quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sorte ou revés?

Aquela tola novamente jogou o dado. No "Banco Imobiliário" sempre tirava revés. E nunca ganhava nada. Tinha Ipanema e Copacabana e perdia sempre. Sempre o revés fazendo os seus planos ruírem com suas aquisições e bens.

Mas tola como é, entrou na roda e jogou o dado. Para perder tudo de novo. Era incrível, se recuperava com uma facilidade enorme, mas sempre perdia tudo de novo. Talvez a capacidade de se erguer fosse equivalente a de cair.

E talvez não fosse tão tola assim. Quem sabe devesse deixar "Banco Imobiliário" para os calculistas e frios e se empenhasse no "Jogo da Vida"?

Quem sabe.

sábado, 22 de agosto de 2009

Assim

Uma caneca, empoeirada
Uma peteca lançada
Uma volta dada
E pronto
A vida mudada

Um olhar
Um sussuro
Um puxão
Um murro
E pronto
A rota alterada

Um jogo de palavras
Uma rima sem graça
Uma amiga sem graça
E sem graça, uma piada
E pronto
Uma linha traçada

Um aumento crescente
Um complô decadente
Uma dupla ineficiente
E pronto
Uma grande roubada

Um canto baixo
Um contra-baixo
Um aperto torácico
E pronto
Um período jurássico

3 copos
4 garrafas
2 amendoins
1 fim

E pronto...
Uns versinhos assim...

sábado, 15 de agosto de 2009

Capítulo IX

Leia antes:

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII


Caída no chão, assim permaneceu. Junto com a carta, a vaca de pelúcia e as flores. O silêncio que sucede o esporro. Seu mal humor agora era justificável. Talvez não. Talvez aqueles fossem presságios de que bons tempos viriam após um período altamente cinza.

Permaneceu ali, sem reação. Não havia muito a ser dito, a ser feito, a pensar. Melhor não pensar, não fazer, não dizer. Podia só erguer-se e trocar de roupa, vestir seu avental e lembrar que o astro-rei já tinha raiado de novo. Podia esperar tudo voltar à ortodoxa ordem natural das coisas. As marés irem e virem, o sol baixar e dar um selinho na lua. A lua descer sem se despedir do sol.
Mas não faria isso.

Ergueu-se, trocou a roupa de dormir e desceu as escadas para sair e dizer ao mundo que não faria nada daquilo que era esperado. Encheu os pulmões de ar, fechou os olhos e ouvir alguém se aproximar e dizer:

- O que aconteceu?

Virou-se. Era a mulher do chapéu vermelho de longas abas, só esperando uma resposta. Que veio com os olhos cinzas marejados, uma mudez interminável e um abraço recém-descoberto. Estendeu a carta e esperou a mão pegá-la. Mas a mão não pegou. A mão encostou na outra mão e pediu calma como só as mãos sabem fazer.

- É, eu sei. Eu sabia desde sempre. E esperava.

O que ela sabia? O que ela esperava? Do que estava falando? Não sei dizer. Só sei que os olhos cinzentos se fechavam agora em um gesto de submissão à claridade do astro-rei, que já beijava o rosto das duas naquela manhã tão agradável, cheirando primaveras e brincos de princesa da floricultura próxima.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Yellow

Faz dois anos já... Parece que foi ontem que ela chegou berrando por cima do meu ombro, me chamando de famosa, batendo na minha tipóia e fazendo para sempre parte da minha vida.
Na época era uma menina recém-crescida, que acabara de sair do colégio e completara há pouco 17 anos.

Foi preciso pouco para se tornar indispensável. Afinal, quem poderia não gostar daquela risada esculachada altamente reconhecível em qualquer parte da Metodista (em qualquer um dos campus- Rudge, Vergueiro ou Planalto)?

Mas por alguma razão perdida no emaranhado dos semestres, ela sumiu. Talvez não fosse mais menina. Tornara-se agora apenas crescida. A sua ausência era ao que poderia chamar de "uma das piores crises de abstinência de café que já tive". Dores de cabeça fortes, insônia e tremores. Às vezes, até choro e raiva.

E quando menos esperei, umas letrinhas formavam um texto convidativo, que parecia tão sincero e familiar. Quem poderia não gostar?

E o que um ano, quatro meses e alguns dias separaram, um dia cinza e um email uniram. E ela voltou. Tão diferente, mas ainda a mesma... E no dia em que eu completei 20 anos, ela voltou. E agora, completa ela 20 anos.

Minha estrela amarela, devoradora de porquinhos da Índia, minha grande amiga. A moça do chapéu de feltro vermelho. A menina que gostava dos palhaços. Jovem mulher, quase formada, jornalista, noiva, motorista... Cabeçuda querida.

Feliz aniversário. Tudo mesmo de mais magnifíco, não tão somente hoje, mas sempre e além. Até depois de sempre.

- Iátchi.
Onomatopeia: Glup!
- Ôpa!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Pós

Disseram que ele não era meu pai, mas hoje é inegável. O mesmo nariz pontudo e os olhos azuis (os dele mais que os meus, meio sujos de cinza) comprovaram o que as pessoas contestaram.

Não sou a filhinha querida do papai, não fico de melações e costumo brigar muito com ele. Até me zango quando dizem que sou sua versão feminina.

Mas está ai, ele é meu pai. Com tantos defeitos e tantas virtudes. Com suas explicações extensas sobre porque a minha sapatilha não é de plástico, como a panqueca é feita ou porque o DOS ainda é essencial em nossas vidas.

Sem diploma universitário, ele é de tudo um pouco. Encanador, costureiro, cozinheiro, eletricista, terapeuta, pscicólogo, engenheiro, pedreiro, marceneiro. Enrolado.

Ele nunca leu nada além dos manuais de eletrônica para mim. Nunca fez uma casa na árvore ou me levou para jogar bola. Nunca brincou de casinha, nem comeu o meu arroz duro sem chiar. Brigou comigo quando arrumei meu emprego aos 16 anos e não queria que eu fizesse jornalismo.

Mas está ai: cai a resistência do chuveiro e eu, ensopada, me enrolo no roupão enquanto ele conserta o mais rápido possível para eu terminar meu banho.

Me ajudou a construir o modelo de uma molécula de DNA helicoidal, que ainda por cima girava quando apertava um botão. Foi no especial do Dia das Mães porque minha mãe não pode ir.

É complexo. Ele sabe o ponto exato do cozimento de um ovo, mas berra toda vez que precisa mandar um email. É capaz de construir um controle remoto que move objetos de mais de 200 quilos, mas reclama de ter de lavar um copo. Carregaria minha família inteira nas costas, mas não coloca as próprias meias sozinho.

Meu pai é um conjunto de antíteses. E alguém tão polêmico merecia uma citação no meu blog.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

News

Pessoal...

Em meio a tantas notícias tristes como as mortes por gripe suína, a lipo do Ronaldo e o noivado do Orlando Bloom, eis uma boa: eu agora tenho uma coluna de cinema!

Para aqueles que sempre gostaram dos meus textos, convido-os a lerem o Cine +, no portal Arena News.