sábado, 18 de junho de 2011

O conto dos três irmãos

Eis que eram trigêmeos univitelinos totalmente idênticos em aparência e totalmente distintos em personalidade.

O mais velho era o "Eu te amo". Tinha toda a graça que o mais velho (mesmo de gêmeos) tem. A ciência explica: o primeira a nascer é o último a ser gerado e portanto, tem mais espaço. E ele tinha o rosto bem formado, feições firmes e afáveis e era altamente sofisticado.
Todos queriam sua companhia, sua presença, sua aprovação e sua atenção. Mais velho de 3 irmãos, era também solicitado pelos caçulas, que disputavam ferronhamente sua candura. E ele, diplomático por natureza, vivia dividido entre os dois irmãos.

O segundo era o "Para sempre". A psicologia explica que todo filho do meio sofre desde cedo o peso de dividir a atenção entre mais velho e mais novo e tem pré-disposição a desenvolver doenças emocionais. Vivia ofuscado pelo mais velho e ocupado do mais novo e sofria de déficit de atenção alheia por conta disso. As coisas que fazia de bom logo eram esquecidas, as ruins, jamais.
Vivia no eterno impasse de provar seu valor ao mais velho e provar a falta de valor do mais novo.

O terceiro era o "Nunca mais". Como todo caçula, mimado, tinhoso e carente. Sabia das condições dos irmãos mais velhos e usava isso a seu favor. Aprontava e se escondia sob o "Eu te amo" e a culpa sempre caía sobre o "Para sempre". Ao contrário do irmão do meio, suas faltas logo eram perdoadas e seus feitos bons, eram memoráveis. Fazia o que podia para estar perto do mais velho, pois vivia tentando ofuscar, inutilmente, seu brilho natural.

Mas ainda assim, os três irmãos nunca saíam juntos. Eu te amo era sempre mais ansioso e queria preparar tudo, por isso chegava antes. Para sempre chegava em cima da hora, escondido para não ser notado e ofuscado pelo Nunca mais, que vivia aprontando para que o irmão não chegasse.

Se um deles (ou os três) baterem em sua porta, fique atento. São parecidos fisicamente, mas são completamente opostos. Se só puder receber um, escolha o Eu te amo. Se couberem 2, deixe o Para sempre entrar também. Mas não deixe o Nunca mais entrar. Ele está sempre tentando sabotar os demais.

E é incomum que os três irmãos lhe façam uma visita.

4 comentários:

Evandro Silva disse...

Bela analogia.

Sem mais, Parabéns!

Bruna Corrêa disse...

Gostei, Elsa Vilã. Muito bom texto.

Henrique Neto disse...

A-do-rei. Que saudade estava de dar uma passada no seu blog. Seus textos são maravilhosos, queria eu ter um livro seu!

Devidos cumprimentos e boas palavras!

Elsa Villon disse...

Ceis são tudo uns lindo.