terça-feira, 14 de setembro de 2010

Vitamina para as pernas

Há exatos 10 meses atrás eu saía nesse mesmo horário para ver uma exposição que mudaria minha vida. Mudou. Muda.

Cartier Bresson, um gênio da fotografia e uma tarde de risos e eu já não era a mesma pessoa. Era um dia quente, com uma garoa fina que molhava minhas Melissas e dificultava a locomoção de uma rótula já não tão firme.

Se aquele dia fosse um tempo verbal, seria pretério mais que perfeito. Eis mais uma saudosa piada interna que também foi utilizada naquela tarde.

Nem mesmo a caminhada, nem mesmo o sol e a chuva, a espera, a rótula ou o troleibus quebrado estragaram aquele dia. Novamente: pretérito mais que perfeito.

Os dias, semanas e meses seguintes também tornaram-se pretério. Perfeito ou imperfeito, fica a critério de cada um. Eis que agora vivo o presente do subjuntivo.

Há tempos me sinto o próprio Coiote após ser atingido por uma bala da canhão. Aquele buraco tão grande que dá para os outros olharem o horizonte por ele. E eles olham. Há um buraco assim em mim também. Grande, impossível de disfarçar, de ignorar.

Tanta coisa aconteceu que 10 meses tiveram o peso de mais de anos. Como se eu carregasse o mundo nas costas e sentisse minhas rótulas deslocando-se (de novo).

Eu sei que não dá para viver de passado, por mais perfeito ou imperfeito que tenha sido, mas nada acontece por acaso. Enquanto não entendo, vou recorrendo à Acme para tentar tapar o buraco.

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