Olá stalker do passado, do presente e do futuro. Aliás, stalker é um termo muito pomposo, vamos à real: mexeriqueiro.
Isso ai, mexeriqueiro. Está tudo muito que bem. Está tudo muito que bom. Se veio aqui caçar pauta, perdeu a viagem. Aqui no calor, eu tomo sol e no frio, durmo de meia quentinha. Não tem tempo ruim.
Não tem choro de pitanga não, não tem lágrima de crocodilo, não tem polêmica caça-clique não. Aqui está tudo muito que bem. O rádio ainda tem pilha, a lâmpada ainda brilha, a comida aqui não esfria.
Pode remoer ai mexeriqueiro: anota "Tá tudo muito que bem" na sua planilha de mexericos. Deus e o Diabo na Terra do Sol sabem que vez ou outra, você cisma de passar "sem intenção" para saber da minha vida.
Que viagens eu fiz, onde estou trabalhando, quais são meus projetos, com quem eu namoro, com quem eu falo, quem são meus amigos, qual o meu novo corte de cabelo ou que remédios eu estou tomando. Se deu mal mexeriqueiro.
Aqui o café é quente, a água é gelada, o doce é primoroso, a comida não é salgada. Aqui está tudo muito que bem.
Aliás, mexeriqueiro, sabia que sua vida pode ser assim também? Pega toda essa energia que usa para mexericar e invista em suas próprias viagens, em seus próprios amigos, em seus próprios projetos. Vai melhorar para você também.
Por aqui, ah aqui, aqui vai tudo muito que bem mexeriqueiro.
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Sobre cachorros pretos
Descobri a depressão aos 14 anos. Na época, foi minha primeira consulta com um psicólogo, depois de um encaminhamento do hebiatra, fascinado pelo histórico psiquiátrico da minha família. A bem da verdade, meu tio foi responsável por muito disso e a coisa não melhorou muito depois que ele se suicidou, em 2006.
Entorpecida pelo espírito rebelde da juventude, obviamente ignorei a guia para encaminhar o tratamento. Aos 14 anos, a minha maior preocupação não era um diagnóstico de depressão ou encaminhamento para um grupo de tratamento. Ao contrário, isso só iria tornar essa coisa terrível que é a adolescência em algo pior. Era só uma fase e iria passar quando terminasse o ensino médio.
Em um vídeo da Organização Mundial de Saúde sobre depressão, é usada a metáfora de que a doença é como um grande cachorro preto. E é uma ótima comparação, por isso, vou adotá-la na retórica. O cachorro preto parou na minha porta aos 18 anos. Afastada do trabalho, terminei com o namorado, tranquei a faculdade e tudo parecia ter se dissolvido. Eis que o cachorro preto surgiu em minha vida.
Envolta pelo sentimento de impotência, não conseguia mais comer e tudo tinha gosto de espuma. As preocupações (voltar para o trabalho, pagar a faculdade, superar os relacionamentos) começaram a me tirar o sono. Parei de dormir, apenas desmaiava por cansaço, cerca de 3 horas por noite. Obviamente a combinação de não dormir e não comer desencadeia a perda de peso súbita e tornei-me um saco de pele, cabelo e osso com 37 quilos, distribuídos em 1,67 de altura.
Foi quando o então namorado decidiu terminar e quando olhei pelo portão, lá estava o cachorro preto, esperando que eu abrisse para ele entrar. Estava triste e permiti não apenas que entrasse, mas comesse do meu prato e dormisse na minha cama. Ele tinha paralisado minha vida e transformado um término de namoro, dois furtos e uma perseguição em pânico.
Tudo por causa do cachorro preto, que morava no meu peito, que não me deixava dormir, comer ou até mesmo sorrir. Durante seis meses da minha vida eu chorei todos os dias. Não mais na frente dos meus pais, que viviam em estado de alerta por minha causa. Não mais na frente dos meus amigos, que muitas vezes me acolheram. Chorava no ônibus, no metrô, no banheiro, indo ou voltando do trabalho.
