jeito, que se dane. Ninguém é tão bom que não deseje mudar algo.

A complexidade do Post-it

O verdadeiro sentido da vida está presente em cada coisa simples do mundo. A textura de uma pétala de rosa. O tamanho da pata de um vira-lata recém-nascido. O formato das nuvens em um dia de céu azul. O fato do grafite e do diamante serem primos. A unha humana. A anatomia de um parafuso. A descoberta do fogo. A fundição do bronze. O formato do botão do telefone. A cola em bastão, o clipe, o papel, os imãs. Coisas banais, que passam por nós tão constantemente, que nem notamos sua importante simplicidade.

O post-it. Genial. Um pedacinho de papel amarelo com cola para deixar recados e colocar até na testa de outra pessoa em extrema necessidade. Simples. Banal. Genial. Tão comum que deve ter sido uma grande idéia, daquelas que surgem do nada. Uma coisa tão simples, que não exige matemática alguma, nem uma pré-disposição genética raríssima para sua confecção. Apenas papel e cola.

A legítima e irrevogável conclusão: é preciso ser simples para ser genial. Não que as coisas complicadas não sejam geniais. Mas elas partiram de uma idéia simples. Que deu certo, diga-se de passagem.

Nós humanos, presunçosos e demasiadamente arrogantes, tentamos sempre complicar as coisas. Tentar usar termos difíceis, esquemas complicados, métodos de organização complexos. Tudo isso na ânsia de ser notado e catalogado como gênio. E passamos tanto tempo querendo isso, que deixamos de lados idéias simples que poderiam dar certo. Desde uma cesta de supermercado com calculadora, um idéia deveras simples, mas que ninguém teve, até a descoberta da cura da AIDs, que pode estar na nossa frente, mas recusamo-nos a reconhecê-la.


Não acho que isso vá mudar tão cedo. Até porque, eu também quero ser genial. Quero achar a cura da AIDs, resolver problema do buraco na camada de ozônio, quero acabar com a fome e a guerra. Enquanto isso, esqueço de separar meu lixo para reciclagem.

E fico admirando de longe a genialidade de um Post-it.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Gandhi modo on

Depois de tantos anos (19 mais precisamente), decidi a partir de agora não tentar amar o mundo e não querer ser amada por ele. Não tanto.

Eu sei que muitos acharão a frase acima um tanto quanto insana, mas a realidade é essa.
A gente quer sempre ser bom em tudo. O melhor sempre que possível. E que na maioria dos casos, isso não é uma denotação freudiana que diz respeito ao ego. É só vontade de ser amado. Não aquele amor de filmes, buquês de rosas e poemas apaixonados. Aquele amor que a gente sente por pessoas de boa índole. Uma admiração quase imaculada por aquele ser que fez seu melhor para melhorar tudo.

A falha não é querer ser o melhor em tudo e amar tanto o mundo a ponto de desejar ser amado por ele todo. É a frustração ao descobrir que isso é quase impossível. Não entrarei nos clichês que citam um certo salvador judeu catalogado como cristão, que mesmo multiplicando pães e peixes e transformando água em vinho, não agradou a todos. Nós nunca vamos agradar todos. Nem seremos amados por todos.

Há os que se opõem. E os que se opõem às oposições dos opositores. E os que simplesmente querem discordar. Sem causa, razão, motivo, circunstância. Eles querem se opor.
Nessa disputa entre oposição e opositores, pessoas que querem ser amadas e um único mundo para todas elas, fica aqui minha afirmação inicial. A partir de agora não tentar amar o mundo e não querer ser amada por ele. Não tanto.

Mas isso não quer dizer que vou deixar de fazer as melhoras que faço (ou pelo menos que penso que faço) por essa razão. Seria egoísmo. E Gandhi não era egoísta. Eu acho...

"No calor, no frio
Ria, ria

Ria

Como nos aconselha
Essa doce velha

Cheirando a alecrim
A alegre alegria"

Manuel Bandeira

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Velocista nato

Ah, é uma merda virar adulto!
A gente precisa estudar porque ainda não é adulto.
A gente precisa trabalhar porque não é mais criança.
A gente precisa dar satisfação para os pais porque ainda não é independente.
É uma merda virar adulto!
Volta 16 anos!

As preocupações eram fúteis.
O que vou ser quando crescer?
Que corte de cabelo vou usar?
Que curso e para qual faculdade vou prestar vestibular?
Será que voltarei a falar com minha melhor amiga?


Quando começa a nova temporada de Gilmore Girls?
A louça não se lava sozinha mesmo?
Amanhã é prova de quê?
Para quando é o trabalho de biologia?

As maiores frustrações eram as ilusões da mídia
Que colocava adultos de 22 anos
Interpretando pessoas de 16


Volta 16 anos!

A gente não é adulto
A gente não é criança
A gente é tudo
E por isso mesmo, nada
E por isso mesmo, faz cagada
Sem tanto medo de ser pego

Se não é mais criança, não fica de castigo
Se ainda não é adulto, não corre tanto perigo
E em caso de dúvidas, culpa os pais
Os irmãos, ou os melhores amigos

Volta 16 anos!

Mas o tempo não volta
Ele só corre
É um velocista nato
E quando chegarmos aos 30
Nosso berro será
Volta 20 anos!

Eu era feliz e não sabia
Começava a planejar tudo que queria
Era livre, ainda que na correria
Contra o tempo
Contra o vento
Que enruga a pele
Mas não de frio
De idade...

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Psicologia colorida

Hoje eu acordei tão... oliva...

Não o azeite e nem a planta
A cor
Sou tão oliva
Hoje

Tem dia que a gente acorda de cor diferente
Já fui fucsia
Já fui escarlate
Já fui Royal
Já fui Amarelo real
E verde musgo e
Bandeira
Não o poeta
A cor

Já fui preta, branca e roxa
Já fui azul, laranja e marrom
Já fui lavanda
Não a flor
A cor

E essa coisa de ficar sendo cor
Às vezes é coisa boa
Às vezes é dissabor

Hoje sou só oliva
Cálida, mas verde
E há ainda quem acredite que seja apatia
Mas não é
É cor

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Sobre melancolia, amor e sal de frutas

É sempre tão mais fácil falar de amor quando a melancolia é a única do nosso lado. Fica tão poético escrever sobre a suposta dor provocada pelo amor.

Todo mundo começa a liricar. E se empolga. Cria sonetos.

Tudo isso para tentar aliviar esse nó no peito chamado amor platônico/ mal-resolvido/impossível/incompreendido/bandido e tantas outras definições.

É tão mais fácil escrever sobre os sentimentos no ápice de sua efervescência; porque eles são assim mesmo, um sal de frutas num copo d´água.

Ficam guardados em algum lugar, mas se efervessem rápidamente ao entrar em contato com a água. E depois, fica aquele gostinho, metade bom/metade ruim (aliás, se algo é metade bom, pressupõe-se que a outra metade seja ruim, tornando o termo citado um completo pleonasmo).

Deixemos os poetas de azia trabalharem em paz.
Dizem que a tristeza e o frio trazem inspiração.

Eu não estou com frio e minha tristeza é sempre menor que minha alegria.
Pelo menos, por hora.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

It´s all globalised...

O mundo anda tão globalizado... Já vi chinês se auto-apelidar de Rambo. Senhoras de 77 anos usando o pen drive numa lan house. Crianças de 6 anos que falam Psychobilly freakout. Donas de casa de meia idade usarem hair spray para domar fios rebeldes. Vovôs instalando hardwares.

De fato, o mundo agora fala inglês. E aos poucos, vai pegar o mandarim, com o dragão dos PIBs só crescendo e abafando os demais.

