sexta-feira, 25 de março de 2011

Domin(ação)

Angústias que doem como dedos queimados na panela de água quente. A gente simplesmente não entende como aconteceu. Só sente.

Cabeça tão cheia desse mundo tão vazio. A gente não pede, apenas mede.

Olhos que se enchem e se esvaziam como se o fizessem com cada piscar. A gente não domina, só elimina.

Coração já pesado por fardos passados. A gente não bate, só rebate.

A coisa certa é às vezes tão incerta que dá merda.
A gente não escolhe, só acolhe.
Só recolhe.

sexta-feira, 4 de março de 2011

O Jarro de Margarida

"Um espaço em uma longa mesa de madeira num cantinho perdido da Vila Madalena. Um dia cinza, com chuva e um gosto de sofá com pipoca.

Assim ela se foi. Assim a levaram. Aquele lugar que sempre tinha uma flor. Duas, com ela. E triste que um inseticida e post it agora ocupem o lugar dela.

Ela era a jarrinha de margaridas que nunca murchava na mesa, em meio a notebooks e papéis. A bagunça era até mais bonita.

Mas se foi e fica a sensação de perder uma irmã mais velha recém– conhecida. Mas eu sei que na frente a gente vai se encontrar e ela vai estar muito, muito melhor. E eu também. E vou dar um abraço com um saudoso sorriso de quem não tem intimidade, mas sente falta."


Para Fernanda Perez