quarta-feira, 30 de maio de 2012
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Razonete
Não sei se deveria escrever algo. Parece precoce, apressado. Mas eu senti, e quando eu sinto, eu escrevo.
Talvez quem deva ler não leia, mas não me importo. Apenas escrevo.
Na verdade eu me importo, porque gosto e o Peninha disse que quando a gente gosta, é claro que a gente cuida. Só não sei cuidar sem machucar. Sou a versão antiga do Merthiolate - arde, mas sara.
Também não sei se deveria cuidar, se deveria arder, se deveria sarar. Talvez você não queira que sare, talvez queira deixar uma cicatriz para lembrar. E no futuro, olhar mostrar aos amigos, orgulhoso.
É difícil entender, é difícil escrever, é difícil sentir. Mas eu tento entender, e escrevo agora porque sinto. Sinto que pode dar tudo errado, mas sinto também que pode dar tudo certo. Sinto que pode ser a coisa certa do jeito errado, ou a coisa errada com a pessoa certa.
E isso não é pouco. Isso é muito para alguém (ou alguéns) já cheios de cicatrizes. Alguéns que são do tempo em que o Merthiolate ardia. Alguéns que tem tanto em comum, mas coisas tão diferentes que às vezes se chocam. Colidem frontalmente e em alta velocidade.
Talvez seja a hora de puxar o freio de mão. Talvez seja a hora de dar um cavalo de pau. Talvez seja a hora de saltar, mesmo em movimento.
O único problema é: o talvez é muito incerto. E poetisas, jornalistas e fotógrafas não gostam de incerteza. Prefiro um verso torto, mas feito. Um lide na ordem errada, uma foto mal-enquadrada a nenhuma. É um risco, mas às vezes, é só no erro que vemos a perspectiva para o acerto.
Fato é: quando um não quer, dois não fazem tempestade em copo d'água, já disse o Jeneci. E o Jeneci sabe o que diz, tal como o Peninha.
Jeneci, Peninha, tantos outros que transformaram o talvez em algo belo e rentável, mostrando que o acerto do erro pode ser rentável. E por isso, eu me rendo.
Talvez quem deva ler não leia, mas não me importo. Apenas escrevo.
Na verdade eu me importo, porque gosto e o Peninha disse que quando a gente gosta, é claro que a gente cuida. Só não sei cuidar sem machucar. Sou a versão antiga do Merthiolate - arde, mas sara.
Também não sei se deveria cuidar, se deveria arder, se deveria sarar. Talvez você não queira que sare, talvez queira deixar uma cicatriz para lembrar. E no futuro, olhar mostrar aos amigos, orgulhoso.
É difícil entender, é difícil escrever, é difícil sentir. Mas eu tento entender, e escrevo agora porque sinto. Sinto que pode dar tudo errado, mas sinto também que pode dar tudo certo. Sinto que pode ser a coisa certa do jeito errado, ou a coisa errada com a pessoa certa.
E isso não é pouco. Isso é muito para alguém (ou alguéns) já cheios de cicatrizes. Alguéns que são do tempo em que o Merthiolate ardia. Alguéns que tem tanto em comum, mas coisas tão diferentes que às vezes se chocam. Colidem frontalmente e em alta velocidade.
Talvez seja a hora de puxar o freio de mão. Talvez seja a hora de dar um cavalo de pau. Talvez seja a hora de saltar, mesmo em movimento.
O único problema é: o talvez é muito incerto. E poetisas, jornalistas e fotógrafas não gostam de incerteza. Prefiro um verso torto, mas feito. Um lide na ordem errada, uma foto mal-enquadrada a nenhuma. É um risco, mas às vezes, é só no erro que vemos a perspectiva para o acerto.
Fato é: quando um não quer, dois não fazem tempestade em copo d'água, já disse o Jeneci. E o Jeneci sabe o que diz, tal como o Peninha.