Em um mundo tão globalizado, tão digitalmente incluso, tão miscelânico e miscinegado, estava eu de manhã observando o dito pela janelinha de um ônibus que ía de São Bernardo (da Borda) do Campo para a megalópole paulista.

Distraída e com muito sono (ah, ouvindo Raul Seixas), deparo-me com um açougue. Dentre todos os nomes convencionais de açougues (Vila Pires, Rei da Faca, Boi no Espeto, Carne Louca...), eis um bem peculiar... White Boi.

Minha primeira reação foi espanto. Depois indignação. Depois eu só conseguia rir.

Cheguei a pensar: "That´s getting ridiculous"... pois é, eu penso em inglês. Às vezes, em francês também...

Está tudo globalizado..
It´s all globalised...
Tout est mondialisé...
Todo está globalizado...
Alles ist globalisierten...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Marinheiro só...

Às vezes é estranho... fico pensando em como me sinto triste por diversos motivos que podem ser inventados pela minha cabeça só para me deixar triste. Sinto falta de algumas pessoas que não tive contato. Tenho saudade de lugares que não conheço. Sinto vontade de fazer coisas que nunca fiz. Lembro de viagens que não viajei. Sinto saudade de quem não está tão longe. E falta do que não posso ter.

Se isso não é estranho, é puro masoquismo. É aquela vontade de ter algum motivo para ser infeliz. Aquela angústia que brota dentro das costelas quando algo bom acontece. É uma melancolia inspirada por uma felicidade tão grande no atual momento que jamais será alcançada novamente. É sentir falta do próximo instante alegre.

Mas além de estranho, é muito difícil explicar. Porque sempre haverá aquele que não entendeu o contexto, que acha que nossa vida é tão boa para procurarmos defeitos e nos angustiarmos só pelo suposto prazer de se angustiar.

Só que nos angustiamos sem querer, com medo de que uma maré de boa sorte anteceda um temporal. Afinal, cada um tem dentro de sim um barquinho, que veleja dentro do peito, para lá e para cá. E quando o mar está calmo, a gente começa a sentir que logo isso muda. E é essa mudança de maré que tento escrever.

Só espero que meu velejador seja hábil e domine cada onda forte com mais força do que a própria onda.

E aos que não entenderam nada, continuem boiando.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Capítulo V

Começado seu mundo-apartamento, era preciso antes de mais nada o crucial: um apartamento. Tinha algumas reservas "de meia" nos dois anos e meio que trabalhou com o imprestável telemarketing. A despeito de qualquer defeito, o pai da moça de boca rouge jamais pedira seu dinheiro. Achava que como pai de família, tinha o dever de manter a casa sob seu comando e seu dinheiro.

Nos primeiros meses longe de casa, de sua vida, de sua família e amigos, iria morar e trabalhar com seu já citado tio, no apartamento no mesmo prédio que a cafeteria/livraria.

Era difícil acreditar que começava uma nova vida... e que só pode trazer consigo uma parcela de seus amados livros e cds... e sapatos... era uma das coisas da quais ela mais sentia falta... fora sua mãe, seu cachorro e seus amigos. Talvez não nessa ordem.

Sentada no avião, a nossa protagonista começou a pensar:"Londres, dizem que chove 2/3 do ano lá... será que vou me adaptar? E meu inglês sofre de fraqueza crônica, como posso tonificá-lo? Sinto falta de tudo... do meu quarto... e se meu travesseiro não foi produzido nos mesmos padrões que aqui? Vou passar semanas com insônia até encontrar o travesseiro exato..."

Ainda infantil, mal sabia que tudo mudaria dali para frente.

O avião posou finalmente e a última coisa que ela desejava ter trazido naquele momento foi sua coleção de sapatos. Viajou com o par recém comprado e seus pés simplesmente triplicaram de tamanho durante a viagem.

Pausa para mais um defeito latente da personagem:

Sob circunstâncias de dor, fome, sono, tornava-se altamente irritada e nervosa.

Seu tio foi buscá-la no aeroporto. A primeira coisa que fez foi lhe entregar um enorme muffin de chocolate com um copo de café expresso do lado. Sábia decisão. Foram conversando durante o caminho, enquanto a moça olhava tudo à sua volta. Parecia um conto de fadas moderno. Mesmo com as pixações, os muros tinham uma aura envolvente de mistério e misticismo que ela não sabia explicar. Bem... nem ela, nem eu.

Viraram a esquina e uma cafeteria/livraria charmosa, com uma fumaça suave saindo da calçado recém-regada pela chuva subindo à frente chamaram atenção. Era de tijolos vermelhos e um toldo listado de verde e branco. Placas com flores decorativas em suas bordas indicavam a atração do dia. Uma sineta prata indicava quem entrava e saia de lá. Geralmente, as pessoas carregavam uma sacola de tecido com o nome da loja e um copo de café. Isso era unânime. Como era unânime o fato de todos acharem tal moça misteriosa tão bela quanto uma manhã de natal agraciada pela neve.

Leia antes...

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV


segunda-feira, 16 de junho de 2008

Para postagens com algum teor informativo, é necessária antes de tudo, uma pesquisa detalhada sobre o tema, que envolve uma disposição da qual eu não disponho...

Por isso, voltemos à temporada de lirismos imaginários espontâneos!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dor de dente

Fica aqui quase invísivel
A saudade do que não veio
Da vontade do que não tenho
O desejo que não obtenho
O relevo do meu desenho
Aquela coisa tão concreta
Disfarçada de abstrata
De linhas e formas incertas
De fidelidade semi-intacta
Não que não seja intacta
Mas parece partida agora
Parece mais ferina do que era
Parece uma jogatina
De presa e fera

Fica apenas o desejo flamejante dentro do peito
Aquela coisa que arde sem se ver, como diz Camões
Mas ele mente
"Dói e não se sente"
Sente sim! Dói sim!

Mas dói do jeito estranho que dói um dente mole
Prestes a cair
A gente quer que vá embora para vir outro a cobrir
A ausência desse
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terça-feira, 10 de junho de 2008


E aquela coisa de jornalismo maquina na cabeça, fervilha as idéias e dói na vista...

E aquela coisa de jornalismo, sem nome, sem diploma, com mania de grandeza de se achar o entendido...

É aquela coisa de jornalismo que move meio mundo para parar a outra metade...

Brasil, mostra a tua cara... quero ver quem paga...

Há algum tempo tenho evitado postar sobre o tema, pois sei que com toda certeza causará a polêmica gerada por opositores e até por certos hipócritas. Mas chegou o ponto de definição. De que lado ficar: libera ou não libera a maconha?

Embora haja todo o misticismo de que vá aumentar a violência e estimular o consumo (o que não passa de chorumelas a meu ver), o causo é o seguinte:

* Quem usa, vai continuar usando, legal ou ilegalmente. Essa é a realidade.

* Tais usuários têm duas alternativas de adquirir a suposta erva: cultivando em seu quintal (o que não é crime, afinal é para consumo próprio e está dentro de seu espaço privado), ou com traficantes.

* Com o comércio ainda ilegal, os traficantes saem na frente. Cultivam, vendem baratinho e até empurram outras drogas junto...

* O governo não tem controle. A partir do momento que a coisa é ilegal, o governo perde sua autoridade. Parece contraditório, mas se pararmos para pensar, com a legalização, a fiscalização seria maior, o comércio geraria menos violência e ainda há vantagem da cobrança dos impostos: você prende um traficante não pelo comércio da droga em si, mas por sonegação de impostos, no maior estilo Al Capone.

* Acabariam as propagandas hipócritas que aterrorizam com informações exacerbadas sobre as drogas, muitas vezes apresentadas por atores que já as usaram. Começaria um processo de reeducação nacional: uma explicação detalhada e não-fantasiada sobre os reais efeitos, o que cada uma faz, o que motiva uma pessoa à usá-la, porque não é saudável etc.

