quinta-feira, 8 de maio de 2008

Capítulo IV

Deixemos de lado a moça, seus defeitos, seus encantos e seus amigos vitais. Vamos ao seu mundo, o "mundo-apartamento".
Antes de começar a contar como fora parar lá, vamos enfatizar uns causos:

A moça era tão teimosa quanto poderia ser.

Ela herdara essa teimosia de seus pais, era evidente.

Cumpria sempre suas promessas. O que era uma coisa boa, mas no caso, também torno-se uma coisa ruim.

Quando tinha 15 anos, por uma razão que não será citada nem nesse e nem nos próximos capítulos, a moça, que no caso ainda era uma menina, discutira gravemente com seu pai. Insultos foram proclamados, embora duros, não eram legítimos. Naquela data, a menina-moça prometeu que jamais seria ofendida de novo por uma coisa que não fizera.

Meses antes da cena que inicia o primeiro capítulo, nossa protagonista cumpriu sua promessa. Em outra grave discussão, foi caluniada com termos que beiram mentirosa e falsa. Ainda morava com seu pai na época. Na mesma noite, juntou todas as coisas que eram possíveis de carregar e foi embora sem despedir-se, ignorando os apelos e soluços de sua mãe.


Bateu às 2:34 da manhã na casa de sua amiga de cabelos mel e olhos de âmbar. Não foram ditas frases e nem palavras de consolo. Ao ver todas as malas, livros e caixas paradas junto à porta, apenas abriu mais o vão e deixou que entrasse.

Assim que se acomodou, ligou para seu tio, que morava um pouco longe dali. Londres.

Algumas atribuições ao tio da moça:

Ele era bem velhinho, pois quando sua irmã caçula nascera, acumulava uma experiência de vida próxima dos 20 anos.

Era muito próximo a essa tão peculiar sobrinha, sendo o responsável por seu amor aos livros e a leitura no geral.

Não sabia como não ajudar as pessoas. Fora tapeado muitas vezes e essa era a freqüente reclamação da família.

Morava em Londres desde a morte de sua esposa. Um bandido a matara. Queria seu fígado, mas ela resistiu. O câncer era maligno e a rendeu em poucos meses.

Possuia dois filhos, os gêmeos. Ambos eram integrantes de uma banda de rock e passavam o ano todo viajando em turnês. Não que a banda fosse famosa... mas eles achavam que assim poderia ser...

Era dono de um café-livraria em uma das mágicas ruas londrinas. A livraria era em cima, o café, em baixo. Do lado, apenas umas casinhas antigas que abrigavam recém-casados. Do outro lado da rua, um prédio de 15 andares.

Ao solicitar o auxílio do tio, a primeira frase que ouviu (e é o primeiro diálogo direto nos últimos 4 capítulos):

- Você precisa de novos ares.

Feito. Mudara-se para Londres, para trabalhar no café-livraria com o tio. Na despedida, apenas a mãe e os 3 vitais amigos. A mãe só soluçava, embora compreendesse que era a melhor coisa a ser feita no momento. Uma das amigas chorava de saudade ainda não sentida. A outra, sentia uma angústia silenciosa que beirava a raiva por deixar que ela partisse. O amigo-irmão a abraçou forte e disse:

- Cuide-se menina. Muito em breve farei-lhe uma visita.

Partiu. Sem pretensões de voltar tão cedo. Criara a partir daquele instante, o seu mundo-apartamento.

Leia também:

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III

2 comentários:

m.m disse...

Bem, Mário...
Digo aqui que eu já adoro ler coisas grandes, quando é postada por ti, então... Me perco nas letras.

Já disse que acho super (Ok, não achei outra palavra para dar enfase ¬¬') interessante o MODO como vc escreve, que quando junta ao conteudo, criatividade, e tudo, enfim, adoro o conjunto!!!

Da fã m.m

;)

Meu beijo!

Bruna Corrêa disse...

Quero mais capítulos! *--*