segunda-feira, 29 de março de 2010

Churras- Queira

O corpo já titubeia, a cabeça pende. Olhos semi-abertos... cálculos semi-certos, o que resulta sempre em algo errado.

Estar errado não consiste em não estar certo. Consiste em não dá certo de primeira. E muita coisa não dá.

O emprego, a faculdade, a namorada, a carteira... às vezes precisamos esperar.
E quem aguenta?

Humanos, demasiado humanos, queremos o querer já. As vontades são inadiáveis, mas com elas, vêm as responsabilidades.

E a maturidade falta, falha, fere quando não está no devido lugar. Ninguém é maduro o bastante que não possa melhorar.

Mas o cansaço tem feito de tudo para estragar o pouco conquistado. A teimosia, o orgulho e o medo, principalmente esse, vindo sempre atormentar.

A vida já tem tormentos demais, mas nunca são o bastante. Buscamos causas e cousas nos fundos dos baús fundos e nas estantes só para nos angustiar. O agora não basta, reviramos a bosta. Procuramos sarna para nos coçar.

E cansa. Viver o presente preso ao passado cansa. Ainda mais mal-passado, cujo sangue escorre ao expremer. Serve para a carne, serve para a gente.

Deixemos o passado de lado. Deixamos o mal-passado tostar.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Cidadania, eletiva, economia e hipocresia

Como todo aluno-caranguejo sabe, a nossa universidade é bem famosa pelo Núcleo de Formação Cidadã, que promove aos pobres diabos dos alunos de 2º e 3º semestres as famigeradas eletivas.

Elas foram criadas com o intuito de "conscientizar e atentar os alunos para as necessidades de cidadania, muitas vezes perdidos no processo de formação profissional". Ou seja, é uma matéria aleatória, obrigatória, que você vai ter que fazer porque isso não é uma democracia.

Aliás, dependendo do caso, eletiva é só uma nomenclatura mesmo, porque eles te jogam para onde estiver sobrando vagas, ignorando o seu poder de escolha. Cidadania 1 X Democracia 0.

Enfim, eis que você está em uma sala de aula com sujeitos de todos os cursos: os juqueiros da atlética, os diáconos de teologia, os bêbados de jornalismo, os maconheiros de filosofia, os perdidos de administração, os chicleteiros de odonto, e por ai vai. Não que eu seja a favor dessa rotulação, pelo contrário.

Ninguém conhece ninguém. Talvez até conheça, algum perdido da sua sala que, assim como você, perdeu o prazo para escolher a eletiva, ou, assim como eu, não pode fazê-lo e foi remanejado para lá. Todos com cara de perdidos, fingindo uma auto-confiança que ninguém tem e esperando o professor que nunca viram, nem comeram, só ouvem falar.

O dito (ou a dita) entram, apresentam o plano de ensino e, dependendo da eletiva, fazem algumas piadas. Sorte a minha que os meus professores sempre foram bons. O de religião principalmente, embora eu tenha rejeitado a ideia no começo.

Pois bem, 2010, ano novo, vida velha e lá vou eu para a eletiva que eu escolhi (e dessa vez deu certo): Economia e Cidadania. A professora, uma gordinha (eu posso falar isso?) simpática começa falando das definições concretas do que é economia, os princípios básicos de Huberman, produtos da PalmaLimp, o indiano que ganhou o Nobel de economia etc.

Como a maioria sabe, vivo um caso de amor e ódio com a Metodista, quase uma novela mexicana... Já tive que trancar minha matrícula por não terem aceitado minha proposta de acordo e atualmente estou numa situação similar: ou vai, ou tranca (ao invés de racha).

E no meio daquele discurso bonito, entre a importância da bem-estar mais do que o acúmulo de bens, a reflexão em relação ao capitalismo, a queda do feudalismo e todo esse rolo que fez nossos avós fazerem uma poupança, nossos pais uma previdência e nós termos menos filhos, me vejo numa baita contradição.

Usando o coração, ao invés da razão: QUE BAITA HIPOCRESIA DESSA MERCENÁRIA DENOMINADA METODISTA.

Voltando ao estado da razão: é completamente antagônico pagar alguém para lecionar sobre os valores e preços da qualidade de vida, se denominar uma entidade filantrópica e quando um aluno com dificuldades pede algum recurso para continuar estudando, ela mandar pelo portal do aluno um formal NÃO em letras garrafais.

O discurso no processo de quando você pede bolsas é acolhedor, nem um pouco institucional, quase uma mãe, que se propõe a ajudar todos os que necessitarem e recorrerem a ela. Uma instituição diretamente ligada à igreja, cujo discurso é sempre ajudar e auxiliar os mais necessitados, que manda missionários aos países pobres para levar os ensinamentos bíblicos. E que deixa essa sub-espécie designada estágiario em uma situação de reclusão. Porque sim, impedir alguém de estudar o que quer por não poder pagar é uma das mais abomináveis formas de reclusão.

Não peço para a igreja parar de ajudar os necessitados lá longe. Não disse que a Metodista tem que abrir as portas e deixar qualquer um que queira fazer o que bem entende no curso que achar melhor. Longe disso. Mas a filantropia devia saber dosar esse altruísmo com as pessoas que ajudam a financiar todo o slogan de Melhor Universidade Privada do País. Alunos que se dedicaram em seu curso, que prestaram o ENADE e renderam todas as estrelinhas do Guia do Estudante que ela divulga tão vorazmente.

Esse texto não vai mudar nada. É só um desabafo de uma não-aluna que frequenta as eletivas de bicuda e que espera ainda constar na chamada da tão amada e odiada Metodista.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

...

Deixei de lado os direitismos
As coerências
O linear

Presa pelo silêncio
Por cumprimento
E um olhar

Assinado o contrato
Fica apenas a segunda via
A maresia
E o canhoto

Para a ruivinha

Menina calma
Forte
Determinada
Guerreira de mãos de fada
Com olhos doces
Que derrubam sem precisar ferir

Mora dentro da caixa torácica
Não é tempo, não é grupo
E não há nada que desfaça
O que foi feito por essa guria

Obrigada por tudo
Obrigada por sempre
Obrigada por cada dura doce palavra

Deixando o lirismo de lado: quando eu casar com o porco, o rabo (do porco) é seu

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

The candyman can

Dizem que o doceiro consegue colocar o arco-íris dentro do bolso
Dizem que no fim do arco-íris tem um pote de ouro
Chamem-no aqui, o doceiro tem ouro nos bolsos

Seria o ouro do arco-íris de bolso do doceiro um ouro de chocolate?
Seria o arco-íris do doceiro apenas um sabor de bala?

Será que o doceiro tem bolsos?
Se os tem, o que tem dentro deles?

Chamem-no aqui, faça-o esvaziar os bolsos
Quero o ouro
O arco-íris
E as balas