Em entrevista à Revista Época (nº 525- 9 de junho de 2008) a juíza aposentada e ex-defensora pública do Rio de Janeiro, Maria Lúcia Karam, coloca um "inecolocável" por um juíz até o momento: "Proibir as drogas é inconstitucional, uma vez que a constituição garante a liberdade individual". A ex-juíza absolveu um réu preso com 7,7 gramas de cocaína (segundo consta, portar drogas para consumo próprio não é ilegal).

E ainda defende que em uma democracia, qualquer proibição é exceção e que faz parte da já citada liberdade individual você querer se fazer mal.

E se seguirmos essa linha de pensamento, ela está coberta de razão. Cada um é dono de si, como diz o dito popular. Não interferindo a liberdade individual do próximo, o ser é livre em suas escolhas. Se elas implicam no uso de drogas, já é uma questão educacional.

No programa "Gordo visita", que vai ao ar pela MTV, o vj João Gordo visitou Marcelo Nova, ex-vocalista da banda Camisa de Vênus. Nova apresentou justamente uma argumentação semelhante a proposta por essa retórica: que as campanhas contra as drogas são patéticas, que tentam uma educação de não-uso intimidando e colocando medo no público alvo. Defende o argumento da não-hipocrisia: se droga não fosse bom, não tinha tanta gente usando.

Sem os radicalismos, acho que a proposta citada por Marcelo indispensável para uma campanha legítima contra as drogas: mostrar, explicar, citar e exemplificar cada droga, o que fazem, como se usa. E quando cita drogas, inclui álcool e cigarro.

O Brasil precisa parar de se esconder atrás dessa moita de maconha, deixar a hipocrisia de lado e mostrar que o mal geral não é tão somente o tráfico/violência/drogas, mas também a (má) educação.



Ps: eu não uso e nem nunca usei drogas exceto o álcool. Por um fator determinante: a educação que foi dada. Oportunidades não faltaram.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

terça-feira, 3 de junho de 2008

Inusitado

No feriado passado, voltando de 4 dias na legítima Pasárgada, me deparei com um fato inusitado que evidenciou o quanto São Paulo é multiculturaltudomisturadonumacoisasó.

Voltando de carro, já em uma avenida grande cujo nome não recordo, me deparei com a seguinte cena: haviam galinhas ciscando no canteiro no cruzamento da rua que era ligada à avenida. Tá, pode não ser tão incomum ao leitor, mas imagine no meio de São Paulo, galinhas num canteiro.

Cada coisa que vemos. Um lugar cheio de tudo. Tudo mesmo. É encantadoramente assustador. Pela simples incerteza do que encontraremos.

É tanta coisa estranha. É tanta coisa extraordinária. É tanta coisa bonita. É tanta coisa...

De hippie à patricinha, de japonês à judeu, de milionário à mendigo, tem de tudo. No mesmo quarteirão.

Não adianta. Pode ter trânsito, poluição, muita gente, muita violência. Eu vou continuar gostando de lá... Com aquele medo comum de todo paulista, segurando minha bolsa no metrô, andando de vidro fechado no carro, lendo as placas com todo cuidado para não me perder.

Mas amar, vou continuar amando.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Sobre verrugas e beronhas

Uma sábia índia me disse uma vez que amores/amizades/causos mal resolvidos provocam o surgimento de verrugas. Embora não haja nenhum embasamento científico nisso, eu creio em tal diagnóstico. Até porque, ele se provou verdadeiro duas vezes.

A primeira foi por causa de um pseudo caso de amor sem resolução. Eu gostava, ou achava que gostava, de um garoto da minha sala na quinta série. Éramos melhores amigos. Ele conhecia e freqüentava minha casa. . Eu conhecia a mãe dele, que até o dedurou uma vez, dizendo ouviu seus berros durante o sono anseiando por mim.

