quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Crise Pré-27 à lá Escroto Gomes

Daqui uma semana completo minha vigésima sétima volta em torno do sol. E vamos a mais uma Crise Pré-Aniversário.

No ano passado, as definições de crise foram atualizadas. Literalmente, conforme sugere a Crise Pré-26. Em 2015, ainda estamos trabalhando esses conceitos. Velando as falecidas retóricas desovadas neste saite, é nítida a transformação da Elsa como indivíduo. Entrei estudante recém-formada no ensino médio e cá estou, oito anos depois, como jornalista. Não que o fato de ser formada em jornalismo valha muita coisa (nada, para ser mais precisa).

Há algumas semanas venho pensando no que escrever nesse texto já tão tradicional, algo genuíno que tenha me atormentado mais no último mês que durante todo o ano. Infrutiferamente, devo ressaltar. Não existe nada, absolutamente nada me atormentando agora que já não o estivesse antes. Aliás, essa metragem de tempo, no final das contas, é uma tremenda idiotice porque o tempo corre igual seja seu aniversário ou não, esteja você com 9 ou 90 anos. Um dia ainda tem 24 horas, uma hora ainda tem 60 minutos e um minuto ainda tem 60 segundos. O tempo é o mesmo, o que muda é você, para melhor ou para pior.

Sem sombras de dúvidas, a Elsa aos quase 27 é bem melhor que a Elsa aos 17. Mais gorda também, mas isso não vem ao caso. Nessa quase uma década desde a graduação no Ensino Médio, a paciência - essa sadomasoquista com um gato de nove caldas numa mão e o cilício na outra - veio me testando, me batendo e me ensinando. Muitas coisas me tiravam do sério antes e hoje eu apenas respiro fundo e conto até 10.

Não me considero calma, mas tenho tentado ser porque a frase de Dona Abadia nunca se fez tão clara: ficar brava só te dá dois trabalhos - o de perder a calma e o de recuperá-la. Ponto para Dona Abadia. Sim, ainda tem muita coisa besta que me tira dos prumos por assim dizer, mas tenho tentado racionalizar a raiva ao invés de soltá-la da coleira. Pode soar como cinismo, porém é mais uma vantagem que um defeito. Eu saúdo os cínicos de pé, porque para ser cínico precisa de um auto-controle exorbitante.

Quanto à profissão, não tenho duas coisas: MTB e vergonha na cara. O primeiro se deve ao fato de eu não ter ido tirá-lo e o segundo ao fato do primeiro existir. Pensei até em colocar isso na lista de resoluções antes do aniversário, mas foda-se. Quando eu for, eu vou.

Percebi também que preciso constantemente estudar. Esse foi o primeiro ano da minha vida sem nenhum tipo de vínculo educacional desde a pré-escola. Mesmo quando eu tranquei a faculdade por um ano e meio, fazia aulas de francês. Quando terminei a faculdade, lá estava eu estudando Cine/TV. Nem bem tinha terminado o curso, viajei três estados em um dia para prestar mestrado. E olha, que falta faz ter um caderno e uma lição para fazer (e algo que justifique minha obsessão por canetas).

Apesar de tudo isso, eu não me sinto em crise, muito menos por conta da idade. Se a Elsa de 7 anos pensava que aos quase 27 já estaria morando sozinha, dirigindo, hoje tenho noção de que muito disso não depende só do querer, mas de dinheiro, oportunidade e um bocado de coragem e cara de pau.

Hoje, tão próxima a dobrar o Cabo da Boa Esperança e tornar-me uma balzaquiana, caguei para a data de nascimento. Tem gente mais nova que eu ganhando mais dinheiro? Tem. Tem gente mais velha que eu sem emprego? Tem. Houve um boom de casamentos e gravidez nos últimos dois anos? Houve. Tem um bocado de amigo trocando de área e/ou viajando o mundo de mochila nas costas? Tem. Eu vou ficar me comparando com cada um deles? Não.

Aperta o seu que eu acendo o meu. Cada um com suas drogas. Cada um com suas dores. Cada um, cada um. Foda-se. Paz.

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