terça-feira, 22 de novembro de 2011

Crise Pré-23

Mais um ano se passou desde a última Crise Pré-Aniversário (vide as anteriores Pré-19, Pré-20, Pré-21 e Pré-22). É até engraçado ver o que se passaram nesses 4 anos de blog. A forma como escrevia, sentia, sofria e sorria mudou tanto, que há quem acredite que não é a mesma pessoa. Mas é.

Essa crise foi uma Ruth Romcy saindo de todas as lixeiras por qual passava. Um desânimo não mais motivado pelo medo que antes costumava sentir.

Momentos em que olho para trás e penso: "De tudo o que fiz, de tudo o que fizeram comigo, o que se aproveita?". E nem sempre o razonete está a meu favor.

Certas coisas nunca mudam, principalmente em mim. As dores se repetem, umas disfarçadas com aqueles óculos e bigodes falsos, outras não - estão ali, do jeito que as sentia aos 18 anos. E que creio eu, as sentirei aos 38. São mágoas com cheiro de nostalgia embalsamada, que não tem vacina, nem vitamina, benzeira, chá de erva cidreira capaz de curar.

Não mais o receio de engordar, envelhecer, me formar, me casar ou não casar. Não. A questão agora é entender o que de bom e de mal eu fiz e faço. O que eu preciso melhorar.

Se antes a paixão pelo jornalismo me mantinha, agora, me detém. O mundo é mais nublado quando nossas vistas não estão sob efeito da miopia da fascinação. O que não é necessariamente ruim.

O que eu quero para mim? É pergunta que pesa na cabeça e joelhos da autora que vos fala. De alguém que já quis levar o mundo nas costas, mas esqueceu-se que tem bursite no braço e na perna.

Se antes era mais fácil eu me apegar às pessoas, mesmo sabendo que vez ou outra elas me desapontariam, agora é o oposto. Anseio avidamente por não me prender. Porque quando elas nos machucam, ainda que sem querer, dói.

E quando a dor é maior que o alívio, nós a repelimos. Naquela velha máxima: "cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça". Pausa para a crítica: metáfora ruim essa, poderiam criar uma melhor. Fim da pausa para crítica.

Os 22 diferiram muito dos 21. O ceticismo foi elevado a escalas em tera. A auto-estima foi rebaixada a medições nano.

Schopenhauer e suas metafísicas nunca fizeram tanto sentido. E é dele a retória que me motiva: "quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência".

Hesitei em escrever sobre isso para não soar pessimista, e creio, falhei. No fundo, eu tenho fé. Aquele otimismo pueril de acordar com uma surpresa boa no pé da cama, que aos 4 anos, era um tênis que acendia a luz quando se pisava. E que aos 9, era apenas uma mochila da Turma do Arrepio, ainda prevalece.

A esperança é uma mochila da Turma do Arrepio: eu nunca tive, mas sempre quis. E sobrevivi a essa frustração porque sei que é não preciso ter para saber que existe. Mais ainda, é que por mais bobo que possa parecer, eu ainda posso ter. Tanto esperança, quanto a mochila da Turma do Arrepio.