terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Sem graça

Nasceu falante
E nem era alto ou auto
Tirando assim o teor humorístico

Morreu calado
Mudo
Desnudo dos seus mais belos verbetes

Queria o mundo
Conseguiu-o por alguns instantes
E perdeu tudo para todo o resto dos dias

E pensou naquele instante que teve o mundo
Que nada seria como era antes
E nada seria tão bom quanto aquilo

Calou para sempre
Arrastou suas correntes
E amarrou-as no pé do abismo que iria saltar

Saltou
Um pulo sem volta, sem razão
Sem causa
Sem emoção

Sobraram apenas as lembranças de quem o teve
As palavras que manteve
E a frase que cravou na rocha que lhe tirou o que sobrara de vida:

"Em todos esses anos nessa indústria vital, essa é a primeira e última vez que isso me acontece."

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Algumas das coisas que já aprendi- Parte II

Como foi feito no Pós Crise Pré- 20, listo abaixo algumas das coisas que já aprendi com o acréscimo etário anual. Faz menos de um mês, mas já é possível sentir a diferença. Ainda que ínfima.

O mundo parece mais pesado, como se eu fosse Atlas com problemas nas rótulas (LAUREANO, Franco Paula- As verdades que digo; Ed. Contexto- 2009). E talvez eu seja. Talvez cada um de nós seja Atlas com alguma moléstia mortal. Alguma coisa que faça o mundo individual de cada um pesar um pouco mais. Que nos faça ser um pouco menos.

Aprendi que certas pessoas sempre vão te desapontar. E não importa quantas vezes isso ocorra, você sempre vai dar uma oportunidade para elas o fazerem. Basta apenas entender que é inevitável. Te magoar pertence à natureza delas e nada vai mudar isso.

Admito, aprendi que raiz não tem acento como eu achava que tinha e cheguei até os 21 anos acreditando que sim. Nenhum dos meus professores jamais me ensinou que estava errada. Obrigada Aline por me ensinar isso.

Descobri que ser engraçado abre muitas portas. Ser comunicativo ajuda em muitas coisas. Não ser tímida ajuda demais, principalmente nos momentos em que o pisca-alerta do "Fudeu" é acionado. Nunca fui tão grata pelos 2 malditos - digo incríveis- anos de teatro, que arrancaram todo o instinto "bicho do mato" da essência elsística.

Achei mais alguns irmãos perdidos por ai. Mas não daqueles sanguineos. Aqueles cuja afinidade é tão grande que eles sabem por e-mail quando estamos tristes, quando estamos contentes, quando não estamos nada. Aqueles de alma.

Aprendi que paciência é uma virtude da qual não dispunha, mas que aos poucos, vou ganhando. As pessoas são limitadas e eu preciso aceitar isso. Não posso me comparar aos outros, nem para melhor, nem para pior, pois cada um vive em seu mundo individual. Cada sujeito tem seus predicativos de acordo com a sua necessidade. Infelizmente, as de alguns são ínfimas e os impedem de desenvolver-se muito mais, deixando apenas ostras para trás.

Sei agora também que aquele clichê de que o mundo pesa menos quando a gente gosta de alguém é amargamente verdadeiro. Que os filmes da Meg Ryan são apenas filmes, que não dá para mandar nesse comboio de corda.

Vi que quanto mais longe e sacrificado o trabalho é, mais vontade de voltar para casa eu tenho. São Paulo é grande demais e eu, tão pequena. É um choque muito grande se ver sozinho, mas às vezes, é preciso.

Aprendi principalmente que tudo o que é sólido se dissolve no ar. Hoje é o limite, amanhã é a promessa e o ontem já se foi.

E eu por aqui fico, ainda não deixando o velho costume de matutar sobre cada acontecimento e pensando no que vai estar escrito no Pos Crise Pré-22.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Caixinha de música

- Está chovendo, frio e úmido e é segunda-feira...
- Eu vô.
E veio.
E véio.
O jovem véio que nada tem de velho e só faz ser jovem o que estava empoeirado aqui dentro.
Embolorado e emperrado. Como uma caixinha de música que já não mais tocava porque ninguém dava corda.
Toca agora suave melodia, bailando internamente a valsa dos contentes.