quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A morte, o medo e o Woody Allen


"Eu não tenho medo da morte. Só não quero estar lá quando isso acontecer."
Woody Allen

De fato, já pensei várias formas de morrer, de como morrer, do que acontece quando morremos, de pra que vivermos se vamos morrer, pra que morrer se já estamos vivendo.
E de fato², morte não é um assunto que me agrada.

Eu não lido bem com a perda, com a sensação de que naquele pedaço de carne denominado corpo, já houve vida, às vezes minutos atrás, e que agora, não é nada mais do que um pedaço de carne denominado corpo.

Desde pequena, moro perto de cemitério. E sempre presencio, querendo ou não, velórios e enterros... Chega a dar um nó nas vísceras quando passo o olho de relance (instinto de autopreservação) em um velório e vejo um caixão pequeno. É de uma criança (ou um anão, embora eu desacredite na teoria de que enterros de anões existem).

Ou quando há um grupo de jovens na frente "de lá" (vulgo cemitério). Alguém jovem morreu.

E o pior de tudo: quando o caixão está lacrado, sinal de que ou a pessoa morreu de uma doença infecto- contagiosa, ou sofreu algum acidente que deformou o corpo e/ou o rosto.
Com certeza, eu detesto cemitérios/enterros/caixão/morte/velórios.

Como toda pessoa considerada normal, quando preciso lidar com morte, sofro. Por alguns mais, por outros menos. Mas sofro assim mesmo.
Porém, quando percebo que a vida continua, que a tristeza não vai reverter a situação e que querendo ou não, preciso seguir em frente, acabo superarando.

Em diversas fés, credos e religiões, a morte é só uma passagem. É uma vírgula na história da existência daquele ser, que terá continuidade em outro corpo (denominação para o pedaço de carne, seja vivo, seja morto). Que alguns de nós carregamos resquícios de vidas passadas, doenças, karmas e até lembranças. Sou cética quanto a isso, mas respeito.

Acredito que desde sempre, desde que o mundo é mundo e que a primeira pessoa morreu, as pessoas passaram a temer a morte. O medo do desconhecido. De deixar tudo para trás, sem saber para onde ir. Deixar as pessoas que amamos, sem previsão para voltar a vê-las.

A morte é uma coisa simples que complica tudo.
E dá medo em gente grande. E dá medo em gente pequena. E dá medo em gente média.
Para uns, um sono. Pra outros, tragédia.

Ela vem, todos sabem. É a maior certeza do mundo, seguida da cobrança dos impostos. E infame anedota, fora o peru, ninguém morre de véspera.
Mas não esperamos, nos preparamos ou desejamos que ela venha (exceto os suicidas, mas isso é outro caso).

Espero apenas não estar lá quando eu morrer, assim como Woody Allen.

2 comentários:

Rafael Nunes disse...

Maravilhoso... concordo com tudo minha doce irma...

Elsa Villon disse...

Bobo você... demais... como é possível?