domingo, 13 de junho de 2010

Era rascunho de junho, publico então agora. Na época, não tinha nome. E vai continuar assim. Tem coisa que é melhor não mexer.

Tudo no mundo tem um preço.
Nem tudo no mundo tem um valor.
Tem gente que não vale nada.
Tem coisa que nos vale muito.
Tem vale que não tem nada.
Tem nada que pode ser tudo.

domingo, 9 de maio de 2010

Bhaskara + Pitágoras = Sócrates

Gosto acre. E ele existe de verdade? O gosto sim, o estado já não sei.

Só sei que nada sei, assim como Sócrates. E ele sabia mais do que eu.

Acho que pior do que saber, é saber e não conseguir fazer. Que nem origami. Você sabe dobrar papel, mas ele nunca vira um tsuru. Mas é uma besteira, pois faço muito bem tsurus.

Agora as caraminholas se desenrolam na cabeça e até a lógica se perde na cegueira involuntária.
E ninguém gosta de caraminholas desenroladas na cabeça. Nem enroladas, mas isso não faz diferença.

É como exercício de matemática com fórmula: a gente sabe, mas não consegue fazer. Bhaskara e Pitágoras tentaram mostrar o caminho, mas quem o usa somos nós. Ou prova de filosofia com consulta: não adianta saber o que Sócrates pensa, ele já morreu faz tempo e quem vai se ferrar sou eu.

Eu sei o que fazer. Só não consigo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

DoLado

Não faz muito tempo, recostou a cabeça quente e recém-raspada no ombro com bursa molestada e dormiu.

Dormiu profundamente, aquele sono de criança em viagem de trem. Não é para menos, não era criança, mas era um trem. E estava viajando de uma cidade para outra. Afinal, são próximas, mas ainda são duas cidades.

Parecia calmo, tranquilo, como um filhote recém-mamado. Não era filhote, nem estava mamado (tanto assim). Mas respirava pausadamente, naquele sono que faz quem estar acordado ficar admirando.

E o ombro, hoje, sentiu falta disso. Da paz que não se pede ou se mede. Daquela paz pós-tudo, a paz-pós-mudo. Mudo e miúdo, tombado naquele famigerado lado. Repousando o sono dos justos, ou dos Justus, tanto faz. O que importa é que dormia tranquilamente.

E o ombro, hoje, mais do que nunca, sentiu falta disso. Da cabeça quente, recostada nele, pedindo para ser afagada.

Silenciosamente.

O sussurro da noite já beijando o pé do ouvido e o menino naqueles ombros caídos. Entregue. Tão calmo que parecia mais leve. E tão leve que poderia ser levado. E levaria, se não tivesse bursite.

Aquela vai para a galeria. Aquela mental, que guardamos as cenas mais belas. E você está em várias delas.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Aliás...

Meu blog fez 3 anos dia 02/04.

GB.

Espinafrando o mousse

Já é segunda-feira e já sinto aquele mal-estar típico. A falta de vontade de sair da cama, a falta de vontade de pensar. A falta de. Nem fui deitar ainda, mas já sinto a preguiça e desânimo precoces.

Sou precoce. Eu fico feliz precocemente, eu fico triste precocemente. Eu vivo precocemente. Na sexta a segunda é próxima e já dói pensar na semana. Meu dia mal começa e já penso no que falta para pensar. E me calo com a boca de feijão.

Falta em mim o elemento "Porra Louca". A coisa mórbida de desligar o famigerado telefone, de não ler e-mail, de sumir. Fazer valer o "pegar minha mochila vermelha e cair fora". Meu perfeccionismo e senso de responsabilidade/maturidade/covardia enrustida não permitem tamanha façanha.

Feliz é aquele que sabe exatamente o quer sem precisar de nada além de si mesmo para conseguir. Porque a felicidade é individual, pessoal e intransferível. Não é impossível ser feliz sozinho. Só deve ser mais sem graça.

Felicidade solitária é café com leite gelado e pouco açúcar. Tem gente que prefere assim.

Minha felicidade é um expresso pelando e sem açúcar. Aquele momentâneo, que tem que ser agora porque senão fica inconsumível. Euforia instantânea, alegria Sorrisal em copo d´água.

O problema de viver precocemente é que a alegria que era para depois vem agora. É sobremesa antes da janta, tira o apetite. É preciso comer espinafre para chegar ao mousse de limão. E na ânsia do querer antes, comemos limão puro e mousse de espinafre. Pior só café com leite gelado e pouco açúcar.

Mas tem gente que prefere assim. A esses, um brinde em copos americanos, em uma padaria qualquer nessa segunda-feira ainda não amanhecida.