Graças aos amigos, aos meus pais e à terapia, domei tão negro canino. Soltei-o e deixei que desse uma volta. Uma longa volta, que o fez retornar em 2013, sem motivo aparente. Quando percebi que ele estava chegando, fui procurar ajuda médica.
A grande sacada, no final das contas, não é que você tem, fez ou fizeram com você para que o cachorro preto entrasse na sua vida, mas sim como você lida com isso. Esse texto talvez tenha sido um dos mais difíceis de escrever até agora, porque escancara tudo que levei anos para entender. E se você chegou até aqui e consegue se identificar com alguma coisa, então já valeu a pena. Tomei coragem depois que uma amiga expôs (de maneira muito mais literária e bela) sua experiência com a depressão e agradeço a ela por isso. Obrigada por me dar forças Jules.
Entorpecida pelo espírito rebelde da juventude, obviamente ignorei a guia para encaminhar o tratamento. Aos 14 anos, a minha maior preocupação não era um diagnóstico de depressão ou encaminhamento para um grupo de tratamento. Ao contrário, isso só iria tornar essa coisa terrível que é a adolescência em algo pior. Era só uma fase e iria passar quando terminasse o ensino médio.
Não estava de todo errada. Três anos depois e eu tinha namorado, emprego, passado no vestibular e estava prestes a serrar as correntes com o ensino médio, época desgraçada na vida das jovens magrelas e nerds. A faculdade era a chance de sair daquela mediocridade para embarcar em outra, mas ainda que medíocre, era uma novidade. A vida começava a tomar rumo e tinha esquecido a guia na gaveta, junto com a batelada de exames que a hebiatra pediu.
Em um vídeo da Organização Mundial de Saúde sobre depressão, é usada a metáfora de que a doença é como um grande cachorro preto. E é uma ótima comparação, por isso, vou adotá-la na retórica. O cachorro preto parou na minha porta aos 18 anos. Afastada do trabalho, terminei com o namorado, tranquei a faculdade e tudo parecia ter se dissolvido. Eis que o cachorro preto surgiu em minha vida.
Envolta pelo sentimento de impotência, não conseguia mais comer e tudo tinha gosto de espuma. As preocupações (voltar para o trabalho, pagar a faculdade, superar os relacionamentos) começaram a me tirar o sono. Parei de dormir, apenas desmaiava por cansaço, cerca de 3 horas por noite. Obviamente a combinação de não dormir e não comer desencadeia a perda de peso súbita e tornei-me um saco de pele, cabelo e osso com 37 quilos, distribuídos em 1,67 de altura.
O farmacêutico, que me conhecia desde criança e aplicava minhas injeções para rinite quando tinha seis anos de idade, viu que eu estava mal. Logo sugeriu a minha mãe que me desse um remédio natural para dormir. Eu tomava 4 cápsulas, mas meus olhos se recusavam a fechar. Era como se um enorme cachorro preto estivesse sentado no meu peito e doía.
Levou cerca de 4 meses para conseguir retomar as atividades, aceitar os fatos e recuperar o apetite e o sono, graças ao novo namorado que eu acabava de arrumar. Ele e sua família foram responsáveis por me ajudar a sair da primeira grande crise de depressão e serei eternamente grata por isso.
O ano era 2010 e tudo havia mudado: empregos, o namorado, a rotina, a grade curricular da faculdade. Retomei o jornalismo, tinha um grupo de novos amigos, um emprego e nem pensava no tal cachorro preto. Ciente de ser a principal responsável pela minha felicidade, troquei de estágio para trabalhar com algo que realmente gostava. Naquele momento eu estava bem próxima do que até então considerava o ideal humano de felicidade.
Levou cerca de 4 meses para conseguir retomar as atividades, aceitar os fatos e recuperar o apetite e o sono, graças ao novo namorado que eu acabava de arrumar. Ele e sua família foram responsáveis por me ajudar a sair da primeira grande crise de depressão e serei eternamente grata por isso.