Jeneci, Peninha, tantos outros que transformaram o talvez em algo belo e rentável, mostrando que o acerto do erro pode ser rentável. E por isso, eu me rendo.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Interiorana
Tenho pena de você
Que não gosta do ABC
E só sai pela CAPITAL
Pagando caro para respirar mal
Tenho pena de você
Que critica o ABC
Saiba pois que a zona sul
É pertinho, que nem a Cupecê
Tenho pena de você
Que nunca veio para o ABC
Acha que o Frangó tem a melhor coxinha paulista
Mas que não entende que é um lugar elitista
Tenho pena de você
Que nem quer conhecer o ABC
A maior pista de skate da América Latina
A melhor coxinha barata no bar do China
Só lamento por você
Que nada sabe do ABC
Que não gosta do ABC
E só sai pela CAPITAL
Pagando caro para respirar mal
Tenho pena de você
Que critica o ABC
Saiba pois que a zona sul
É pertinho, que nem a Cupecê
Tenho pena de você
Que nunca veio para o ABC
Acha que o Frangó tem a melhor coxinha paulista
Mas que não entende que é um lugar elitista
Tenho pena de você
Que nem quer conhecer o ABC
A maior pista de skate da América Latina
A melhor coxinha barata no bar do China
Só lamento por você
Que nada sabe do ABC
quarta-feira, 14 de março de 2012
O amor é outra coisa
"A vida é uma DST." Li essa frase no twitter de uma amiga certo dia, que a viu estampada na camiseta de um conhecido. Achei brilhante, mas infelizmente desconheço o autor. Espero que um dia esse texto chegue as suas mãos para que ele ou ela possa reinvindicar seus devidos direitos autorais sobre a retórica, os quais terei o devido prazer e honra de citar.
Perdida em uma dessas noites de insônia, na ânsia inútil de procurar um pé para entrelaçar os meus enquanto durmo, pensei: "Será também o amor uma DST?". E respondi minha própria dúvida com a confirmação. O amor é sim uma DST. Parto do princípio de que só começamos a amar de verdade uma pessoa a partir do momento que nos relacionamos sexualmente com ela.
O sexo gera o amor, não o contrário, como nos foi afirmado por séculos. Estejam à vontade para discordar e/ ou discorrer sobre, mas mantenho minha linha de raciocínio. O amor aqui tratado é aquele que difere aos laços familiares e de amizade, que fique claro. Amor de mãe, pai, avós, irmãos, tios etc é fundamentado em outros princípios que não competem à atração física mútua. Longe de mim (e bem longe por sinal) provocar polêmica com uma possível legitimação do incesto.
O amor rudimentar, aquele que une semelhantes da mesma espécie (não necessariamente de gêneros diferentes, pois faço questão de legitimar o amor homoafetivo) surge sim do ato da cópula. Embora muitos possam (e vão) argumentar que só se envolveram sexualmente em determinados relacionamentos porque amavam, refuto novamente e reafirmo que só amamos alguém após a troca de fluídos sexuais e ponto. Até lá, só achamos que é amor.
E não é difícil entender porque muitas pessoas pensam o contrário do que acabei de constatar. Além das crenças milenares, as áreas cerebrais e os hormônios que diferem o amor da paixão, fascínio, desejo, são similares. E isso não sou eu que estou afirmando, mas a ciência. Portanto, até que o sexo se consume, o que chamamos de amor é na verdade outra coisa. Afeição, similaridade, compatibilidade - chame do que quiser, menos de amor.
Porque é no sexo que conhecemos ao outro integralmente: o gosto, o cheiro, o tato, o som. Tudo isso completando e contemplando o nosso e o corpo alheio. O que não quer dizer que vamos amar cada um com o qual transamos. Fatores simples e novamente hormonais, curiosidade, vontade e muitas outras coisas vão nos motivar à cópula sem resultar na mística, porém química que é o amor.
Tudo isso é tão justificável que até as estatíscas apontam: por mais afinidade que um casal tenha, casamentos acabam todos os dias porque os tempos de "bom sexo" se foram, e o amor junto com eles. E provam o contrário: amantes que vivem às turras mas se aguentam, pois afirmam que "entre quatro paredes eles se resolvem".
Por todo o citado afirmo que amor, só depois do sexo e que é sim uma DST (para a qual espero que não achem a cura). Sexo sozinho é egoísta, é filho único mimado ou caçula que quer as coisas no seu tempo e do seu jeito. Que só usa, sem querer ou achar que também é usado. Aquele que faz "chantagem pós-coito", almejando dormir de conchinha mesmo em um calor cuiabano. Ou aquele que só deseja que o seu "item sexual" suma o quanto antes, ou se transforme numa pizza.
