sábado, 24 de novembro de 2012

Crise Pré-24

Embora muito tenha se passado entre 2007 e 2012, eis o que permeiam: as crises pré-aniversário. E novamente, cá estou para descrever as auguras e dissabores que só a próxima casa decimal natal pode proporcionar, tal como tenho feito esses anos todos.

Tem gente que acha que é só uma veia dramática latente promovida pela minha hiperbólica sensibilidade. E talvez seja mesmo, afinal, as pessoas muitas vezes enxergam melhor as outras do que a si mesmas. E eu não sou exceção - e nem gostaria de sê-lo.

Já é natural eu discorrer com a retórica familiar aos poucos, mas fieis leitores desse blog sobre as latentes privações e sofrimentos que afligem minh'alma nos momentos que antecipam o assim chamado pelos astrólogos ano astral. Dizem que as coisas surgem com toda a sua temperança afim de encerrarem ciclos e fazer aquela famosa faxina para a fase que o sucederá.

Tal como proferiu Gugu, a.k.a Augusto Liberato (irmão de astróloga e apresentador da programas dominicais reconhecido principalmente pelo Domingo Legal durante anos no SBT) sobre a mancha da santa na janela da casa de algum devoto de Nossa Senhora Aparecida: eu não acredito, nem desacredito. Na ocasião em si, fieis católicos de diversas regiões contemplavam uma reação química na janela de uma casa sabe-se lá deuses em que cidade cujo formato assemelhava-se a Padroeira do Brasil. Eis minha metáfora em relação ao ciclos e astrólogos ou crendices sobre anos astrais.

O que afirmo é que 2012 foi um ano arrastado e pesado no geral. Começou com o desemprego, passou por um furto, uma perda lastimável, um término de namoro e tantas outras coisas que acabei esgotada. 2012 também foi o ano em que o último açoite do chicote do jornalismo acertou-me o couro das costas. E não tinha tom de cinza que me fizesse achar prazer naquilo.

A Crise Pré-24 se instaurou bem mais precocemente que as demais, não pelo acréscimo anual em si, mas pela sede de respostas para minha serventia nesse grande planeta recoberto de água. Dizem que todos viemos com algum propósito e já desesperançosa quanto ao jornalismo, vaguei perdida procurando o meu. E continuo à procura. Pode ser que seja dentro disso mesmo, mas essa cagueira leitosa não me permita enxergar isso agora.

Os erros - aqueles que muitos consideram banais - assombraram-me entre sonhos e vida, tarefas e demandas. Entretanto, nem sempre eu tive o vigor de antes para superá-los e quando o fracasso parecia iminente, eu sucumbi. Isso me envelheceu uns 3 anos em alguns meses e pude sentir isso - mental e fisicamente.

Muito do que eu admirava e acreditava nas pessoas dissolveu-se tal como o orvalho ao calor de verão. Muito do que as pessoas admiravam e acreditavam em mim idem. As paixões que sempre me moveram, dessa vez, me paralisaram.

O coração partido que por diversas vezes tirei de letra (e até fiz letras com as lamúrias), converteram-se em desânimo e a sensação de que já não mais eu era digna de coisas boas ou belas. O ego - ferido e inflado - me cegou por tantas vezes e por tanto tempo, que não sei ao certo o tempo necessário para o reparo.

E quanto me perguntavam: "O que te faz feliz?" e eu demorava para responder, isso quando o fazia, percebi que algo estava errado. Percebi que existem sim aqueles vampiros chineses tal como dita a mitologia: não levam o sangue, mas nossa energia, principalmente quando deixamos que o façam (e eu deixei).

Adoeci por tantos dias, semanas, meses e achava que a dor iria permear. Só que não permeou, tanto que cá estou, discorrendo sem pudores minhas lastimáveis fraquezas e desonras que muito provavelmente se perderão assim que terminado o texto.

Mais difícil do que falar sobre o que sentimos, é falar sobre o que não sentimos. Ou ainda, não falar sobre o que sentimos. Comigo sempre foi assim. Ainda que eu perca as coisas que mais prezo, as pessoas que mais amo e os ideais que mais acredito, falar sobre o que sinto sempre será necessário.

Nessa Crise Pré-24, eu espero sinceramente que os maias estejam corretos e que o mundo acabe. Não da forma trágica pregada, mas sim da forma como esteve estabelecido. Que se 2013 de fato chegar, todas essas coisas ruins que já não servem, tenham ido embora. Não só para mim, mas a todos.

E que no final dele, eu possa escrever sobre a fatídica Crise Pré-25 com um terço das mágoas de hoje e o dobro da esperança no futuro.