terça-feira, 10 de junho de 2008

Brasil, mostra a tua cara... quero ver quem paga...

Há algum tempo tenho evitado postar sobre o tema, pois sei que com toda certeza causará a polêmica gerada por opositores e até por certos hipócritas. Mas chegou o ponto de definição. De que lado ficar: libera ou não libera a maconha?

Embora haja todo o misticismo de que vá aumentar a violência e estimular o consumo (o que não passa de chorumelas a meu ver), o causo é o seguinte:

* Quem usa, vai continuar usando, legal ou ilegalmente. Essa é a realidade.

* Tais usuários têm duas alternativas de adquirir a suposta erva: cultivando em seu quintal (o que não é crime, afinal é para consumo próprio e está dentro de seu espaço privado), ou com traficantes.

* Com o comércio ainda ilegal, os traficantes saem na frente. Cultivam, vendem baratinho e até empurram outras drogas junto...

* O governo não tem controle. A partir do momento que a coisa é ilegal, o governo perde sua autoridade. Parece contraditório, mas se pararmos para pensar, com a legalização, a fiscalização seria maior, o comércio geraria menos violência e ainda há vantagem da cobrança dos impostos: você prende um traficante não pelo comércio da droga em si, mas por sonegação de impostos, no maior estilo Al Capone.

* Acabariam as propagandas hipócritas que aterrorizam com informações exacerbadas sobre as drogas, muitas vezes apresentadas por atores que já as usaram. Começaria um processo de reeducação nacional: uma explicação detalhada e não-fantasiada sobre os reais efeitos, o que cada uma faz, o que motiva uma pessoa à usá-la, porque não é saudável etc.

Em entrevista à Revista Época (nº 525- 9 de junho de 2008) a juíza aposentada e ex-defensora pública do Rio de Janeiro, Maria Lúcia Karam, coloca um "inecolocável" por um juíz até o momento: "Proibir as drogas é inconstitucional, uma vez que a constituição garante a liberdade individual". A ex-juíza absolveu um réu preso com 7,7 gramas de cocaína (segundo consta, portar drogas para consumo próprio não é ilegal).

E ainda defende que em uma democracia, qualquer proibição é exceção e que faz parte da já citada liberdade individual você querer se fazer mal.

E se seguirmos essa linha de pensamento, ela está coberta de razão. Cada um é dono de si, como diz o dito popular. Não interferindo a liberdade individual do próximo, o ser é livre em suas escolhas. Se elas implicam no uso de drogas, já é uma questão educacional.

No programa "Gordo visita", que vai ao ar pela MTV, o vj João Gordo visitou Marcelo Nova, ex-vocalista da banda Camisa de Vênus. Nova apresentou justamente uma argumentação semelhante a proposta por essa retórica: que as campanhas contra as drogas são patéticas, que tentam uma educação de não-uso intimidando e colocando medo no público alvo. Defende o argumento da não-hipocrisia: se droga não fosse bom, não tinha tanta gente usando.

Sem os radicalismos, acho que a proposta citada por Marcelo indispensável para uma campanha legítima contra as drogas: mostrar, explicar, citar e exemplificar cada droga, o que fazem, como se usa. E quando cita drogas, inclui álcool e cigarro.

O Brasil precisa parar de se esconder atrás dessa moita de maconha, deixar a hipocrisia de lado e mostrar que o mal geral não é tão somente o tráfico/violência/drogas, mas também a (má) educação.



Ps: eu não uso e nem nunca usei drogas exceto o álcool. Por um fator determinante: a educação que foi dada. Oportunidades não faltaram.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Intelecto é aquela coisa que quanto mais você gasta, mais você tem.

Elsa Villon

terça-feira, 3 de junho de 2008

Inusitado

No feriado passado, voltando de 4 dias na legítima Pasárgada, me deparei com um fato inusitado que evidenciou o quanto São Paulo é multiculturaltudomisturadonumacoisasó.

Voltando de carro, já em uma avenida grande cujo nome não recordo, me deparei com a seguinte cena: haviam galinhas ciscando no canteiro no cruzamento da rua que era ligada à avenida. Tá, pode não ser tão incomum ao leitor, mas imagine no meio de São Paulo, galinhas num canteiro.

Cada coisa que vemos. Um lugar cheio de tudo. Tudo mesmo. É encantadoramente assustador. Pela simples incerteza do que encontraremos.

É tanta coisa estranha. É tanta coisa extraordinária. É tanta coisa bonita. É tanta coisa...

De hippie à patricinha, de japonês à judeu, de milionário à mendigo, tem de tudo. No mesmo quarteirão.

Não adianta. Pode ter trânsito, poluição, muita gente, muita violência. Eu vou continuar gostando de lá... Com aquele medo comum de todo paulista, segurando minha bolsa no metrô, andando de vidro fechado no carro, lendo as placas com todo cuidado para não me perder.

Mas amar, vou continuar amando.