segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Para a minha luz.

Era fria e macilenta. Apesar das feições delicadas, parecia sempre triste, zangada e infeliz. Sorriso amarelo, rosto cinzento, olhos de um azul opaco. Não havia brilho nem no olhar, nem no pensamento. A culpa não era dela. Sempre que via uma luz, agarrava-se a ela, segurava com toda a força que podia. Mas nunca houve luz o bastante que tirasse aquela sombra que a cobria. Tão magra, que nem suas antigas roupas de quando menor e mais leve pareciam servir. Nem Dostoyevsky, nem Nietzsche, nem Platão, Sófocles, nem Sócrates ou Heráclito a entendiam. Nem a fome, o sono ou a euforia pousavam sofre aquela face. Durante quase 4 longos meses, não sorria. Durante quase 9 meses, não dormia. Durante quase um ano, era completamente incompleta, infeliz e outros "ins" que só os condenados carregam.

Nem sempre fora triste, macilenta, zangada. Vivia em seu mundinho pequeno, com pessoas pequenas, sonhos menores ainda e apenas com desejos de criança. Montanhas de morango, sapatos que piscam quando andamos e muita purpurina. Pelo menos, era visivelmente feliz.

E as pessoas a deixaram, seu mundinho acabou e não sonhava mais, pois não dormia. E os desejos de criança cresceram, mas não amadureceram. Eram adolescentes mimados que se julgavam maduros e inteligentes o suficiente para dominar seus pensamentos, vontades e necessidades.

Parece ruim? Nem tanto. Acontece que por acaso do destino (ou não, simplesmente porque acasos não existem), surge uma luz. Uma luz maior que ela, que por ser tão clara, tão reluzente, não pode ficar ao lado de qualquer outra coisa ou ser. Ou a intimida, ou a ofusca. Por isso, era uma luz solitária.

E enquanto a magrela repleta de sombras, cinzenta de olhos frios e trajes largos buscava a luz, a luz de brilho imenso e olhos mais verdes que esmeraldas (sim, a luz é uma pessoa, quem diria!) procurava um pouquinho de sombra para tentar ser menos intensa... Luz demais cega. E os dois se trombaram. Sendo tão iguais, mas tão diferentes, podia a luz e a sombra ficarem distantes?
Não mais.

Não agora que um sabe a importância vital que ambos têm.

2 comentários:

Unknown disse...

Oiii meu amor.
Eu como já disse em outro lugar, fiquei simpismente sem palavras quando li esse seu post! Porém, como este post é para mim, precisava comentar! Com palavras não consigo nem descrever como me senti! a cada dia que passa, me impressiono e gosto cada vez mais de vc!
Obrigado por ter aparecido em minha vida.
"Se eu me perder, me mostre tudo aquilo que eu não posso ver"
Beijão de seu namorado que te admira muito.
Renê Rojas

Unknown disse...

Ahhh, e já ia me esquecendo: Eu te amo muito!