quinta-feira, 15 de maio de 2008

Publicidade afetiva

Depois de gritar, quebrar todos os pratos, explicitar cada sacrifício feito por ela e chorar, em quase fase de desistência, ele pergunta:

- O que você quer afinal?

Ela, sem mover um músculo facial a mais do que o necessário, responde:

- Eu quero propaganda de margarina.

Ele já não entendia mais nada. Achara que dessa vez ela tinha enlouquecido. Mas antes que ele pudesse perguntar, ela completou:

- Quero uma casa ampla, não precisa ser mansão, mas precisar ser clara, ter planta, ter foto, ter cachorro. Ter vida. Quero acordar de manhã e pegar o pote de margarina para o melhor café do mundo. Quero beijo na testa e banho de mangueira. Quero criança, velho, vizinho, adolescente, namorados deles, irmãos dos namorados. Quero torrada com geléia, bolo quentinho e café fumegante.

________________________________________________________________________

No fundo, a maioria quer propaganda de margarina.

Nenhum comentário: