segunda-feira, 19 de abril de 2010

DoLado

Não faz muito tempo, recostou a cabeça quente e recém-raspada no ombro com bursa molestada e dormiu.

Dormiu profundamente, aquele sono de criança em viagem de trem. Não é para menos, não era criança, mas era um trem. E estava viajando de uma cidade para outra. Afinal, são próximas, mas ainda são duas cidades.

Parecia calmo, tranquilo, como um filhote recém-mamado. Não era filhote, nem estava mamado (tanto assim). Mas respirava pausadamente, naquele sono que faz quem estar acordado ficar admirando.

E o ombro, hoje, sentiu falta disso. Da paz que não se pede ou se mede. Daquela paz pós-tudo, a paz-pós-mudo. Mudo e miúdo, tombado naquele famigerado lado. Repousando o sono dos justos, ou dos Justus, tanto faz. O que importa é que dormia tranquilamente.

E o ombro, hoje, mais do que nunca, sentiu falta disso. Da cabeça quente, recostada nele, pedindo para ser afagada.

Silenciosamente.

O sussurro da noite já beijando o pé do ouvido e o menino naqueles ombros caídos. Entregue. Tão calmo que parecia mais leve. E tão leve que poderia ser levado. E levaria, se não tivesse bursite.

Aquela vai para a galeria. Aquela mental, que guardamos as cenas mais belas. E você está em várias delas.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Aliás...

Meu blog fez 3 anos dia 02/04.

GB.

Espinafrando o mousse

Já é segunda-feira e já sinto aquele mal-estar típico. A falta de vontade de sair da cama, a falta de vontade de pensar. A falta de. Nem fui deitar ainda, mas já sinto a preguiça e desânimo precoces.

Sou precoce. Eu fico feliz precocemente, eu fico triste precocemente. Eu vivo precocemente. Na sexta a segunda é próxima e já dói pensar na semana. Meu dia mal começa e já penso no que falta para pensar. E me calo com a boca de feijão.

Falta em mim o elemento "Porra Louca". A coisa mórbida de desligar o famigerado telefone, de não ler e-mail, de sumir. Fazer valer o "pegar minha mochila vermelha e cair fora". Meu perfeccionismo e senso de responsabilidade/maturidade/covardia enrustida não permitem tamanha façanha.

Feliz é aquele que sabe exatamente o quer sem precisar de nada além de si mesmo para conseguir. Porque a felicidade é individual, pessoal e intransferível. Não é impossível ser feliz sozinho. Só deve ser mais sem graça.

Felicidade solitária é café com leite gelado e pouco açúcar. Tem gente que prefere assim.

Minha felicidade é um expresso pelando e sem açúcar. Aquele momentâneo, que tem que ser agora porque senão fica inconsumível. Euforia instantânea, alegria Sorrisal em copo d´água.

O problema de viver precocemente é que a alegria que era para depois vem agora. É sobremesa antes da janta, tira o apetite. É preciso comer espinafre para chegar ao mousse de limão. E na ânsia do querer antes, comemos limão puro e mousse de espinafre. Pior só café com leite gelado e pouco açúcar.

Mas tem gente que prefere assim. A esses, um brinde em copos americanos, em uma padaria qualquer nessa segunda-feira ainda não amanhecida.