O amor (legítimo, pós ou até durante o sexo) não exige nada disso. Ele se rende ao prazer do outro corpo como fonte de seu próprio prazer. Sabe o que pode, o que quer e mais ainda: aonde quer. Não exige abraço ou conchinha quando acaba, mas também não repele. Entende quem cala, entende quem fala, entende quem dorme. E sorri exausto, mas feliz e seguro de que esses momentos bons tem uma fonte inesgotável, apesar de tudo que digam.
Tal como o apêndice é um órgão de fácil inflamação e remoção, o sexo (e o amor, por consequência) é o oposto - é um órgão que nos falta e buscamos incessantemente em outros corpos. Alguns transplantes ocorrem bem, outros resultam em rejeição. Mas sempre haverá gente na fila de espera esperando pelo órgão compatível.
Perdida em uma dessas noites de insônia, na ânsia inútil de procurar um pé para entrelaçar os meus enquanto durmo, pensei: "Será também o amor uma DST?". E respondi minha própria dúvida com a confirmação. O amor é sim uma DST. Parto do princípio de que só começamos a amar de verdade uma pessoa a partir do momento que nos relacionamos sexualmente com ela.
O sexo gera o amor, não o contrário, como nos foi afirmado por séculos. Estejam à vontade para discordar e/ ou discorrer sobre, mas mantenho minha linha de raciocínio. O amor aqui tratado é aquele que difere aos laços familiares e de amizade, que fique claro. Amor de mãe, pai, avós, irmãos, tios etc é fundamentado em outros princípios que não competem à atração física mútua. Longe de mim (e bem longe por sinal) provocar polêmica com uma possível legitimação do incesto.
O amor rudimentar, aquele que une semelhantes da mesma espécie (não necessariamente de gêneros diferentes, pois faço questão de legitimar o amor homoafetivo) surge sim do ato da cópula. Embora muitos possam (e vão) argumentar que só se envolveram sexualmente em determinados relacionamentos porque amavam, refuto novamente e reafirmo que só amamos alguém após a troca de fluídos sexuais e ponto. Até lá, só achamos que é amor.
E não é difícil entender porque muitas pessoas pensam o contrário do que acabei de constatar. Além das crenças milenares, as áreas cerebrais e os hormônios que diferem o amor da paixão, fascínio, desejo, são similares. E isso não sou eu que estou afirmando, mas a ciência. Portanto, até que o sexo se consume, o que chamamos de amor é na verdade outra coisa. Afeição, similaridade, compatibilidade - chame do que quiser, menos de amor.
Porque é no sexo que conhecemos ao outro integralmente: o gosto, o cheiro, o tato, o som. Tudo isso completando e contemplando o nosso e o corpo alheio. O que não quer dizer que vamos amar cada um com o qual transamos. Fatores simples e novamente hormonais, curiosidade, vontade e muitas outras coisas vão nos motivar à cópula sem resultar na mística, porém química que é o amor.
Tudo isso é tão justificável que até as estatíscas apontam: por mais afinidade que um casal tenha, casamentos acabam todos os dias porque os tempos de "bom sexo" se foram, e o amor junto com eles. E provam o contrário: amantes que vivem às turras mas se aguentam, pois afirmam que "entre quatro paredes eles se resolvem".
Por todo o citado afirmo que amor, só depois do sexo e que é sim uma DST (para a qual espero que não achem a cura). Sexo sozinho é egoísta, é filho único mimado ou caçula que quer as coisas no seu tempo e do seu jeito. Que só usa, sem querer ou achar que também é usado. Aquele que faz "chantagem pós-coito", almejando dormir de conchinha mesmo em um calor cuiabano. Ou aquele que só deseja que o seu "item sexual" suma o quanto antes, ou se transforme numa pizza.
O amor (legítimo, pós ou até durante o sexo) não exige nada disso. Ele se rende ao prazer do outro corpo como fonte de seu próprio prazer. Sabe o que pode, o que quer e mais ainda: aonde quer. Não exige abraço ou conchinha quando acaba, mas também não repele. Entende quem cala, entende quem fala, entende quem dorme. E sorri exausto, mas feliz e seguro de que esses momentos bons tem uma fonte inesgotável, apesar de tudo que digam.
