segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A Crise Pré-25

Nunca foi muito ligada às tradições, mesmo as mais enraizadas na minha família, como pintar ovos na Páscoa, preparar a Passa ou enfeitar a casa para o Natal. Embora goste de tudo isso, acho que a tradição perde a graça quando vira obrigação.

A exceção, é claro, são os textos de crise pré-aniversário, como quem acompanha esse blog desde 2007 deve saber. Todo ano, na mesma época, lá vou eu me derramar em letras para contar o que tanto me perturba nesses dias que antecedem o meu aniversário. 2013 não poderia ser diferente. Ou será que poderia?

Poderia sim, em muitos aspectos, mas isso não vem ao caso. Penso no primeiro texto, penso no último texto e mexo tudo por cinco minutos para escrever o atual. Chego finalmente àquela fase em que as espinhas dão lugar às rugas, em que o medo de não me formar já foi superado e o de acabar solitária também.

Esses medos ficaram lá para trás. Principalmente o de acabar solitária, porque acredito que no fundo, somos todos solitários de nascença. Não que isso seja necessariamente ruim, é apenas uma constatação. Alguns optam por continuar solitários, outros aliam sua solidão a outras. O grande lance que assimilei é que a solidão é transitória e bem necessária.

A crise agora é sobre a pessoa que eu quero ser, não somente a profissional, a filha, irmã, namorada, amiga, enfim, o conjunto de fatores que resulta dessa mescla de anseios e defeitos designados a mim. Dizem que mesmo aos 90 anos não podemos saber que tipo de pessoas somos, mas acredito que dá para ter uma ideia. E eu ainda não tenho.

O que sei é que os próximos 5 anos podem mudar tudo o que os últimos 7 me ajudaram a entender. E essa sim é uma ideia assustadora. As pessoas, tal como a solidão, são totalmente transitórias e eu eu já sei, nesses quase 25 anos, que algumas vezes é a última vez que veremos alguém. Mais uma ideia assustadora.

Há também toda a pressão social  de casar, enriquecer, ser feliz e salvar o mundo antes dos 30 anos. Espera-se que essa faixa de 22-32 tenha instantaneamente a resposta para todos os problemas e males do Universo, por ser capaz de raciocinar e se relacionar com mais facilidade que as gerações anteriores. Mas é muita pressão viver uma existência almejando grandes feitos com tão pouca idade.

Nessa última semana com 24 anos, o que eu mais procuro entender é que tudo o que aconteceu até agora foi para me mostrar algo - que talvez ainda não tenha aprendido ou compreendido completamente. Não sei se chego à metade, um quarto ou um décimo da minha vida, o que sei é que não dá para perder muito tempo olhando para trás e nem muito para frente.

Tal como o AA, um dia de cada vez. Um ano de cada vez. Uma década de cada vez. E quem sabe, um dia eu escreva um século de cada vez.