quarta-feira, 18 de maio de 2011

Antipropaganda

Aprovem agora uma lei que não permita que as pessoas morram de saudade, de tristeza, de tédio, de fome ou de sede, principalmente de sede de amor, de afeto, de carinho.

Todo indivíduo, nascido aqui ou Tegucigalpa deve ser amado como um filhote de cachorro, uma flor brinco-de-princesa ou um cup cake.

É estritamente proibido brincar com os sentimentos alheios, mesmo sem querer. Sob pena de abandono e desligamento total das válvulas de felicidade para todo o sempre.

Qualquer pessoa que se goste é vetada a permanecer mais tempo que uma semana e mais longe que 100 km do amado ou amada.

Fondue será servido sempre que se quiser, não apenas no dia 12 de junho.

O símbolo de relações deixou de ser o coração, sendo esse utilizado apenas por departamentos cardiológicos.

Mulheres de TPM merecem sessões de cafuné ao menos duas vezes por semana.

Homens em semanas difíceis idem.

Comprar presentes caros deixa a partir de agora a representar prova de afeto. Cartas bregas, montagens com celofane e color set e palavras de grafia duvidosa regram as normas do caráter romântico.

Dizer "Eu te amo" sem olhar nos olhos agora é passível de prisão perpétua.

E será multado todo aquele que sentir saudade.

domingo, 8 de maio de 2011

A- beá- a - dê- i- a


No fundo, eu sou uma sentimental.
Não poderia deixar de te escrever, logo hoje, seu dia. Mãe, por fora, tão diferente, mas a mesma essência.

A paixão pela leitura e pela escrita, a vontade de mudar o mundo e a sede por comunicação social. Tudo isso que corre em nossas veias que nem o sangue B+ que eu também herdei de você.

Nosso lado Drama Queen, seu lado negro, com lábios grossos que faltaram em você e sobram em mim. Seu lado índio, evidente em suas feições e notável nos meus brincos de pena e a vontade insaciável de viver descalça.

Nossas brigas, nossos egos, nosso signos de fogo. É fogo viu!

Você sabe que eu morro duas vezes por você. Que eu vivo três vidas só para te fazer sorrir e cada passo e vitória meus, são nossos.

Te amo até depois de pra sempre e por toda eternimadade minha velha cafuza.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Duas comemorações atrasadas

Com algumas semanas de atraso, venho por meio deste texto informá-los, caros leitores, que este famigerado e falido blog completou quatro anos no dia 2 de abril.

Já é famosa tradição eu me esquecer disso e postar com atraso, sem preparar nada de especial. Mas tudo bem, afinal, eu funciono melhor no improviso.

Muita coisa aconteceu nesse meio tempo. Algumas me fortaleceram, outras não. E outras me ensinaram muito. Sei hoje que escrevo melhor do que há quatro anos e não tenho dúvidas de que estarei muito melhor daqui a mais quatro.

Nada, absolutamente nada disso seria possível sem vocês, leitores que passam e comentam, que elogiam, que criticam e lêem. Não há escritor/jornalista/poeta sem público. E vocês são meu caro público sem o qual eu não sou nada. Obrigada por tudo, a todos.

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E eis que no último dia 7 foi também dia do jornalista. Sem parabéns, por favor, mandem a minha parte em comida, dinheiro ou produtos Apple.

Entre queda de obrigatoriedade de diplomas, ex-BBBs consideradas jornalistas e uma crise no mercado da imprensa do jornal impresso, há quem não veja muita perspectiva dentro do setor.
Considerando as estatísticas, realmente não há.

As pessoas lêem cada vez menos o jornal impresso, a mídia tem se mostrado uma grande vilã em casos públicos e o jornalista deixa de ser o Superman. Com certeza, o Superman também deixaria de ser jornalista, no mundo atual.

Tablets rascunham um futuro em que todos deverão ser mais que jornalistas, mas produtores de conteúdo. O já "escravizado" profissional de comunicação toma funções de técnico em som, imagem, vídeo, internet. Se recicla, se renova. Ou dança. E dança tropeçando.

Em meio ao cenário caótico, todos pensam: "Para que ser jornalista?". Faculdades encerram cursos e alunos de jornalismo se indignam com o valor das mensalidades exacerbadas das boas instituições. O mundo está do avesso.

Vocês devem estar se perguntando: "E o que diabos você ainda faz em jornalismo?". Respondo fácil como montar um lead: eu amo essa droga. Cansa, estressa e faz mal, mas eu amo. Porque meu coração ainda dispara quando eu vou fazer uma entrevista, meus olhos ainda se enchem d´água com material publicado com "Elsa Villon" assinado (seja em áudio, vídeo, internet ou impresso). Porque eu amo conhecer gente, coisa, lugar.

Eu amo esse vadio safado que é o jornalismo. E é isso que me fez voltar depois de dois anos lutando para esse curso tão mal-quisto.

E é isso que vai me formar daqui um ano e meio. É amor. Safado, ordinário e malandro. Que me faz viver.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Domin(ação)

Angústias que doem como dedos queimados na panela de água quente. A gente simplesmente não entende como aconteceu. Só sente.

Cabeça tão cheia desse mundo tão vazio. A gente não pede, apenas mede.

Olhos que se enchem e se esvaziam como se o fizessem com cada piscar. A gente não domina, só elimina.

Coração já pesado por fardos passados. A gente não bate, só rebate.

A coisa certa é às vezes tão incerta que dá merda.
A gente não escolhe, só acolhe.
Só recolhe.

sexta-feira, 4 de março de 2011

O Jarro de Margarida

"Um espaço em uma longa mesa de madeira num cantinho perdido da Vila Madalena. Um dia cinza, com chuva e um gosto de sofá com pipoca.

Assim ela se foi. Assim a levaram. Aquele lugar que sempre tinha uma flor. Duas, com ela. E triste que um inseticida e post it agora ocupem o lugar dela.

Ela era a jarrinha de margaridas que nunca murchava na mesa, em meio a notebooks e papéis. A bagunça era até mais bonita.

Mas se foi e fica a sensação de perder uma irmã mais velha recém– conhecida. Mas eu sei que na frente a gente vai se encontrar e ela vai estar muito, muito melhor. E eu também. E vou dar um abraço com um saudoso sorriso de quem não tem intimidade, mas sente falta."


Para Fernanda Perez