quinta-feira, 21 de abril de 2016

Bela, recatada e do lar

Em uma semana em que a figura feminina de maior prestígio no país foi novamente exposta à humilhação, a Veja chega para colocar a cereja no bolo de merda.

A página em citação à Sra. Temer trouxe as expressões que intitulam esse texto como predicativos cruciais a quem quer ocupar um posto de primeira dama, como a ameaça iminente de impeachment sugere.

Porque em suma, é isso: mulher na política, só como coadjuvante. Nem isso, apenas como acessório. Bela, recatada, do lar, magra, branca, jovem. O combo perfeito e imagético para render belas fotos em colunas sociais de publicações incapazes de oferecerem conteúdo relevante.

Na posse da presidentA (sim, falo presidenta sim), Dilma foi altamente retaliada por conta do quê? Seu figurino. A "internet que não perdoa" fez inúmeras piadas, memes e todas as montagens e chacotas possíveis.

Afinal, Dilma não é jovem, bela, esguia, loira e sensual como a esposa de Temer. Mulheres têm data de validade, medida geralmente pela aparência. O conteúdo? Se não enquadra bem na foto, é irrelevante.

Essa chamada é o prego do caixão: ela mostra que regredimos 50 anos. Tanto em termos de democracia, quanto em jornalismo (podemos chamar isso de jornalismo?).

Bela, recada e do lar é uma pica, isso sim.

#ChupaVejaMachista