terça-feira, 13 de março de 2012

Desabafo

Depois de muito pensar no que escrever para abrir os textos do blog esse ano, me rendi a simplesmente não pensar - só escrever. Porque pensar demais às vezes é agir de menos.

Nesse combate que travo com o jornalismo há cinco anos, já senti muitas coisas, da euforia à frustração, da inveja à indiferença.

Agora, nessa reta (será mesmo uma reta? Parece bem mais uma elipse) final, o TCC está em andamento, mas me sinto estagnada. Física, intelectual e financeiramente.

Pode soar amargo, pode ser que eu vá mudar de ideia antes mesmo de terminar esse texto (me permito essa façanha), mas me sinto muito menos preparada para o mundo lá fora do que me sentia há 5 anos.

Talvez essa a perda da coragem pelas altas doses de realismo (e por que não pessimismo?) que qualquer pessoa enfrenta ao longo da vida. E eu não sou diferente de ninguém nesse aspecto.

Sinto que aos poucos, minha paixão pela escrita entrou num manual e se adaptou à pirâmide invertida. E que vou ter que batalhar muito se um dia a quiser de volta.

Fui desaprendendo como escrever o que sentia, para descrever o que via. Afinal, é isso que o jornalista faz: descreve os fatos. Isento de opinião (será?), de emoção, de comoção.

Sou mais uma dessas jovens que esfriou o coração e esquentou a cabeça para querer ser jornalista. E agora tão perto daquele retângulo de celulose que vai levar meu nome e minha graduação, às vezes temo, às vezes tenho raiva. E às vezes choro.

Uma sábia amiga e colega de profissão (sim, é você Natália Alves), desabafou outro dia: "Passei quatro anos na faculdade para descobrir que eu gosto é de escrever".

E eu gosto, mas já não sei se tenho o que é necessário. Nem tanto a técnica, mas aquela coisa que meu caro professor Paulo Ramos não soube nomear. Um (coloque aqui a onomatopeia que melhor lhe convir) para a coisa.

Acho que perdi, acho que reprimi, acho que ficou lá em 2007.

Um comentário:

Ernesto Gennari Neto disse...

Sabe, há meses tenho escrito apenas o mínimo. Tenho me dedicado pouco à poesia, justamente por saber que eu não consigo pensar/sentir direito, nesse turbilhão de fatos pessimistas que invadem o nosso cotidiano paulistano, e porque não brasileiro. Estou tentando voltar a ocupar a caneta e o papel. :)
Olha, eu odeio ser intrometido, mas imagino que seu TCC esteja consumindo sua vida neste momento, como já fez comigo e com tantas pessoas. A única coisa que eu posso te falar sobre essa experiência é: mantenha a sua insanidade infantil que te torna sensível às coisas que realmente importam. Não importa o quão técnico e frio seja o conteúdo, o quanto te revolte ter que escrever o que vêm à cabeça, mas não ao coração. Não se deixe tornar o que devemos temer ser: um adulto responsável. Isso não é poético, isso é trivial. Trivial é deixar de sentir, deixar de ser poesia, é ser normal e aceitável perante a população. Eu não quero ser assim, prefiro ser sempre moleque e ter a sensibilidade exacerbada.

Peço desculpas se falei muita groselha ou coisas que você julgue serem banais ou "bobócas". Mas não deixe a sua vida ser como dos outros, vá escreva, sobre qualquer coisa, seja feliz ou triste, escreva sobre o que sente. Escreva sobre o quanto digitar no teclado é legal/chato, sobre o quanto o ponteiro do relógio se moveu enquanto você se ocupou sobre o TCC, sobre o quanto o copo de suco está bom, sobre um amor de um verão ou o amor de uma vida inteira, sobre qualquer coisa que passar no seu coração. O cérebro manda, mas só o coração sente.

Beijos! E não deixe a petéca cair! ESCREVA! Estamos aí para ler e admirar! :D