O ano era 2010 e tudo havia mudado: empregos, o namorado, a rotina, a grade curricular da faculdade. Retomei o jornalismo, tinha um grupo de novos amigos, um emprego e nem pensava no tal cachorro preto. Ciente de ser a principal responsável pela minha felicidade, troquei de estágio para trabalhar com algo que realmente gostava. Naquele momento eu estava bem próxima do que até então considerava o ideal humano de felicidade.
Foi quando o então namorado decidiu terminar e quando olhei pelo portão, lá estava o cachorro preto, esperando que eu abrisse para ele entrar. Estava triste e permiti não apenas que entrasse, mas comesse do meu prato e dormisse na minha cama. Ele tinha paralisado minha vida e transformado um término de namoro, dois furtos e uma perseguição em pânico.
Já não podia mais sair na rua, com medo de morrer. E era somente nisso que eu pensava: na morte. O cachorro preto me apresentou à Síndrome do Pânico e ela entrou sem perceber junto com ele quando abri o portão. Sem me dar conta, parei de comer de novo e só pensava em dormir. Dormir e morrer. Não pensava em me matar, mas via uma oportunidade para morte em cada coisa que fazia: achava que iria ser empurrada na linha do trem, atropelada por um ônibus, me engasgar com a comida, ser esfaqueada na rua. Pensava na morte - e no medo de morrer - o tempo inteiro.
Não conseguia comer e de novo lá fui parar na casa dos 30 e poucos quilos. Meus pais estavam desesperados, divididos entre a linha tênue que busca por ajuda e me culpar inconscientemente por aquilo. Os amigos mais próximos perceberam o quão fundo era o poço no qual eu estava e buscaram me tirar de lá de qualquer forma. Foi o período da minha vida que mais vi cultos, missas, que mais recebi passes e mais leram a bíblia para mim. Foi quando um amigo percebeu a gravidade e conseguiu uma psicóloga disposta a me tratar em um regime de bolsa, já que eu não podia pagar.
Se não fosse por eles, eu provavelmente teria morrido. Não por causa de nenhuma obsessão da minha cabeça, mas por uma infecção no sangue que se alastrou para os órgãos. É desnecessário dizer que a tristeza de mãos dadas com a má alimentação e pouco repouso baixam a imunidade. E que isso desencadeia patologias inúmeras tornando o distúrbio mental em algo físico.
Se não fosse por eles, eu provavelmente teria morrido. Não por causa de nenhuma obsessão da minha cabeça, mas por uma infecção no sangue que se alastrou para os órgãos. É desnecessário dizer que a tristeza de mãos dadas com a má alimentação e pouco repouso baixam a imunidade. E que isso desencadeia patologias inúmeras tornando o distúrbio mental em algo físico.
Tudo por causa do cachorro preto, que morava no meu peito, que não me deixava dormir, comer ou até mesmo sorrir. Durante seis meses da minha vida eu chorei todos os dias. Não mais na frente dos meus pais, que viviam em estado de alerta por minha causa. Não mais na frente dos meus amigos, que muitas vezes me acolheram. Chorava no ônibus, no metrô, no banheiro, indo ou voltando do trabalho.
Graças aos amigos, aos meus pais e à terapia, domei tão negro canino. Soltei-o e deixei que desse uma volta. Uma longa volta, que o fez retornar em 2013, sem motivo aparente. Quando percebi que ele estava chegando, fui procurar ajuda médica.
Ao contrário do que a maioria pensa, o tal do cachorro preto não é apenas uma tristeza crônica. A depressão - que possui diversas causas e sintomas, tratamentos e razões - na minha condição era uma total ausência de sentimentos. Nem tristeza, nem alegria, medo ou euforia, eu estava estática. Tamanho não foi o alívio após a conclusão médica de que tudo isso não passava de um distúrbio químico no meu cérebro e alguns comprimidos poderiam resolver.
Dentre todas as possibilidades que acarretam o tal do cachorro preto (traumas, situações desgastantes, perdas), a minha era a mais simples e puramente química. Quando entendi que meu cérebro simplesmente não produzia a quantidade devida de serotonina e por essa razão eu ficava naquele estado, tudo ficou mais claro.