Mudei de escola. Mudei de gosto. Mudei. E simplesmente fingi que nada aconteceu. Um pseudo- namorico de criança não tem nada de nocivo. Até surgir a maldita "beronha" no meu polegar direito. Cremes, pomadas e rezas não tiravam-a de lá. Mordia, espremia, sangrava (sim, hoje eu sei que isso não deve ser feito em hipótese alguma). Ela sumia. E voltava.

Depois de dois anos, quando finalmente o vi agarrado com a minha vizinha, feio, espinhento e quase do meu tamanho, achei que era hora de me livrar de uma vez por todas daquela verruga. Adotei o velho procedimento pós-banho que consistia em expremê-la até sair toda a pele daquela área, sangrar, virar uma ferida e cicatrizar. Dessa vez deu certo.

O outro caso foi uma pseudo-amizade com duas garotas no segundo colegial. Nada que valha a pena ser citado. A indesejada surgiu sobre o dedo médio da mão esquerda, de forma tão ínfima que acabei por ignorá-la. Verrugas são sentimentais e carentes. Se não têm a atenção que anseiam, tornam-se murchas e invisíveis até finalmente sumirem. Essa foi mais rápida. Ainda bem;

Meu conto todo é somente para dizer o seguinte: não deixe nada parado na sua vida. O que fica parado gera energia negativa e vai refletir em alguma parte do seu corpo. Pode não ser como uma verruga, mas vejo tantas mulheres reclamando de
celulite.

Uma esteticista me disse que a celulite é uma energia parada, alguma coisa que não fluí direito no seu corpo (e obviamente o Mc Donald´s em demasia).

Faça as coisas andarem. Deixa a vida fluir. Ou então aproveite ao máximo suas verrugas e celulite.

Ao lado: Maria Sharapova (muito bela, ainda que com celulite).

terça-feira, 27 de maio de 2008

Folha sem pauta

Poderia dizer que sou como uma folha de caderno em branco, mas estaria mentindo. A folha de caderno sempre tem uma pauta. Já eu, não posso afirmar o mesmo...


Como aspirante à jornalista, tenho sido um fiasco total, por assim dizer.
Não trago nada noticioso, inovador, que acrescente algum teor informativo. Algo que legitime aos olhos dos leitores minha posição de futura "foca".

Alguns poemas meus, outros roubados de Bandeira, Pessoa ou Vinícius. Algumas interpretações pessoais e superficiais das reportagens de alguns tablóides. Críticas não lidas de filmes, livros, situações, pessoas, comportamentos, feriados e até seres mitológicos.

Momentos de pura e imaculada insanidade, citando propagandas de cremes dentais ou frases dos personagens secundários da falida Gilmore Girls...

A verdade, nua e crua, meus caros companheiros leitores, é que vocês são a grande motivação para eu continuar com toda essa zorra. Seus comentários, elogios, críticas, sugestões, participações e visitas fizeram do submarino o que ele é... ou tenta ser...

O que era um lugar para apenas melhorar as técnicas de redação, tornou-se o abrigo de alguns blogs, a leitura informal de internautas entediados, o elo entre algumas pessoas e a autora que aqui vos fala, enfim, uma gama de alternativas para (com todo o respeito) os desocupados como eu.

Se isso me torna mais jornalista ou menos, melhor redatora ou não, não posso afirmar. Só sei que nada sei. E que agora vocês também sabem.

Obrigada mesmo... do fundo desse órgão pulsante acomodado cautelosamente na caixa torácica.

Jornalista ou não, com ou sem pauta, pretendo permanecer por aqui por quanto tempo for possível.

terça-feira, 20 de maio de 2008

A arte do bocejo...


Em diversas pesquisas realizadas sobre o tema, já foi comprovado que o bocejo é contagioso.
Ao ver uma pessoa bocejando, sua vontade de bocejar é instantânea: abrimos a boca com gosto, o maxilar tensiona o queixo para baixo e... bocejamos. Nossa freqüência cardíaca aumenta em torno de 30% durante essa atividade. Estudos comprovaram também que o ato de bocejar é involuntário, uma vez que fetos de apenas 11 semanas bocejam.


