sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Infinito enquanto dure

O Vinicius de Morais disse que nunca pensava no futuro, pois logo, logo ele vinha. Eu prefiro não pensar no passado, porque não há muito o que possa ser feito.

Eu saí de casa disposta e feliz, mesmo em um calor de 37º. Coloquei meu vestido florido e minha Melissa Liberty azul, que combinava perfeitamente com a estampa do vestido. 

Tudo lindo até caminhar debaixo do sol com o sapato esquentando e fazendo bolhas no meu pé. Eu me acalmava toda vez que olhava para aquela estampa florida - flores me acalmam.

Já perto de casa, o mundo desabou em forma de chuva. Fiquei contente, por estar com minha linda sapatilha e sabia que se molhasse, não iria estragar. Desci do ônibus debaixo do toró e caminhei cerca de 40 passos até a sorte me apunhalar pelas costas.

Ao subir um degrau na calçada, virei o pé esquerdo, a sapatilha do pé direito escorregou e foi embora com a enxurrada. Mesmo com o pé torcido, ainda tentei correr atrás dela por mais 3 quarteirões. Em vão.

Uma boca de lobo engolira a minha querida sapatilha. O meu pé latejava agora, eu estava ensopada - parte pelo tombo, parte pela chuva na corrida. Parei debaixo de um toldo e chorei. Chorei porque estava dolorida, chorei porque estava ensopada. Chorei porque não consegui recuperar minha Melissa favorita que levei 3 meses para conseguir comprar (na promoção ainda por cima).

Parece idiota, é só um sapato. Mas enfim, me senti uma Cinderela moderna, cuja madrasta era a chuva, as irmãs invejosas a correnteza e a boca de lobo. Sem príncipe, sem fada madrinha.