Claro não é sinônimo de fácil, mas entender o problema ajuda na solução. Logo, algumas visitas com o psiquiatra e a psicóloga e entraria para a vasta porcentagem consumidora de antidepressivos. Comecei com a fluoxetina (famoso Prozac), 20 mg ao dia. Não resolveu muito e a dose foi dobrada, triplicada. Quadruplicada. Eis que a fluoxetina só me dava tosse e já não fazia mais efeito. Os médicos trocaram para a sertralina (ou Zoloft, como preferirem) de 50 mg.
Em setembro, vai fazer um ano que não tomo mais nenhum remédio. Parei todos sob orientação médica e claro, tenho minhas recaídas. Entretanto, é gratificante saber que mesmo sendo uma questão mais química que psicológica, hoje eu consigo dominar meu cachorro preto. Inúmeras coisas me fizeram entristecer nesse período, afinal, somos todos humanos (menos o Keanu Reeves, acredito em sua vampiresca ancestralidade).Uma delas, inclusive, um tumor hipofisário que só reforça a questão do descontrole hormonal latente em meu cérebro.
Em setembro, vai fazer um ano que não tomo mais nenhum remédio. Parei todos sob orientação médica e claro, tenho minhas recaídas. Entretanto, é gratificante saber que mesmo sendo uma questão mais química que psicológica, hoje eu consigo dominar meu cachorro preto. Inúmeras coisas me fizeram entristecer nesse período, afinal, somos todos humanos (menos o Keanu Reeves, acredito em sua vampiresca ancestralidade).Uma delas, inclusive, um tumor hipofisário que só reforça a questão do descontrole hormonal latente em meu cérebro.
A grande sacada, no final das contas, não é que você tem, fez ou fizeram com você para que o cachorro preto entrasse na sua vida, mas sim como você lida com isso. Esse texto talvez tenha sido um dos mais difíceis de escrever até agora, porque escancara tudo que levei anos para entender. E se você chegou até aqui e consegue se identificar com alguma coisa, então já valeu a pena. Tomei coragem depois que uma amiga expôs (de maneira muito mais literária e bela) sua experiência com a depressão e agradeço a ela por isso. Obrigada por me dar forças Jules.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
A arte de cagar-regra
Acredito que a cagação de regra — tal como a zoeira — nunca terão fim. E que seu começo se deu nos primórdios, quando um neandertal foi cagar de um jeito e outro lhe deu com o tacape na cabeça para mostrar como se cagava certo.
Arrisco ainda dizer que seja até antes, quando um ainda macaco foi comer uma banana e chegou outro, mostrando qual lado deveria ser mordido primeiro. Não se sabe o começo, não se sabe o fim. Mas a cagação de regra se perpertuou ao longo dos milênios e está ai, irredutível e a mesma, tal como o Keanu Reeves.
Essa arte milenar ganhou repercussão ainda maior quando um alemão decidiu que era hora de criar a prensa. Ocioso da vida, Gutenberg foi lá e possibilitou que a Igreja Católica — uma das maiores instituições de cagação de regra de todos os tempos — pudesse cagar suas regras de maneira escrita e em larga escala.
Nos séculos sucessores, as tecnologias industriais estavam ali, a bel prazer da cagação de regra para que fossem utilizadas. E foram. No final do século XX, esse patamar já tinha alcançado algorítimos e sequências binárias graças ao digital.
E hoje, mais de uma década depois da entrada do século XXI, a cagação de regra se perpetua para além do cagar, do descascar banana, da orientação sexual, vestimentas, gostos pessoais.
Ela chega até na a palma das mãos entediadas e tediosas que, do alto de seus teclados, dispõem de um vigor para determinar o que pode ou não.
Smartphones engatilhados disputam atenção com o mundo real. Porque na internet, a regra é cagar regra.
Arrisco ainda dizer que seja até antes, quando um ainda macaco foi comer uma banana e chegou outro, mostrando qual lado deveria ser mordido primeiro. Não se sabe o começo, não se sabe o fim. Mas a cagação de regra se perpertuou ao longo dos milênios e está ai, irredutível e a mesma, tal como o Keanu Reeves.
