quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Éramos 7

Acho que não chorei assim por ninguém na vida. Nem pelos meus avós, nem pelos que considerava da família, nem pelos meus falecidos tios.
A dor da perda era consolável pelo fato de saber que eles tinham vivido boa parte de suas vidas sem minha existência. E outra boa parte depois dela.
Enfim, quando o assunto é a perda de entes próximos, sempre superei bem a morte. Lembro ainda de quando foi o meu avô. Já tinha 9 anos, o suficiente para entender o que estava ocorrendo e sentir que ele nunca mais estaria ali.
Chorei assim faz pouco mais de 6 anos. Eu achara duas cadelinhas dentro do saco de lixo, quase mortas pelo frio. Se permancessem ali, de fato a morte seria concretizada.
E aqui dentro o que bate é um coração, não uma pedra. Ainda que com pouco espaço e mais dois cachorros, recolhi os seres quase mortos.
Conseguimos arrumar um dono para uma das cadelas. A outra, ficou conosco. Durante 1 ano e 6 meses, até sua jornada acabar em um choque com um carro. Sim, morreu atropelada.
Chorei muito, pois a tinha visto bem pequena, quando mamava com auxílio de uma mamadeira... Cerca de 3 anos depois, adotamos outra filhotinha. Não tinha nem direito 1 mês e passara por dois lares. No primeiro, quase morreu por falta de cuidados. E o segundo não podia cuidar devidamente.
Ela cabia na palma da minha mão (que era bem menor do que é atualmente). Não bebia água, nem comia, só sabia deitar de barriga no chão para tentar aliviar o calor.
Com muita paciência e cuidado, cuidamos até ela tornar-se grande, carente e muito saudável. Tão saudável, que teve uma cria. Uma enorme cria de 7 filhotes! E eu vi cada um nascer, cada um crescer até pelo menos 2 meses de idade.
Um deles arranjou um lar. Outro, adoeceu. Temi que fosse perdê-lo, mas conseguimos fortalecê-lo até arrumarmos um dono. E arrumou um ótimo dono, está atualmente bem maior que os irmãos e muito bem cuidado.
O terceiro irmão foi para o lar de uma menina de 2 anos. E diga-se de passagem, está muito feliz lá. Infame trocadilho, seu nome é Feliz.
Sobraram 4. Um foi e voltou, para a minha felicidade, pois era o que mais tinha carinho.

Desde domingo, noto que uma das que ainda restavam, andava meio murcha. Não comia, não bebia água, nem sequer levantava ao ouvir os chamados de seu nome (Ursinha, não me pergunte por que, não fui eu quem escolheu o nome!).
Passei a segunda servindo água, água com maizena e leite com uma colher em sua boca.
Na terça, tentei deixá-la descansando, mas ainda preocupada. Ontem à noite, teve uma melhora e até levantava para beber água.
Hoje, exatamente às 14h, depois de muitos remédios, massagens, colheradas e injeções de remédio na boca, ela morre no meu colo.

Doeu e ainda está doendo. Pode ser exageradamente dramático, de quem é muito choroso e mimado e não sabe agir com maturidade nas horas que necessita.
Isso agora pouco importa.

A maior da foto, Ursinha.

3 comentários:

Elsa Villon disse...

Incrível como um bichinho pode fazer tanta falta...


E o pior é que não precisava ter acontecido se as duas doses da vacina que tinha tomado tivessem o retorno que deveriam.

Bruna Corrêa disse...

Tadinha.
:(
Tomara que os outros filhotinhos se estabeleçam fortes e saudáveis!
Força filhotinhos e força Elsa.
Eu acho que nada do que eu diga vai ajudar muito mas...
Ao menos vc estava com ela, cuidou dela quando ela precisou, fez o possível! Foi uma ótima dona.

Cíntia Alves disse...

(U) perder um bichinho especial dói. E dói muito.