"O que o ano novo trará? 365 oportunidades." E não trouxe 2012 ao menos 366 delas? E por quantas vezes as deixamos de lado... A concessão bissexta agraciou nossas expectativas com 24 horas a mais de prazo, mas por que não as agarramos? Porque, penso eu, na ânsia de ir para frente, estamos atados ao que está atrás (sem dualismos).
Parafraseando Gessinger e Lindecker com suas "Pouca Vogal":
[...] Num piscar de olhos
Tudo se transforma
Tá vendo? Já passou
Mas ao mesmo tempo
Fica o sentimento
De um mundo sempre igual
É igual ao que já era
De onde menos se espera
Dali mesmo é que não vem [...]
O fim do ano torna as pessoas nostálgicas, movidas por uma comoção coletiva, uma espécia de transe. A publicidade do banco cuja cor laranja predomina sua identidade visual faz questão de frisar enfadonha sensação. E o público compra tal discurso como se fosse novidade. Soa como um mais do mesmo e, no geral, a repetição me entedia. Todavia, de fato aprecio as perspectivas que emergem no âmago coletivo, tal como a acne no ápice da puberdade. É repulsivo, porém genuíno.
Essa euforia e até expectativa, por assim dizer, são como fiapos de manga. No momento de deleite, quando o fruto adoça a boca e o aroma atinge as narinas, pouco importam os fiapos. Mas já passado o sabor e desbunde, lá estão, atrelados a nós de maneira tão incômoda e inoportuna que não nos permitem pensar em outra coisa.
Que em 2013, mais do que nunca, possamos todos nós sairmos do tal transe. E quem sabe, utilizemos mais fio dental.
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