quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Porque tudo que é sólido se dissolve no ar

E do nada
A menina emudeceu
O cachorro se escondeu
O leite não ferveu
E o céu escureceu
E o homem bravo não se enfureceu


E pra nada
A menina escreveu
Não como você nem como eu
E o corredor não correu
E o difunto não morreu
E o bêbado não bebeu

E o que era azul ficou vermelho
E o vermelho ficou amarelo
E o que era amarelo virou espelho
E o espelho virou farelo

E o farelo virou chumbo
E o chumbo virou pena
Nisso tudo acabou o mundo
E a vida ficou amena

E a menina não falou
Não escreveu
Não andou
E não viveu

E tudo parou
E nada voltou
Quem leu até aqui, gostou
Azar de quem não leu

5 comentários:

* Mariana disse...

Suas sutilezas são incríveis.
Nada melhor do que saber usar as palavras... :)
Beijinhos

Ogami disse...

tadáaa!

Elsa Villon disse...

Tadáaa o quê?

Bruna Corrêa disse...

Profundo.

Estava inspirada nesse dia hein?! rsrs

Amanda Bruno disse...

Perdão pela intromissão, nem sei como achei seu blog maas tive que comentar, lindo esse poema. Me expira, um pouco, e me inspirou bastante.