sábado, 12 de outubro de 2013

Rogerg Asmas

Faltam dois minutos para às 3 da manhã. Eu estou no terceiro cigarro. Faz quase 6 meses que estou sem emprego fixo. Levei 7 anos para me formar em jornalismo. Estou com quase 25 anos. Peso 50 quilos. Meu número de leucócitos é 5000. Na minha conta, tenho alguns reais. Faltam menos de 90 dias para 2014.

Alguns números aleatórios nessa sexta-feira em casa, com a cabeça borbulhando de ideias e dúvidas, de mágoas e medos, de ressentimentos e uma enorme sensação de fracasso. Ouço desde os 6 anos de idade que escrevo bem, mas isso, no momento, não tem valido muita coisa. Fico me perguntando se terei escolhido a profissão certa o momento errado.

Em uma rasa metáfora, poderia dizer que meu peito é como um caldeirão que borbulha com expectativas frustradas e que isso só cessa quando crio novas. É um ciclo repetitivo que tem se propagado nesse quase um quarto de século. Há dias,como hoje por exemplo, em que eu acordo repleta de uma euforia que me faz sentir capaz de aprender e fazer quase tudo. Mas isso se esvai antes das 6 da tarde sem ao menos eu entender o por quê.

Dizem que tudo tem um tempo certo e um motivo para acontecer. Também dizem que precisamos ir atrás das coisas para que elas de fato ocorreram e que, às vezes, nem assim. Então me pego insone de madrugada pensando em tudo que dizem, digo apenas que as pessoas falam demais. Sei que não vou acordar amanhã e todas as minhas preocupações estarão resolvidas por decreto. Sei também que ficar inerte não é a melhor solução em 90% das ocasiões. O que eu não sei  ainda é como mudar, ou melhor, como lidar com isso.

Remexendo em textos e cadernos velhos guardados entre minhas estantes, percebo que muito do que era há 10 anos permanece igual. Questiono essa essência conformista travestida de amargura que de vez em quando impregna em mim. E no fim, penso que são só palavras, ou só números, ou só expectativas, e que no fundo, tudo é igual até que se mude. Mas eu não mudei. Ainda não.

Quero ser Gregor Samsa sem ter transformado-se em um inseto monstruoso. Quero a tal metamorfose kafkaniana ao contrário, sem resquícios de sonhos intranquilos.