Tal como o apêndice é um órgão de fácil inflamação e remoção, o sexo (e o amor, por consequência) é o oposto - é um órgão que nos falta e buscamos incessantemente em outros corpos. Alguns transplantes ocorrem bem, outros resultam em rejeição. Mas sempre haverá gente na fila de espera esperando pelo órgão compatível.
terça-feira, 13 de março de 2012
Desabafo
Depois de muito pensar no que escrever para abrir os textos do blog esse ano, me rendi a simplesmente não pensar - só escrever. Porque pensar demais às vezes é agir de menos.
Nesse combate que travo com o jornalismo há cinco anos, já senti muitas coisas, da euforia à frustração, da inveja à indiferença.
Agora, nessa reta (será mesmo uma reta? Parece bem mais uma elipse) final, o TCC está em andamento, mas me sinto estagnada. Física, intelectual e financeiramente.
Pode soar amargo, pode ser que eu vá mudar de ideia antes mesmo de terminar esse texto (me permito essa façanha), mas me sinto muito menos preparada para o mundo lá fora do que me sentia há 5 anos.
Talvez essa a perda da coragem pelas altas doses de realismo (e por que não pessimismo?) que qualquer pessoa enfrenta ao longo da vida. E eu não sou diferente de ninguém nesse aspecto.
Sinto que aos poucos, minha paixão pela escrita entrou num manual e se adaptou à pirâmide invertida. E que vou ter que batalhar muito se um dia a quiser de volta.
Fui desaprendendo como escrever o que sentia, para descrever o que via. Afinal, é isso que o jornalista faz: descreve os fatos. Isento de opinião (será?), de emoção, de comoção.
Sou mais uma dessas jovens que esfriou o coração e esquentou a cabeça para querer ser jornalista. E agora tão perto daquele retângulo de celulose que vai levar meu nome e minha graduação, às vezes temo, às vezes tenho raiva. E às vezes choro.
Uma sábia amiga e colega de profissão (sim, é você Natália Alves), desabafou outro dia: "Passei quatro anos na faculdade para descobrir que eu gosto é de escrever".
E eu gosto, mas já não sei se tenho o que é necessário. Nem tanto a técnica, mas aquela coisa que meu caro professor Paulo Ramos não soube nomear. Um (coloque aqui a onomatopeia que melhor lhe convir) para a coisa.
Acho que perdi, acho que reprimi, acho que ficou lá em 2007.
Nesse combate que travo com o jornalismo há cinco anos, já senti muitas coisas, da euforia à frustração, da inveja à indiferença.
Agora, nessa reta (será mesmo uma reta? Parece bem mais uma elipse) final, o TCC está em andamento, mas me sinto estagnada. Física, intelectual e financeiramente.
Pode soar amargo, pode ser que eu vá mudar de ideia antes mesmo de terminar esse texto (me permito essa façanha), mas me sinto muito menos preparada para o mundo lá fora do que me sentia há 5 anos.
Talvez essa a perda da coragem pelas altas doses de realismo (e por que não pessimismo?) que qualquer pessoa enfrenta ao longo da vida. E eu não sou diferente de ninguém nesse aspecto.
Sinto que aos poucos, minha paixão pela escrita entrou num manual e se adaptou à pirâmide invertida. E que vou ter que batalhar muito se um dia a quiser de volta.
Fui desaprendendo como escrever o que sentia, para descrever o que via. Afinal, é isso que o jornalista faz: descreve os fatos. Isento de opinião (será?), de emoção, de comoção.
Sou mais uma dessas jovens que esfriou o coração e esquentou a cabeça para querer ser jornalista. E agora tão perto daquele retângulo de celulose que vai levar meu nome e minha graduação, às vezes temo, às vezes tenho raiva. E às vezes choro.
Uma sábia amiga e colega de profissão (sim, é você Natália Alves), desabafou outro dia: "Passei quatro anos na faculdade para descobrir que eu gosto é de escrever".
E eu gosto, mas já não sei se tenho o que é necessário. Nem tanto a técnica, mas aquela coisa que meu caro professor Paulo Ramos não soube nomear. Um (coloque aqui a onomatopeia que melhor lhe convir) para a coisa.
Acho que perdi, acho que reprimi, acho que ficou lá em 2007.
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