Não satisfeitos com o fato que ser contagioso, cientistas tentam comprovar a teoria das três causas do bocejo: a teoria física, a teoria da evolução e a teoria do tédio.

Na teoria física, o bocejo é explicado pela indução do corpo para obtenção de mais oxigênio e liberação do dióxido de carbono.

Na teoria da evolução, os homens primitivos bocejavam para mostrar seus dentes.

Na teoria do tédio, o bocejo representa fadiga, sonolência e tédio.

E quando você lê sobre bocejo, te dá vontade de bocejar...

Fonte: Uol Notícias/Folha On-line

segunda-feira, 19 de maio de 2008

200 postagens

O "movida à" completa 200 postagens.

Um ano, um mês... e 17 dias.

Tudo isso para te entreter, te fazer rir, discordar, concordar, polemizar, criticar, elogiar alguma coisa.

Continue por aqui.

Por mais estranho que pareça, as portas do submarino estarão sempre abertas...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

O joio do trigo

E há quem diga que nós devemos aprender com tudo que acontece. Não só conosco. Mas com todos. O tempo todo. No mundo inteiro.

Há pessoas que simplesmente passam por nossa vida, sem rastros, pegadas. Sem marcas. Elas passaram e nada deixaram. Melhor assim.

E há outras em quem confiamos, entregamo-nos em plena amizade, amor, lealdade, fidelidade. E elas passam. Não sem deixar rastros. Deixam-os. E profundamente. Difícil de serem despercebidos. E apagados. São como a gosma repulsiva do caminho percorrido por uma lesma. É quase impossível não lembrar que ela passou por ali. Só nos esquecemos quando já está limpo. E só fica limpo, quando o fazemos. Mas e a coragem, para não dizer estômago para limpar?

Por fim, há as pessoas que ficam. Para sempre. Mesmo que ele sempre acabe. Elas estão lá, do seu lado, mesmo que não veja. Elas sempre estão com você. Sim, é um clichê. Mas é legítimo. Elas nunca sairão do seu lado. Porque lá é o lugar delas. Assim como você nunca sairá do lado delas. Seu lugar é aquele.

E embora nesses meus quase 19 anos e 6 meses eu possa arriscar a seguinte afirmação: "eu sei distinguir quem ou não vai permanecer do meu lado", não o farei. Sinto que logo em breve essa frase vai me perseguir porque mais uma vez julguei errado e me iludi quanto as pessoas. Mesmo já tendo errado desse jeito. Mesmo sabendo que todo dia, todo mundo, no mundo inteiro, erra desse jeito.

Contento apenas em saber peneirar um pouco melhor o que é joio e o que é trigo. Mas pode ser que eu não tenha peneirado direito.
O que é fato: água e óleo não se misturam. Ainda que a peneira falhe, a natureza não o fará.

Alguma coisa eu aprendi afinal...

A/C Evandro Silva

Ignorem essa postagem. É só uma ajudinha para um blogueiro bacana.


Dá um ctrl+g. Digite Beatles ruleia. Copie somente esse pequeno pedaço do código e mude a frase. Adicione no código de html do modelo do seu blog, logo no começo do código, debaixo do primeiro head.

Finito.

Nem por aqui foram as instruções exatas, tive que improvisar.

Espero ter ajudado.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Publicidade afetiva

Depois de gritar, quebrar todos os pratos, explicitar cada sacrifício feito por ela e chorar, em quase fase de desistência, ele pergunta:

- O que você quer afinal?

Ela, sem mover um músculo facial a mais do que o necessário, responde:

- Eu quero propaganda de margarina.

Ele já não entendia mais nada. Achara que dessa vez ela tinha enlouquecido. Mas antes que ele pudesse perguntar, ela completou:

- Quero uma casa ampla, não precisa ser mansão, mas precisar ser clara, ter planta, ter foto, ter cachorro. Ter vida. Quero acordar de manhã e pegar o pote de margarina para o melhor café do mundo. Quero beijo na testa e banho de mangueira. Quero criança, velho, vizinho, adolescente, namorados deles, irmãos dos namorados. Quero torrada com geléia, bolo quentinho e café fumegante.

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No fundo, a maioria quer propaganda de margarina.

terça-feira, 13 de maio de 2008

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Capítulo IV

Deixemos de lado a moça, seus defeitos, seus encantos e seus amigos vitais. Vamos ao seu mundo, o "mundo-apartamento".
Antes de começar a contar como fora parar lá, vamos enfatizar uns causos:

A moça era tão teimosa quanto poderia ser.

Ela herdara essa teimosia de seus pais, era evidente.

Cumpria sempre suas promessas. O que era uma coisa boa, mas no caso, também torno-se uma coisa ruim.

Quando tinha 15 anos, por uma razão que não será citada nem nesse e nem nos próximos capítulos, a moça, que no caso ainda era uma menina, discutira gravemente com seu pai. Insultos foram proclamados, embora duros, não eram legítimos. Naquela data, a menina-moça prometeu que jamais seria ofendida de novo por uma coisa que não fizera.

Meses antes da cena que inicia o primeiro capítulo, nossa protagonista cumpriu sua promessa. Em outra grave discussão, foi caluniada com termos que beiram mentirosa e falsa. Ainda morava com seu pai na época. Na mesma noite, juntou todas as coisas que eram possíveis de carregar e foi embora sem despedir-se, ignorando os apelos e soluços de sua mãe.


Bateu às 2:34 da manhã na casa de sua amiga de cabelos mel e olhos de âmbar. Não foram ditas frases e nem palavras de consolo. Ao ver todas as malas, livros e caixas paradas junto à porta, apenas abriu mais o vão e deixou que entrasse.

Assim que se acomodou, ligou para seu tio, que morava um pouco longe dali. Londres.

Algumas atribuições ao tio da moça:

Ele era bem velhinho, pois quando sua irmã caçula nascera, acumulava uma experiência de vida próxima dos 20 anos.

Era muito próximo a essa tão peculiar sobrinha, sendo o responsável por seu amor aos livros e a leitura no geral.

Não sabia como não ajudar as pessoas. Fora tapeado muitas vezes e essa era a freqüente reclamação da família.

Morava em Londres desde a morte de sua esposa. Um bandido a matara. Queria seu fígado, mas ela resistiu. O câncer era maligno e a rendeu em poucos meses.

Possuia dois filhos, os gêmeos. Ambos eram integrantes de uma banda de rock e passavam o ano todo viajando em turnês. Não que a banda fosse famosa... mas eles achavam que assim poderia ser...

Era dono de um café-livraria em uma das mágicas ruas londrinas. A livraria era em cima, o café, em baixo. Do lado, apenas umas casinhas antigas que abrigavam recém-casados. Do outro lado da rua, um prédio de 15 andares.

Ao solicitar o auxílio do tio, a primeira frase que ouviu (e é o primeiro diálogo direto nos últimos 4 capítulos):

- Você precisa de novos ares.

Feito. Mudara-se para Londres, para trabalhar no café-livraria com o tio. Na despedida, apenas a mãe e os 3 vitais amigos. A mãe só soluçava, embora compreendesse que era a melhor coisa a ser feita no momento. Uma das amigas chorava de saudade ainda não sentida. A outra, sentia uma angústia silenciosa que beirava a raiva por deixar que ela partisse. O amigo-irmão a abraçou forte e disse:

- Cuide-se menina. Muito em breve farei-lhe uma visita.

Partiu. Sem pretensões de voltar tão cedo. Criara a partir daquele instante, o seu mundo-apartamento.

Leia também:

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III