Essa arte milenar ganhou repercussão ainda maior quando um alemão decidiu que era hora de criar a prensa. Ocioso da vida, Gutenberg foi lá e possibilitou que a Igreja Católica — uma das maiores instituições de cagação de regra de todos os tempos — pudesse cagar suas regras de maneira escrita e em larga escala.
Nos séculos sucessores, as tecnologias industriais estavam ali, a bel prazer da cagação de regra para que fossem utilizadas. E foram. No final do século XX, esse patamar já tinha alcançado algorítimos e sequências binárias graças ao digital.
E hoje, mais de uma década depois da entrada do século XXI, a cagação de regra se perpetua para além do cagar, do descascar banana, da orientação sexual, vestimentas, gostos pessoais.
Ela chega até na a palma das mãos entediadas e tediosas que, do alto de seus teclados, dispõem de um vigor para determinar o que pode ou não.
Smartphones engatilhados disputam atenção com o mundo real. Porque na internet, a regra é cagar regra.
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Cá está: Crise Pré-26
Inicialmente, vamos às definições do termo segundo o Dicionário Priberan da Língua Portuguesa. Crise vem do latim crisis e do grego krisis - éos, ato de separar, decisão, julgamento, evento, momento decisivo. E também pode ser um tecido muito fino feito de lã branca.
Tendo em vista o significado, solicito ao leitor que interprete-o na seguinte retórica da maneira que preferir. Não sou responsável pela interpretação que as pessoas têm do que escrevo e, caso seja, realmente não me importo.
Pode chamar de mimimi, de Drama Queen, de exagerada, de prepotente, arrogante de Cármen Miranda ou Josefina. Se tem algo que eu não tenho mais saco é ter que ficar explicando as coisas. Isso não combina muito com a carreira acadêmica que pretendo seguir, mas até lá, desenvolvo esse lado. Ou meus alunos me acharão uma megera e está tudo certo.
Crescer dói para caralho. Física e emocionalmente. O lance é que no corpo, ficam as estrias - a ruptura da derme que consiste nas cicatrizes desprezíveis em nádegas, barrigas, pernas transeuntes do verão. Isso ocorre quando há um crescimento abrupto, sem a produção de colágeno suficiente para amenizar esse processo. E lamento informar, não tem cura para isso. Alguns tratamentos podem amenizar a aparência, mas a lesão sempre vai existir. Assume que dói menos.
Já o outro crescimento - o emocional, humano, da psiquê ou o raio que seja - não é notável aos olhos. Ao menos, não tanto quanto as estrias. Acontece simplesmente e sequer nos damos conta. Só que está ai, latejando, pronto para evidenciar sua grandeza. O lado bosta é que só nos damos conta disso quando empurrados do penhasco do autoconhecimento. Daí o instinto de sobrevivência berra "SE VIRA NEGO". E você se vira, sem hesitar. Se vira ou se fode. A escolha é sempre sua.
Nessa crise Pré-26, eu me viro porque não quero me foder. Esse um quarto de século me ensinou (na porrada muitas vezes) que até a maior bosta tem seu lado bom. A lição foi aprendida e, no maior estilo compostagem, estou tirando energia de tudo o que é ruim para o próximo ano astral.
Quanto as coisas boas, dessas eu não falo. Essas eu aproveito, esgoto até a última gota, escondo, reservo. Isso é meu e não vai sari daqui. E nem aqui. Das escolhas oferecidas pelo Priberan, eu escolho a crise como momento decisivo. SE VIRA OU SE FODE.
E eu me viro.
Leia também (ou não, como quiser):
Crise Pré-25
Crise Pré-24
Tendo em vista o significado, solicito ao leitor que interprete-o na seguinte retórica da maneira que preferir. Não sou responsável pela interpretação que as pessoas têm do que escrevo e, caso seja, realmente não me importo.
