quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O que (já!) aprendi com 20 anos

Faz pouco mais de 24 horas que há 20 anos atrás nasci. Gorda, rosada e com duas bolas de gude (como as pessoas gostam de frizar) azuis e cara de joelho.

Parece estranho, mas uma mística envolve essa aura de 20 anos. Na saudosa piada interna: sou parte do Código da 20.

E essa mística já me fez aprender coisas, em menos de 24 horas (juro pelas propriedades benéficas da cafeína e por toda composição de uma paçoca).

Veja: eu tenho SÓ/JÁ 20 anos. Não posso ser infantil, mimada, fujona e manhosa, mas isso não quer dizer que eu tenha que ser madura, adulta, segura e infálivel.
Posso errar, ter medo, vergonha e vontade de chorar. Só preciso fazer tudo isso e depois dar a volta por cima, mostrar que estou de pé e pronta para outra rodada.

Nem tudo vai ser do jeito que quero, na hora que quero, com as pessoas que quero. E preciso aprender a entender e tolerar isso.
E a tolerar o fato de que todo mundo erra, uns mais, outros menos, uns de forma mais leve, outros nem tanto. O importante é medir o quanto os erros da pessoa me afetam. E analisar se isso deve ou não ser considerado quando medir o quanto esse pessoa gosta de mim.

Apesar de ter vivido um pouco, eu tenho muito pela frente. Eliminar, bloquear e excluir as pessoas da minha vida, sem uma causa devidamente grave, não é o meio. E depender diretamente delas, assim como da cafeína, também não.

Eu não preciso mudar o mundo. Basta não piorá-lo. Eu não preciso curar a AIDs, basta prevenir-me. Eu não preciso ser genial. Mas eu quero. E como! Quero curar a AIDs, quero mudar o mundo. É, ainda não aprendi como parar de querer isso.

Não preciso saber quem é o amor da minha vida. Basta saber que quem está ao meu lado é o meu amor. E amá-lo como se fosse o amor da minha vida, independendo todo o resto.

Eu não preciso de muitos amigos. Mas eu preciso de um pouco deles. De cada um.

A resolução das mágoas, às vezes, é mais simples do que parece. E aquilo que arrastamos por anos, com ódio, desprezo e rancor, com um e-mail se resolve. Foi preciso 6 anos para eu entender que minha limitação em relação a alguém era infundada. Ainda bem.

E na minha ânsia de querer agradar todo mundo, acabei desagradando muita gente. E na fobia de fazer tudo perfeito, errei muito.
Aquela vontade de ter todo mundo perto sumiu no metrô. Em uma megalópole, a solidão parecia inevitável e isso foi um paradoxo durante semanas até vir o clarão: eles são como você.

Aprendi que tenho amigos verdadeiros perto de Chuí e perto de Oiapoque. E que alguns, do meu lado, me esquecem.

Aprendi que por mais limitações e defeitos que tenham, família é família.

Aprendi que textos falando sobre seus conflitos rendem bastantes comentários em blogs...

4 comentários:

Unknown disse...

Ótimo post! Este aniversario só te fez perceber o quanto você é querida por seus amigos!
Beijão e continue com seus grandes textos neste blog! huah com 20 aposto que eles serão melhores ainda.
Love you.

Anônimo disse...

É isso aí. Envelhecer é uma merda, como já diria minha avó. Diferente de quando éramos crianças e pensávamos que na idade x tudo ia ser bem melhor. As dúvidas só aumentam, assim como as incertezas das escolhas cada vez mais traiçoeiras. O que muda mesmo e que se cria uma casca, que vai engrossando com o tempo.
A Wendy pode crescer, mas ela precisa manter o seu Peter Pan vivo. Afinal, dos vários tipos de crescimento, o mais difícil é o do coração – aquele que volta a ser criança porque a exclusão não leva a nada.

Leandro Vasco disse...

Daqui a 20 anos espero que você escreva um grande texto dizendo tudo o que desaprendeu. Desconstruindo as palavras, destruindo paradigmas, criando/recriando paradoxos infernais e provocando toda a humanidade com escárnios e maldizeres. hahahaha

Beijos.

Cíntia Alves disse...

Juro que quis copiar esse post e colar na minha testa.