Pode chamar de mimimi, de Drama Queen, de exagerada, de prepotente, arrogante de Cármen Miranda ou Josefina. Se tem algo que eu não tenho mais saco é ter que ficar explicando as coisas. Isso não combina muito com a carreira acadêmica que pretendo seguir, mas até lá, desenvolvo esse lado. Ou meus alunos me acharão uma megera e está tudo certo.
Crescer dói para caralho. Física e emocionalmente. O lance é que no corpo, ficam as estrias - a ruptura da derme que consiste nas cicatrizes desprezíveis em nádegas, barrigas, pernas transeuntes do verão. Isso ocorre quando há um crescimento abrupto, sem a produção de colágeno suficiente para amenizar esse processo. E lamento informar, não tem cura para isso. Alguns tratamentos podem amenizar a aparência, mas a lesão sempre vai existir. Assume que dói menos.
Já o outro crescimento - o emocional, humano, da psiquê ou o raio que seja - não é notável aos olhos. Ao menos, não tanto quanto as estrias. Acontece simplesmente e sequer nos damos conta. Só que está ai, latejando, pronto para evidenciar sua grandeza. O lado bosta é que só nos damos conta disso quando empurrados do penhasco do autoconhecimento. Daí o instinto de sobrevivência berra "SE VIRA NEGO". E você se vira, sem hesitar. Se vira ou se fode. A escolha é sempre sua.
Nessa crise Pré-26, eu me viro porque não quero me foder. Esse um quarto de século me ensinou (na porrada muitas vezes) que até a maior bosta tem seu lado bom. A lição foi aprendida e, no maior estilo compostagem, estou tirando energia de tudo o que é ruim para o próximo ano astral.
Quanto as coisas boas, dessas eu não falo. Essas eu aproveito, esgoto até a última gota, escondo, reservo. Isso é meu e não vai sari daqui. E nem aqui. Das escolhas oferecidas pelo Priberan, eu escolho a crise como momento decisivo. SE VIRA OU SE FODE.
E eu me viro.
Leia também (ou não, como quiser):
Crise Pré-25
Crise Pré-24
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
Sobre algodão doce e arco-íris
"Eu não sei a razão, mas sempre associo as palavras algodão doce com arco-íris." Gargalhou descendo as escadas e parou em frente ao banco de madeira daquele prédio tão familiar. A praça, sempre cheia, zunia enquanto ia à caça de um cachorro-quente.
Sete anos depois, outro hemisfério ficou com sua gargalhada e há muito não lembro nem de arco-íris, nem de algodão doce. O tempo, a distância e o frio endureceram as lembranças, textos, palavras e risos já empoeirados no escaninho do peito.
Ao ajeitar o livro Lolita na minha estante, lembrei da vez que teve alergia aos ácaros ao pegá-lo emprestado na biblioteca. E dessas miudezas todas, como após um ano e meio, achar um bilhete no caderno de francês.
Hoje, entre indas e vindas, eu lembrei de tudo isso para te desejar algodão doce e arco-íris. Trilhas livres, arborizadas, um cheiro constante de café e um percurso trilhado pelo Yann Tiersen. Se a Amélie Poulain pode, você também pode.
Feliz aniversário. A felicidade de uma criança que devora um algodão doce debaixo do arco-íris. Hoje e sempre.
Sete anos depois, outro hemisfério ficou com sua gargalhada e há muito não lembro nem de arco-íris, nem de algodão doce. O tempo, a distância e o frio endureceram as lembranças, textos, palavras e risos já empoeirados no escaninho do peito.
Ao ajeitar o livro Lolita na minha estante, lembrei da vez que teve alergia aos ácaros ao pegá-lo emprestado na biblioteca. E dessas miudezas todas, como após um ano e meio, achar um bilhete no caderno de francês.
Hoje, entre indas e vindas, eu lembrei de tudo isso para te desejar algodão doce e arco-íris. Trilhas livres, arborizadas, um cheiro constante de café e um percurso trilhado pelo Yann Tiersen. Se a Amélie Poulain pode, você também pode.
Feliz aniversário. A felicidade de uma criança que devora um algodão doce debaixo do arco-íris. Hoje e sempre.
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